Seis anos. Este foi o tempo que os mineiros do Skank ficaram sem gravar um álbum de inéditas. Mas agora eles estão de volta com 'Velocia'. E aí o CD é bom? Eles voltaram com a mesma forma? Melhores? Piores? Confira essa e outras respostas na crítica do Outros 300.
Por Sandro Bahiense
Melhores a cada ano
Maturidade faz bem a banda. 'Velocia' é excelente!
Quarenta minutos no Maracanã da música, o time parece cansado, sem capacidade para improvisar ou inovar. O técnico decide: "Sai Chico Amaral e entra Nando Reis". A equipe sente a troca, melhora, e parte para a vitória.
Nada melhor do que uma estória/metáfora futebolística para ilustrar esse novo momento do Skank, banda mineira conhecida pelas músicas que versam sobre futebol, bebida, e mulheres, mas que, principalmente, é conhecida por ser uma banda de músicas muito boas.
Em seu novo trabalho, a parceria com Nando Reis é mais evidente, afinal as músicas do ex Titãs compõem mais da metade do álbum. Nando "toma" o espaço de Chico Amaral, antes parceiro contumaz de Samuel Rosa. Isso demonstra uma vontade do grupo em deixar pra trás o passado, digamos, mais singelo, para apresentar um novo disco mais pesado e reflexivo.
Não que as parcerias com Reis já não fossem presentes, mas agora a dupla com Samuel para ter chegado a seu ápice criativo. Donos de músicas tão boas, e em grande quantidade, prevejo que tenha sido impossível não tê-las selecionadas em sua maioria em 'Velocia'.
O álbum e, de fato, maduro e reflexivo. O futebol, a bebida e as mulheres ainda estão presentes, mas perdem o protagonismo e são apenas partes de algo maior. Tanto que 'Alexia' reúne esses três itens (Hendrix, Elvis, Messi e hoje / Brilha nova estrela dessa galáxia...), mas vai além, tendo uma visão mais ampla de, olha só, um gol. Se você não for tão atento nem perceberá que este é o cenário principal. Percebam aí a grande diferença: Em 'É uma partida de futebol' tudo era evidente, escancarado. Já em 'Alexia', de mesmíssima temática, o mesmo assunto é subentendido.
'Multidão' faixa 2, dá espaço a um Skank atualizado no que ocorre no país, ao versar sobre os conflitos e protestos ocorridos no Brasil no ano passado e em 2014. O interessante é que a letra tenta explicar os porquês, da motivação, do que levou à indignação da população. Se a letra é ótima, a melodia eletrônica é, por assim dizer, irritante e constante. Uma pena, pois tal letra merecia uma canção melhor.
'Multidão' foi uma parceria com B Negão, já um outro rapper, Emicida, aparece com "Presença". Ele assina com Rosa também a boa "Tudo isso" e a não tão boa "Rio Beautiful". Essa última tem, de novo, arranjo eletrônico fofinho-chato e só melhora no belo refrão.
O disco serve para reforçar a parceria da banda com Nando Reis, mas também apresenta novos reforços. Lucas Silveira, do Fresno, "Do mesmo jeito" é do naipe (de metais) de "Saideira". "Périplo", outra com letra de Nando Reis, também vai pelo pop rock dançante, no estilão "Vou deixar" de ser.
Tal qual o disco anterior do Skank, que tinha Negra Li em "Ainda gosto dela", o Skank bota uma voz feminina para trazer um pouco de doçura ao disco. A escolhida é Lia Paris. A paulistana de 28 anos colabora em uma das canções mais sem sal do disco, "Aniversário". "Esquecimento", balada indicada aos que curtem "Resposta", é infinitamente melhor e, talvez, a melhor do disco.
Apesar de parecer fugir da época menos complexa de sua carreira, coube a Dudu Marote, associado ao período mais pop do Skank, voltar a produzir a banda.
O álbum é ótimo, eclético, e preocupado em ser bom. O Skank, tal qual um bom vinho, melhora a cada ano. 'Velocia' é uma indicação positiva do Outros 300.
Ouça 'Velocia'
Sou fã do SKANK desde sempre rsrsr Gostei muito do novo álbum e acho que a melodia e os arranjos da faixa "Multidão" ficaram ótimos. Achei feio o nome "Rio beatiful" mas a música é linda. Ela não fica boa apenas no refrão como estão dizendo, ela é toda boa.
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