Um filme que promete ser um deleite aos fãs de cinema, afinal Mary Poppins e Walt Disney são dois ícones da sétima arte. Mas como seria um filme em que a autora do famoso romance é praticamente inimiga do dono do Império Disney? Soa curioso não é? Confira nossas impressões acerca de 'Walt, Nos Bastidores de Mary Poppins'.
Por Sandro Bahiense
Festa para os desavisados
Quem não conhece a estória de Walt Disney e de P.L.Travells com certeza se divertirá bastante com 'Walt...'
'Walt, Nos Bastidores de Mary Poppins' é o típico filme feito para quem não conhece a estória de seus principais personagens. Ou que, no máximo, só ouviu falar de seus nomes. Se você não conhece as vidas de Walt Disney e de P.L.Travells (autora do livro 'Mary Poppins') à fundo, eu garanto, o filme será uma diversão!
Isso porque muitos críticos apontaram a pouca profundidade a qual a vida dos dois personagens principais do filme foram descritas, como falha. Eu dou meu salvo conduto. À rigor, o filme foi feito para a maioria, e a maioria, convenhamos, não conhece a estória da vida do Disney e de Travells então, menos ainda.
A trama
Durante 20 anos, Walt Disney (Tom Hanks) tentou adquirir os direitos de Mary Poppins da escritora australiana P.L. Travers (Emma Thompson), que sempre se recusou a vendê-los para que Disney fizesse "um de seus desenhos bobos". Entretanto, a crise financeira faz com que ela tenha que negociar.
Desta forma, Travers viaja até os Estados Unidos e passa a trabalhar juntamente com a equipe escolhida por Walt Disney para que Mary Poppins possa chegar às telas. Minuciosa e com muita má vontade, ela começa a encontrar problemas de todo o tipo. Como o contrato lhe dá o direito de cancelar a cessão dos direitos caso não concorde com a adaptação, Disney e sua equipe precisam aceitar seus caprichos para que o filme, enfim, saia do papel.
O Walt não fica nos bastidores!!!
Bem... Esqueçam o título. Algo como Travells X Disney seria mais legal (o título em inglês é bem diferente do em português - só para variar...). A participação de Walt é meramente na negociação pré produção do filme e sua participação ativa acaba ali. No mais o "pai" de Mickey Mouse é retratado como uma figura legal, quase bonachona, o que sabemos que ele não era de verdade. Mas não importa, pelo menos não para esse filme.
P. L. Travells, a autora, é tratada como uma chata perfeccionista e intransigente, mas, segundo dizem, a dama era pior do que isso. Mas isso também não importa. Os dois personagens, logo, estão no "ponto certo" para o que o filme quer.
A crítica
Isso posto, podemos criticar o que foi posto em tela. O filme não é uma comédia, não é um drama, não é um documentário e nem um musical. O filme não tem nada disso e tudo disso ao mesmo tempo. Isso porque a trama flutua o tempo todo. No início a coisa beira o engraçado, lá pelo meio fica dramático e pelo fim torna-se quase documental. Isso é ruim? Talvez um pouco, mas garanto que o público passará por essa oscilação sem grandes chateações.
Os diálogos entre Travells e os produtores e roteiristas do filme rendem grandes momentos que vão do cômico ao sentimento mais reflexivo. Os produtores de 'Walt...' optaram por trazer imediatamente após as discussões quanto a estética do filme, cenas da película real, para nos situarmos. Mais uma vez: Ruim pra quem conhece a estória do Disney e da Travells, mas ótimo pra quem não conhece. Em suma: Todo mundo fica por dentro de tudo, então... Tá valendo.
Preso em um personagem em que pouco pôde trabalhar, Tom Hanks se contém em fazer o sujeito firme, mas bonzinho. Então coube a Emma Thompson a grande atuação do filme. Firme, chata, mas incrivelmente carismática, Thompson compôs uma personagem dura, mas não mecânica. Grande atuação.
O filme
O filme é bom, tem uma boa estória, mas conta com a atual mania dos hollywoodianos: Filmes loooongos. 125 minutos que poderiam ter tido uns 30 suprimidos. Fora isso 'Walt...' é uma oportunidade muito legal de conhecermos a vida de um dos mestres do entretenimento mundial e de uma escritora fabulosa e ainda nos divertirmos. Vale a grana.
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