sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CINEMA COREANO


Aclamado pela crítica internacional e nacional, o cinema sul-coreano é um dos que mais têm dado bons frutos nos últimos tempos, resultado de uma Coreia ativa, em ascensão cultural e econômica. A Coreia do Sul é um dos únicos países no mundo em que o cinema nacional é mais visto que o cinema norte-americano. O Outros 300 indica 5 dos grandes filmes desse cinema:

1. Oldboy (Oldeuboi, 2003). Dirigido por Park Chan-wook, não é a toa uma das 100 melhores produções do cinema conforme o IMDB.com, e indiscutivelmente uma das grandes obras primas do cinema coreano. A narrativa gira em torno de um homem que é misteriosamente sequestrado e aprisionado por 15 anos e, depois deste período, parte em uma jornada de vingança atrás daqueles que o prenderam. Steven Spielberg tentou refilmar este pesadelo moderno com Will Smith no papel de Dae-su, mas jamais uma produção hollywoodiana consegueria se aproximar dos viscerais, depressivos e impactantes 30 minutos finais que além de encerrar de maneira brilhante um dos melhores filmes da década passada também dá um novo nome a um final surpreendente na revelação do grande plano por detrás da prisão de Dae-su.

2. O Hospedeiro (Gwoemul, 2006). Uma das patentes do cinema japonês, afora o terror minimalista de espíritos e assombrações, é a aquele que reside na invasão de um grande monstro, leia-se Godzilla, que ameaça dizimar toda uma população. Apoderando-se desse subtítulo, o diretor Bong Joon-ho realizou o maior sucesso comercial da história da Coréia do Sul, e não obstante, um excepcional estudo do pânico causado em uma dimensão micro, no âmbito familiar dos protagonistas, e macro, no envolvimento da sociedade e do governo em conter a estranha criatura semelhante a um polvo. Para temperar, o diretor investiu no desenvolvimento das personalidades de cada um ameaçado e evitou que crianças e mulheres tornem-se "imunes" à criatura, em outras palavras, transformou todos em potenciais vítimas no real sentido da palavra. Ao imaginar que inocentes e doces crianças não estão a salvo do monstro e ao introduzir um tom bem humorado apropriadamente, Bong Joon-ho criou um suspense formidável.

3. O Caçador (Chugyeogja, 2008). Você se lembra como se sentiu após o final de Se7en, quando o John Doe de Kevin Spacey envia uma mórbida encomenda ao detetive Mills interpretado por Brad Pitt? Na Hong-Jin parece seguir na mesma direção ao desenvolver uma narrativa imprevisível não satisfeita em seguir convenções, mas em criar um percurso inimaginável e extremamente satisfatório. Kim Yun-seok e Ha Jung-woo protagonizam um duelo antológico nas telas, desde a maneira com que são reunidos até os segundos finais. Kim é um ex-detetive cafetão investigando o desaparecimento de uma das prostitutas que agencia e que está nas mãos do perturbado Ha. Sem se reduzir a um jogo de caça e rato, Na Hong-jin adentra em uma Seoul feia, suja, chuvosa e perigosa, acentuada na fotografia granulada. Evitando esquivar-se de uma crítica à sociedade sul-coreana apresentando personagens moralmente duvidosos, policiais mal preparados e uma metrópole pouco convidativa, impressiona neste suspense o arco dramático do cafetão e a responsabilidade moral e sensibilidade que desenvolve diante dos eventos que se apresentam, a crueldade e absoluta vilania jamais gratuita de Ha e um senso de humor oportuno, tendo o mesmo efeito de um brisa em um dia quente. Fascinante desde o pôster original!

4. Sede de Sangue (Bakjwi, 2009). Park Chan-wook entrega-se ao fascinante universo dos vampiros no melhor exemplo de que o cinema é muito mais interessante quando não se prende a gêneros específicos. Longe de ser apenas um filme de terror, apesar de haver sangue e mortes, a obra de meditação acerca de um padre que em um experimento médico contraí o vampirismo, encontra nítido reflexo nos contrastes e no simbolismo da narrativa. O vinho da comunhão faz alusão ao sangue necessário para a sobrevida de Sang-hyeon, a bata sacerdotal assemelha-se contextualmente a indumentária de Nosferatu ou Drácula e a vida monástica colide-se com um apetite voraz e sexual. É um filme de dualidades, não do bem contra o mal, mas da reflexão e meditação versus o impulso e o instinto.

5. A Busca pela Verdade (Madeo, 2009). Em época de dia das Mães, Kim Hye-ja é uma das provas do amor incondicional que cercam a figura materna, e paradoxalmente, o violento e brutal testemunho de até onde uma mãe irá para inocentar o seu rebento. No entanto, eu seria injusto se resumisse este drama a um resumo destes. A vida de Kim resume-se em cuidar do ingênuo Yoon, evitando que o jovem não ande em más companhias ou volte cedo para casa, e a quixotesca rotina diária desmoronada depois da morte de uma jovem e da confissão assinada, despretensiosamente, por Yoon. A jornada adentra na realidade de uma cidade triste, marginalizada e claustrofóbica na qual as ações de Kim despertam mais apatia e inércia do que em práxis, culminando no desespero crescente de uma mãe que apenas consegue libertar-se das amarras em uma curiosa e inesperada dança.

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