Lucimar Simon nasceu em Linhares – ES em 1977. Suas
influências são diversas perpassando por autores de Clássicos da Literatura
Brasileira e Estrangeira. Busca ler e acompanhar a Literatura Contemporânea bem
como os ditos “poetas marginais”. Seus textos compõem uma escrita simples
dedicada a fatos cotidianos, memórias, experiências acadêmicas e sua vida
pessoal, e podem ser conferidos em Antologias e Coleções Poéticas da Câmara
Brasileira de Jovens Escritores em: “Novos Talentos do Conto Brasileiro”,
“Contos de Outono”, “Livro de Ouro do Conto Brasileiro”(2009) e “Antologia de
Poetas Brasileiros Contemporâneos Nº 54”, todos publicados em 2009.
Lucimar Simon é Graduado em História pela UFES. Pós Graduado em História e
Literatura – Texto e Contexto pela UFES. Confira, abaixo, o conto “Amor, infiel
amor”:
AMOR,
INFIEL AMOR
Ah! Até quando iria eu agüentar o ritmo da
cidade grande? Neste feriado quero descansar, curtir o ar puro da fazenda,
olhar o capim verde das pastagens, tomar um leite morno nas manhãs calmas do
campo, onde os animais dão o sinal de um lindo amanhecer. Sentir em meu cabelo
o vento matinal e em meu corpo o arrepio frio da manhã.
Preparamos tudo, Luzia e eu, viajamos no sábado
pela manhã, Cláudio subiria as montanhas á tarde após o trabalho, tudo prometia
um ótimo fim de semana. Meus pais estavam esperando, afinal já se fazia seis
meses desde nossa última visita a fazenda. A saída da cidade foi demorada logo
cedo o transito já nos espremia por ruas estreitas e ônibus do transporte
coletivo lotados, muitas pessoas ainda indo e vindo de um lado para outro em suas
funções e obrigações diárias as quais não eram aliviadas nos belos sábados de
verão urbano.
Fora do centro o trânsito fluía normal, isso era
uma grande vantagem chegaríamos por volta das 09:00 horas da manhã a fazenda,
visto que o trajeto levaria cerca de 01:20h, considerando que saímos de casa as
07:40 horas, não se espante, mulher fazendo contas, sou contadora de uma
empresa de importação e exportação.
Meus pais estavam muito felizes com a nossa
chegada, o filho do caseiro logo recebeu Luiza e a levou para a direção do
curral, uma vaca teria uma nova cria. Tudo era um ar de muita alegria,
instalada, já com as coisas no quarto, da janela de um andar superior observava
Luiza, correndo pelo campo em companhia de Jorge o filho do caseiro, era muita
felicidade para apenas seus 09 anos de idade.
Não demorou muito veio á tarde, enfim á noite,
Cláudio chegou. Atrasou um pouco na saída da cidade como sempre nem precisou
reforçar que foi o trânsito. Após os preparativos, hora do jantar, uma
maravilha. Após o belo jantar passamos a outra sala, conversando com mamãe
contava a ela o que estava acontecendo na minha vida, os problemas com o
casamento, e minha vida dupla na cidade.
Subir ao quarto. Passando no corredor dei uma
olhada em Luiza que já dormia no quarto ao lado tranqüilamente. Dando mais
alguns passos entrei em meu quarto estava cansada pretendia dormir, ter uma boa
noite de sono, coisa que já não fazia parte da minha vida a um bom tempo. A
cama estava confortável e aconchegante, a janela estava encostada e entre
aberta, não dei muita atenção o sono chegava muito rápido, e me dominava
intensamente, mal conseguia ver o facho de luz do abajur...
O vento soprou um pouco mais forte e a janela na
sua fragilidade se abriu para o invasor que chegou até aos pés da minha cama e
de leve tocou a minha face. Sentir um frio, não me movia, era frio, mas, muito
envolvente, saliente, carinhoso e estava a me fazer algo que eu não sentia á
muito tempo. Ele não precisou se esforçar muito e me levantei da cama, ficando
em meio ao quarto sem movimentos corporais.
Vestia uma camisola preta que fazia um movimento
circular de sobe e desce, deixando um ar de sensualidade no quarto, isso
agradava o amante, amante sim, naquele momento era o que ele significava para
mim, amante, um excelente amante que com pequenos passos me arrastava para a
janela, sentia ele tocando meu corpo, minhas partes intimas, eram toques
sensíveis, arrepiantes, delírios tomavam conta dos meus pensamentos.
Que a noite não se acabe, que a lua não se vá, e
não dê lugar ao sol, pois o sol por melhor amante que seja não é tão
apaixonante, envolvente, nem o padeiro, o advogado, o feirante, o leiteiro não
se iguala a ele.
Com voz ardente eu pedia: ama me, devora me
amante infiel, quantas mulheres a ti se entregaram apenas esta noite, e você
assim intacto, vem me tocar como um virgem, virgem de sexo, mas, não de
conhecimento na arte do amor...
Sim! Não posso negar, sou uma pessoa apaixonada
pela vida, gosto de viver perigosamente, tenho diversas relações alheias, não
sou feliz em meu casamento que mantenho apenas pela minha filha... Luiza, mas
enquanto o momento de liberdade judicial não chega eu me liberto da maneira
mais simples que se pode libertar uma mulher... sonhos...
São em meus sonhos que realizo todas minhas
fantasias, tudo que não possuo na minha realidade monstruosa busco construir em
meus delírios noturnos, e neles me completo, sou mulher sou única, sou amante
dos amantes mais adoráveis para uma mulher que vive uma realidade sombria, mas,
se refugia em um mundo de sonhos e desejos nas longas noites de verão.
Boa noite! Bons sonhos!
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