Brigas pela TV e internet, batalha judicial, disse me disse e, principalmente, muito desrespeito à memória de um gênio. O que virou a Legião Urbana? Confira uma crônica a respeito da disputa pelo espólio da maior banda de rock do país.
Por Sandro Bahiense
Até tu, meu filho?
Memória de Renato Russo é jogada no lixo por seu próprio filho
Desde a morte do gênio Renato Russo que a Legião Urbana não lança coisas novas. Isso porque o espólio (os trabalhos não divulgados) da banda estavam reservados ao próprio Renato que, falecido, seria representado por seu filho adotivo Giuliano. Como era menor, esperou-se que o rapaz completasse 21 anos para liberar os trabalhos.
Giuliano enveredou-se pela área artística musical antes mesmo de completar a idade necessária, transformando-se em produtor musical. O que deveria ser um ingrediente a mais pró Legião se virou contra a história da banda.
Isso porque o rapaz se valeu do fato de ser dono da marca da banda para impor suas vontades: Financeiro, comercial e, principalmente, artisticamente. Ou seja, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá seriam relegados a coadjuvantes dos coadjuvantes nos trabalhos inéditos do grupo.
É óbvio que a dupla não quis, uma vez que o ideal era que, no mínimo, a decisão sobre o trabalho da banda fosse dividida por três (só o fato de Giuliano agir como se fosse o próprio Renato já me causa arrepios). Mas o cenário é ainda pior. Não só o fedelho quer agir como se Renato Russo fosse, mas sim como se fosse a própria Legião Urbana como um todo.
Como não conseguiu, Giuliano tenta massacrar os outros dois integrantes da Legião induzindo que os dois tiveram pouca relevância no grupo. O ápice de tal intuito foi a tomada (sim, tomada!) do site oficial da banda, onde Dado e Bonfá dividem espaço com Ico Ouro Preto, André Pretorius e Renato Rocha em descrições sucintas e wikipedianas.
O que dói em cada fã da Legião Urbana é que definitivamente esse nunca foi o desejo de Renato Russo. O poeta sempre considerou, e muito, ao seus dois parceiros de grupo, e sempre dividiu com a dupla as decisões artísticas, financeiras e comerciais da banda. O que Giuliano está fazendo é uma grande afronta à memória de seu pai, jogando na lama uma parceria tão bonita por causa de mesquinharia e arrogância.
Carta ao Deus do rock
O que eu peço ao Deus do rock é que Ele ilumine a maldita cabeça desse fedelho fdp e que ele volte atrás em tudo o que tem feito. Que ele estude a história de seu pai, que ele perceba que seu pai era um gênio nos palcos e um gentleman na vida. Que ele entenda que o Júnior nunca foi um ser ambicioso, que dinheiro nunca foi seu objetivo e que a arte sempre foi e será o mais importante.
Espero que esse pirralho não exponha a imagem de seu pai em eventos ou filmes toscos, parciais e que só o colocam em ridículo. Que ele não se aproveite do fato de que seu pai tem fãs órfãos, carentes, que compram qualquer coisa relacionada a ele. Que ele não seja tão vil e frio.
E que Você, Deus, dê força a Dado e Bonfá. Que eles lutem muito pela memória da Legião, que eles lutem por seus fãs e que, por mais triste que pareça, que eles lutem pela memória de Renato, destroçada por seu próprio filho.
Mas não quero entender o Giuliano como um demônio e sim como um anjo caído da terra da coerência. Então rezo por seu restabelecimento e por uma mudança. Queremos união e não guerra. Não há inimigos. Há equívocos.
"E só porque eu tenho não pense que é de mim que você vai ter e conseguir o que não tem" Giuliano, já dizia o sábio que um dia pressentiu o futuro, eu rezo pelas voltas da terra e pelo seu envelhecimento físico e moral e que a inteligência o toque e a sensibilidade o toma. Eu acredito e por isso eu oro.
O Deus do rock não há de me faltar. Eu não quero nem pensar em nunca mais ouvir algo novo da minha Legião. Eu não quero nem pensar. Eu tenho fé. Eu espero por você, Deus. Cuide do Júnior, cuide do Russo, cuide dos caras, cuide da porra do Giuliano e cuide de nós fãs. Eu tenho fé.
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