Sandro Bahiense é
professor, bibliotecário e amante das coisas que envolvam escrita. Lançou em
2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e de mais 7 colegas poetas, a coletânia
de poesias "8 Vezes Poeta", trabalho em que pôde expor um pouco de seus
sentimentos e arte. Ficou conhecido entre os colegas da UFES por fazer uma
crônica para cada um deles. Além de crônica e poesia, Sandro também escreve
artigos de opinião, contos e máximas. Tais trabalhos podem ser vistos em seu
próprio blog cujo endereço é http://sandrobahiense.blogspot.com/.
Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira,
abaixo, a crônica intitulada "A culpa é de quem?":
A CULPA É DE QUEM?
"Percebeu como a Rede Globo manipula a
população?"
"A religião (ou futebol) é o ópio do
povo!"
"Também, passamos o tempo todo vendo
novela."
"Essa música do Michel Teló so emburrece nossa
juventude"
"Todo político é ladrão, por isso que o povo
vota em qualquer um"
"Porque os funkeiros não usam a porra do fone
nos ônibus?"*
Quantas vezes você já ouviu, leu ou falou estas
frases? A culpa dos brasileiros serem assim é de quem? Da Rede Globo? De suas
novelas? Do futebol? Do funk que aliena as pessoas? Do Michel Teló e seu
"Ai Se Eu Te Pego"? Ou, não podia faltar, da religião? Afinal, a
culpa é de quem?
Respondo-lhes: De nenhum deles! A culpa é da falta
de educação, cultura e senso crítico! Explica-se:
Uma população culta, escolarizada e com grande
capacidade de senso crítico estaria totalmente vacinada contra qualquer tipo de
domínio: Seja ele oriundo da religião, cultura ou força militar. Então, quando
alguém vier com o papinho que "a Rede Globo manipula a população com, dentre
outros programas, novelas" responda que, se o povo fosse um pouco mais
culto, ligaria-se, por exemplo, mais em literatura e menos em programas
meramente de entretenimento que força em quase nada sua capacidade de
pensar.
O mesmíssimo argumento vale para o funk, Michel
Teló, axés e afins. Zero de preocupação em aprender algo, o lance é só fazer
uma coreografia pré-estabelecida pelo cantor. Uma população mais esclarecida,
no mínimo, sentiria falta de algo mais elaborado que nos fizesse pensar um
pouco sobre a vida e as coisas que nos cercam. E será que ouvir música alta nos
ônibus não é reflexo da falta de bom senso e civilidade que, além das famílias,
é aprendido nas escolas?
Política, futebol e religião, os três grandes
vertices polêmicos, andam lado a lado na ignorância popular. Nem "todo
pastor e político são ladrões" como anti religiosos e anti políticos tanto
vociferam é verdade. Mas se temos (alguns bem poucos) pastores e políticos
ladrões, isso se dá, principalmente, porque seus seguidores, de parca cultura,
acreditam piamente em seus argumentos, muitas vezes, igualmente parcos. E o
futebol? Brigas de torcida, por exemplo, reflexo de falta de cultura. Ou
você acha que um cara culto, com objetivos na vida, vai perder tempo se
estapeando com outro marmanjo na rua? (Mesmo que seja com um argentino chato).
Então, porque em países civilizados temos todas
essas coisas?
Também temos novelas, futebol, igrejas, big
brother, jovens ouvindo música alta nos metrôs (menos do que aqui, mas tem!) em
países desenvolvidos. E o Michel Teló é número um na Europa! E agora? Pois é,
estes dados só servem para ratificar tudo que escrevi.
É totalmente possível termos todas essas coisas
citadas neste artigo, afinal não são elas que são maléficas ao povo. Repito e
repito quantas vezes precisar: O mal da sociedade é a falta de cultura, é a
falta de educação e a falta de senso cívico, crítico, e social e é a falta de
civilidade. As coisas são mais simples do que parecem.
Vamos construir mais escolas, remunerar melhor
nossos professores e educarmos melhor nossos filhos, por favor! Cansei de ler
que " a religião é o ópio do povo" no Facebook.
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