Salman Rushdie lança livro de memórias no qual relembra seus 13 anos de clandestinidade
O escritor foi ameaçado de morte após a publicação de 'Versos Satânicos'
Autor do controverso romance "Versos Satânicos" (1988), Salman Rushdie lançou na última terça-feira (18) sua autobiografia, intitulada "Joseph Anton: Memórias". Com tradução de José Rubens Siqueira e Donaldson M. Garschagen, a obra chega às livrarias brasileiras nesta sexta-feira (21), pela editora Companhia das Letras. No livro, o escritor indiano, naturalizado inglês, narra os 13 anos em que foi forçado a viver na clandestinidade após ser ameaçado de morte.
A história começa em 14 de fevereiro de 1989, quando o escritor recebeu um telefonema que mudaria sua vida, com a notícia de que o aiatolá Khomeini, líder supremo do Irã à época, emitiu uma fatwa (ordem religiosa) decretando sua sentença de morte. A publicação de "Versos Satânicos" foi o que motivou sua "condenação", uma vez que a obra foi acusada de ser contrária ao Islã, ao profeta Maomé e ao Corão (livro sagrado dos muçulmanos).
O título de seu livro de memórias, "Joseph Anton", foi o pseudônimo utilizado pelo escritor durante os anos em que viveu na clandestinidade, quando uniu os primeiros nomes de dois de seus autores preferidos, Joseph Conrad e Anton Tchekov. Naquele período, Rushdie mudava-se de uma casa para outra, com uma escolta policial que o acompanhava 24 horas por dia.
Em 1998, o Irã garantiu que a fatwa não seria aplicada, mas somente em 2002, quando o serviço secreto britânico considerou que o nível de ameaça contra o escritor havia diminuído, ele reconquistou sua vida normal, podendo circular sem carros blindados nem seguranças armados.
Em entrevista recente à BBC, Rushdie, de 65 anos, afirmou ser "difícil hoje publicar um livro crítico sobre o Islã", fazendo referência aos violentos protestos contra o filme norte-americano "A Inocência dos Muçulmanos".
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