'Ted' traz um ursinho de pelúcia nada 'fofinho'
Filme marca a estreia de Seth MacFarlane com atores de carne e osso
Johnny era uma criança solitária, daquelas que sofriam bullying até dos mais sacaneados. Sem amigos, ele encontrou no urso de pelúcia Ted um companheiro ideal para sua infância. Certa noite, antes de pegar no sono, ele imagina como seria se seu fiel companheiro pudesse falar e faz tal pedido. No dia seguinte, ao acordar, não encontra seu urso na cama e descobre que seu pedido se realizou. A partir daquele momento, Ted tinha vida própria. Ou quase isso.
Após a realização do desejo, o filme ganha uma passagem de tempo que mostra como o urso se torna uma celebridade instantânea, se envolveu em confusões e foi preso antes de acabar no ostracismo e passar a viver normalmente ao lado de John (Mark Wahlberg), que, aos 35 anos, ainda vive como um adolescente. Eles passam os dias fumando maconha e assistindo à TV.
O problema é que Lori (Mila Kunis), a profissionalmente bem-resolvida namorada de rapaz, apesar de se divertir horrores ao lado dele, quer que ele amadureça. Afinal não dá mais para se abraçar a um urso de pelúcia – mesmo a um vivo – cada vez que ouve um trovão.
''Ted'', que estreia sexta-feira no Estado, é a primeira experiência de Seth MacFarlane como diretor fora do mundo das animações para TV. Criador das bem sucedidas comédias ''Uma Família da Pesada'' (foto abaixo), ''American Dad'' e ''Cleveland Show'', MacFarlane, além de dirigir o filme, também empresta sua voz ao protagonista, da mesma maneira que faz com todas suas outras criações. São dele, por exemplo, as vozes de Peter, Brian e Stewie em ''Uma Família da Pesada'', e de Stan e Roger, em ''American Dad''.
Mistura de gêneros
O filme pega emprestado muitas referências das já citadas séries, mas não se prende a suas fórmulas. Misturando o característico humor ácido e escrachado de MacFarlane às receitas das comédias românticas e dos ''bromances'' (obras com foco nas amizades masculina) de filmes como ''Se Beber Não Case'', ''Ted'' tem espaço até para um pouco de aventura oitentista em seu arco final. O mais interessante é que esse mix de gêneros acontece de maneira fluida. Personagens apresentados sem pretensão ao longo da trama, como se fossem participações especiais, acabam ganhando certa relevância e surpreendendo o espectador.
Sempre canastrão, Wahlberg se sai bem no papel do eterno adolescente que ainda se encanta com as coisas mais simples, mas tem ciência de que precisa estar pronto para o próximo passo. Apesar disso, tudo no filme é melhor quando o urso está em cena. A química entre Kunis, MacFarlane e Wahlberg dá naturalidade aos diálogos e rende excelentes piadas que soariam desnecessárias em diversas outras produções.
Ao conferir uma personalidade tão diferente a uma figura de fácil identificação, MacFarlane consegue fazer com que o público o perdoe pelas ofensas. Uma coisa é ver Adam Sandler se esfregando em senhoras ou fazendo piadas sobre flatulência. Outra, não tão diferente assim, mas muito mais divertida, é ver um ursinho de pelúcia de cerca de um metro em uma cena de sexo com uma loiraça.
É nesse humor absurdo que o filme tem seus melhores momentos. Politicamente incorreto ao extremo, Ted faz piadas sexistas, raciais e religiosas, enquanto brinca com celebridades como Justin Bieber e Kate Perry, e não perdoa nem os ataques de 11 de Setembro. O melhor é quando a própria celebridade resolve participar da piada, como acontece nas participações da cantora Norah Jones e do ator Ryan Reynolds (''Lanterna Verde'').
O único problema de ''Ted'', assim como dos outros trabalhos de MacFarlane, é se sustentar demais em referências à cultura pop. Se por um lado funciona muito bem para alguns, para outros as piadas se perdem. De qualquer forma, o filme é uma das melhores comédias realizadas nos últimos anos.
Ted
Comédia. (Ted, EUA, 2012). De: Seth MacFarlane. Com Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Joel McHale e Giovanni Ribsi.
Estreia sexta-feira
Veja o trailer
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