sábado, 4 de fevereiro de 2012

"LICENÇA CRÔNICA": CARLOS ALEXANDRE DA SILVA ROCHA

Carlos Alexandre da Silva Rocha nasceu em Vitória-ES em 1988. Escreve desde os treze anos de idade e tem como influências Drummond e os escritores simbolistas. Em 2008, lançou, pela Lei Rubem Braga, o livro de poemas “Um homem na sombra”, que aparentemente se coloca aos olhos do leitor como algo simples. Entretanto, como o livro versa sobre as angústias humanas, ele torna-se não tão fácil de ser encarado. Carlos Alexandre é formado em Letras-Português pela UFES e escreve no Blog Pierrô crônico (www.pierrocronico.blogspot.com). Confira, abaixo, a crônica “Fugere realitas”:


Fugere realitas

Olá cambada, a vida anda ingrata, mas continuo a manter-me aqui frente a ti, pois o teu desprezo é que me mantém vivo... Após uma semana exaustiva, sempre à procura do inalcançável, do inaudito (em outras palavras: procurando trabalho), estou tentando fugir da realidade, ou aceitar a merda que é a vida. Isso é claro, após cruzar alguns municípios, numa pequena viagem de três horas e meia, cheguei à conclusão de que estou inapto para viver neste mundo (Keplerianos me resgatem, HELP me. Atualmente acho que até os extraterrestres falam inglês. Afinal, é a língua do imperialismo!). Por isso estou pensando em formas de fugir da realidade, por ver que o mundo é cão (desculpem-me os seres caninos).

Uma forma de fugir da realidade provável e indicada para senhoras recalcadas é assistir novelas, açúcar romântico de maldades esdrúxulas dos vilões e bondade exacerbada da mocinha estúpida, fins redondos, personagens redondos, deixando a própria senhora redonda. No fim tudo acaba bem para todos os personagens, um engano para as cabeças vazias que pensam que a vida é uma novela (êta passividade louca!). Após ver que tua vida é vazia devido ao excesso de novelas (romantismo demais às vezes mata os neurônios), se quiser gastar um pouco de dinheiro, vá ao psicólogo, deite no divã e conte a tua infância, mas no fim tu terás que pôr a mãe no meio, o que dá uma encrenca desgraçada...

- Fale-me de sua infância?

- Ah! Eu comia muito doce!

- O doce era uma forma de você desviar os sentimentos reprimidos de ódio que sentia pelo seu pai, quando ele ia realizar um coito com a tua mãe... Meu caro, isso é apenas um complexo de Édipo. Passe na minha secretária gostosa e pague a hora, somente duzentos reais, que eu vou comê-la quando sair daqui com o dinheiro de um otário (no final tudo é culpa de Édipo, também quem mandou comer a mãe! E o pior, é tu que pagas o pato).

Uma boa forma de fugir da realidade é a musica, mas atualmente ela está muito universitária (antigamente costumava ser Phd). Vá entender o porquê de as pessoas escutarem Teló’s e outros dejetos fecais que adentram no cenário musical (se é delícia, como ela pode matar? Já viu veneno ser gostoso? Mata só se for de tédio). Salvem-nos, Beatles amados! Afaste-nos de “Créu” e de Michel Teló, agora e sempre. Amém.



Nenhum comentário:

Postar um comentário