sábado, 7 de janeiro de 2012

CINEMA NACIONAL 5: "LAVOURA ARCAICA"


“Lavoura Arcaica“ é um filme brasileiro de 2001, do gênero drama, dirigido por Luiz Fernando Carvalho. O roteiro é baseado no romance homônimo de Raduan Nassar, publicado em 1975. A obra é estrelada por Raul Cortez, Selton Mello, Juliana Carneiro da Cunha e Leonardo Medeiros.

“Lavoura Arcaica” narra em primeira pessoa a história de André (Selton Mello), que se rebela contra as tradições agrárias e patriarcais impostas por seu pai e foge para a cidade, onde espera encontrar uma vida diferente da que vivia na fazenda de sua família. Quando é encontrado em uma pensão suja em um vilarejo por seu irmão Pedro (Leonardo Medeiros), passa a contar-lhe, de forma amarga, as razões de sua fuga e do conflito contra os valores paternos.

Sem ordem cronológica, André faz uma jornada sensível a sua infância, contrapondo os carinhos maternos e os ensinamentos quase punitivos do pai. Este valoriza acima de tudo o tempo, a paciência, a família e a terra, fiado na doutrina cristã. Mas André não aceita esses valores. Ele tem pressa, quer ser o profeta de sua própria história e viver com intensidade incompatível com a lentidão do crescimento das plantas.

Nesse trajeto, a paixão incestuosa por sua irmã Ana, e sua rejeição, exercem papel fundamental na decisão de fugir da casa da família. A mãe desesperada manda o primogênito Pedro buscá-lo para tentar reconstruir a paz familiar. Trazido de volta para a fazenda, André é recebido por seu pai em uma longa conversa e uma festa que, ao invés de resolverem o conflito, evidenciam a distância intransponível entre as gerações. Por essa razão, a história é muitas vezes descrita como uma versão invertida da parábola do filho pródigo.

A obra de Luiz Fernando é minuciosa, tem uma linguagem difícil e rebuscada, os contrastes, as imagens turvas, o traço barroco são constantes em “Lavoura Arcaica”. O filme é provocante e exuberante, ultrapassa o tempo, o espaço e a cultura, é um retrato sobre o humano envolvendo o trágico e o lírico conforme muito bem expresso na critica de André Parente e Liliane Heynemann intitulada “Lavoura Arcaica, o cinema e o tempo não-reconciliado”: “São dois tempos irreconciliáveis: o tempo trágico, e o tempo lírico, o tempo trágico em que o intolerável domina e leva o personagem à cólera e à perda de si mesmo típica do herói trágico, e o tempo lírico no qual a volúpia amorosa domina e o mundo é pura germinação de sensações.”

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