No embalo do sucesso que Arnold Schwarzenegger fez nos anos 1980 como o “Exterminador do Futuro”, a distribuidora de “Total Recall”, título original da ficção científica estrelada pelo ator dez anos depois, não teve dúvidas (nem vergonha na cara) na hora de criar o título do filme em português: “O Vingador do Futuro”.
O filme de 1990 dirigido por Paul Verhoeven animou tardes de gerações que hoje lembram dele como um dos grandes filmes da época. Essa nostalgia, porém, acaba prejudicando “O Vingador do Futuro”, refilmagem dirigida por Len Wiseman (“Anjos da Noite”) e estrelada pelo irlandês Colin Farrell, que estreia sexta-feira no Estado.
Adaptado do conto “We Can Remember It for You Wholesale”, do famoso escritor norte-americano Philip K. Dick, o novo filme passa-se em um futuro próximo e conta a história de Douglas Quaid, um trabalhador comum, cujos sonhos da juventude nunca se realizaram, mas que é casado com uma bela mulher (Kate Beckinsale, esposa do diretor) e tem um emprego estável. Incomodado com a rotina, Quaid faz uma visita à Rekall, uma empresa capaz de implantar memórias.
O filme, é claro, é recheado de efeitos especiais
Quando o procedimento de Quaid tem início, um grupo de soldados fortemente armados invade o local para prendê-lo. Agindo por instinto, ele abate todos os seus inimigos e inicia uma fuga frenética sem poder confiar em ninguém ou na própria memória.
Enquanto o filme de 1990 levava a ação para Marte, a história aqui se passa em uma Terra comandada pela força militar da grande Federação Britânica, que mantém suas colônias devidamente controladas em um cenário muito mais realista e atual do que o original, que abusava da estética carnavalesca da época.
Aqui, as cenas de ação que dominam toda a projeção são ótimas – bem filmadas e empolgantes. No entanto, elas acabam perdendo força simplesmente por colocar robôs para protagonizá-las, decisão que só serve para baixar a censura de um filme que deveria ser violento.
Schwarzenegger na versão de 1990. Nostalgia pode prejudicar filme de 2012
Com a mesma estrutura do filme original, o roteiro até faz um bom trabalho ao obrigar o espectador a se questionar. Além disso, mesmo que não seja um grande ator, Farrell ainda é mais capaz do que Schwarzenegger. Kate Beckinsale, Jessica Biel e Bryan Cranston também não fazem feio quando são requisitados.
A "mulher do diretor" Kate Beckinsale não compromete em cena.
O que mais prejudica “O Vingador do Futuro” é a nostalgia que cerca o filme original e que, hoje, não resiste a uma análise mais crítica. A refilmagem peca, sim, por ser correta demais, justamente nos momentos em que deveria apresentar algo diferente, mas nem por isso é terrível como boa parte da crítica vem afirmando.
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