Reunindo
o conjunto de 32 poemas (mais um projeto de trabalho não concretizado) e
seis textos em prosa de um dos mais inventivos criadores da poesia
brasileira do século XX, a próxima exposição do Museu de Arte do
Espírito Santo
Dionísio Del Santo (Maes) resgata a trajetória de Ronaldo Azeredo, um
dos integrantes do movimento da poesia concreta no Brasil.
Sob
a curadoria de Marli Siqueira Leite, a mostra "Ronaldo Azeredo: O
Mínimo Múltiplo (in)Comum - Uma Trajetória Poética" foi aberta no dia 21
de janeiro. A montagem chega ao Maes, após uma temporada de grande
sucesso na Casa das Rosas, na capital paulista, entre os meses de junho e
agosto de 2013. A instituição, administrada pela Poiesis, é vinculada à
Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
Com
produção de Aparecida Torrecillas e organização e projeto visual da
JUUZ Design, a exposição pretende recuperar a trajetória poética do
carioca/paulista Ronaldo Azeredo, desde o primeiro poema "ro" (produzido
em 1954, quando o autor tinha apenas 17 anos) ao livro "Lá bis os
dois", de 2002 - seu último trabalho publicado. Por meio da mostra, o
público poderá conhecer o caminho da poesia escrita até sua hibridização
com as artes visuais.
Trajetória
Ronaldo
Pinto de Azeredo (foto ao lado) nasceu no dia 12 de fevereiro de 1937,
no Rio de Janeiro, e faleceu em 14 de novembro de 2006, em São Paulo.
Fixou-se na capital paulista na década de 1950, juntando-se ao grupo
Noigandres, ao lado de Décio Pignatari, Haroldo de Campos e do então
futuro cunhado Augusto de Campos. No final dos anos 1960, aproximou-se
do artista (e seu vizinho no Cambuci) Alfredo Volpi, que o estimulou
enormemente, levando-o a testar os limites entre a poesia e as artes
visuais.
O
autor chegou à vida de Marli Siqueira Leite de forma inusitada. Durante
uma atividade na escola, a professora trabalhou com sua turma o poema
"velocidade". Ao final da aula, um dos seus alunos revelou que o autor
do poema era seu avô. E emendou: "Quer conhecê-lo?". A partir do
convite, o encontro se deu e, então, firmou-se uma relação de amizade
entre ambos.
Marli
é autora de uma dissertação do mestrado em Estudos Literários, pela
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), sobre Ronaldo Azeredo -
único estudo acerca da obra do poeta até o momento.
Mostra paralela
Paralelamente,
o Maes recebe a exposição "Intersecções", que apresenta obras de Caê
Guimarães, Douglas Salomão e Lúcio Manga. Seus trabalhos fazem parte de
uma produção poética que tem se mostrado forte no Espírito Santo,
presença constante em exibições culturais, espaços alternativos de
teatro, música e literatura, meios virtuais e os tradicionais veículos
impressos, como jornais e revistas.
São
poetas com um sólido trabalho, atuando na área literária há anos, cada
um com seu percurso, sua história, dialogando letras com formas, com
intercalações, com jogos de espaço. Ao lado deles, obras que se
assemelham à arte concreta, concebidas pelo artista plástico Dionísio
Del Santo, com suas linhas, pausas, figuras. Há, nesse encontro, um
diálogo silencioso, entre imagens e letras, linhas, cores e formas. Há
intersecções.
Na
ocasião, será realizada também mais uma edição do projeto "Maes em
Letras", exposição de livros da biblioteca especializada em artes
visuais, do museu, com exibição de obras literárias que se relacionam
com as mostras em cartaz.
Serviço:
"Ronaldo Azeredo: O mínimo múltiplo (in)comum - Uma trajetória poética"
Local: Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes)
Avenida Jerônimo Monteiro, 631, Centro, Vitória
Visitação: de terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. Até 23 de março.
Informações: (27) 3132-8393 / museudeartes.wordpress.com
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