UM POUCO DE 'ANGRA' E 'SHAMAN' EM NOVO TRABALHO DE ANDRÉ MATOS, CONFIRA.

 

André Matos inova, mas mantém assinatura em novo disco
Ex-vocalista de Angra e Shaman, músico lança terceiro disco solo, 'The Turn of the Lights'

Um dos caras mais batalhadores e talentosos do heavy metal nacional, André Matos não consegue permanecer muito tempo parado. Desde sua estreia, à frente do Viper, há quase 28 anos, foram 22 discos, entre trabalhos solos, bandas como Angra e Shaman, ou experimentos como Virgo ou Symfonia, que renderam um disco cada.

Agora, ao mesmo tempo em que se dedica à reunião que gerou os shows de comemoração dos 25 anos do disco ''Soldiers of Sunrise'', André também divulga ''The Turn of the Lights'', seu terceiro e recém-lançado disco solo. ''Acho que se eu parar de fazer música por um tempo corro um sério risco de entrar em depressão'', brinca o músico em entrevista.

Produzido pela dupla Brendan Duffy e Adriano Daga, sob os olhares de André e do guitarrita Hugo Mariutti, o novo trabalho do vocalista mais uma vez inova sem deixar de lado a sua assinatura musical, o que, segundo ele, é o grande desafio de músicos com tanto tempo de estrada e uma base sólida de fãs. ''O público espera uma identidade, uma assinatura musical, mas também espera inovação. Não faço o auto-plágio e tento não me repetir disco após disco. Essa é a nossa busca''.

De fato, ao longo dos anos, André passou do metal a lá Iron Maiden do início do Viper ao power metal com música clássica do Angra, chegando aos experimentos quase tribais do Shaman, trabalho, segundo ele, ''mais ousado, soturno e agressivo'' de sua carreira.

Em ''The Turn of the Light'', Matos com certeza não se repete, mas faz um belo trabalho imprimindo sua assinatura às músicas. Conceitual, o álbum trata do atual momento da humanidade e de como as ações do homem podem refletir em todo mundo.

Enquanto ''Mentalize'', trabalho anterior de André, trazia muitas passagens clássicas, influência clara da formação em orquestração do músico, o novo disco não abandona o estilo, mas o utiliza como uma espécie de ''recheio''. ''Foi algo engraçado, mas só percebemos que o disco ficou com uma pegada progressiva quando terminamos de gravá-lo e fomos ouvir com calma''.

Os teclados também foram colocados em segundo plano e toda a construção de climas se deu em cima de arranjos das guitarras de Hugo Mariutti e André Hernandes, timbradas para soarem pesadas, mas, ao mesmo tempo, com riqueza de detalhes. ''Utilizamos os teclados apenas no final da gravação, como uma última camada de detalhes''.

Produção

Curiosamente, essa foi a primeira vez, desde os primeiros discos do Viper, que André teve um trabalho todo produzido e gravado no Brasil. Com a fama internacional de suas bandas, sempre pintavam bem vindos convites para produzir os discos lá fora. O vocalista explica que, por muitos anos, o país não tinha produtores musicais que realmente entendessem de rock’n’roll. A carga musical do californiano Brendan e de Adriano, cabeças à frente do estúdio Norcal, vem modificando esse cenário.

''O Brendan é um cara do rock; essa é a praia dele. O Adriano, além de um grande baterista, é engenheiro de som. Por isso que conseguimos os excelentes sons de bateria e guitarra do disco'', revela.

Viper

Enquanto se prepara para sair na turnê mundial do disco, André Matos tem realizado shows com o Viper. Ele confessa que a ideia inicial era apenas fazer um show para comemorar o aniversário do disco e gravar um DVD, mas a recepção do público foi tão boa que a banda resolveu fazer uma turnê pontual que, inclusive, desembarca em Vitória no dia 13 de outubro.

''É muito legal estar de volta ao palco com esses caras e essas músicas. Sempre continuamos muito amigos e é engraçado vermos as caras velhas que hoje levam os filhos para curtirem nosso show. Muita gente que aprendeu a gostar do Viper nunca teve a oportunidade de ver a banda ao vivo''.

The Turn of the Lights
André Matos
Azul. 11 Faixas. R$ 20,00

Confira o clipe de 'Course of life':

* Fonte: Jornal O Estado de São Paulo