Capixaba de Cachoeiro de Itapemirim, como Roberto Carlos, Sérgio Sampaio já estava uma década distante de seu apogeu popular quando lançou, às próprias custas, "Sinceramente" -álbum que ganha agora a primeira reedição desde o lançamento original, em 1982.
O CD chega às lojas graças ao cantor Zeca Baleiro, que se empenha em recolocar a obra de Sampaio na roda.
Foi Baleiro que terminou -e lançou, em 2006- o inacabado "Cruel", a partir de gravações caseiras deixadas por Sampaio antes da morte por pancreatite em 1994.
"Sinceramente" não era inédito, mas quase tão secreto quanto "Cruel".
Em 1982, quando artistas como Simone vendiam 700 mil cópias de seus LPs, "Sinceramente" teve boa parte de suas modestas 4.000 encalhadas nas prateleiras.
Sampaio já amargava a fama de artista "maldito" e vivia em ostracismo artístico, sobretudo por sua pouca habilidade em lidar com a indústria da música.
A única faixa que teve algum destaque foi "Doce Melodia", dueto com Luiz Melodia que entrou na programação da Fluminense FM -a mesma rádio que então abria as portas para a nascente geração 80 do rock nacional.
"Luiz Melodia/ Melhores dias virão/ É só não botar a viola no saco/ Joga fora o guardanapo/ Vem comer com a mão", diz a letra, ainda nutrindo alguma esperança de retomar os bons tempos.
BONS TEMPOS
O estouro de Sampaio aconteceu em 1972, no 7º FIC (Festival Internacional da Canção), onde defendeu sua "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua". Lançado pela Philips, o respectivo compacto vendeu 500 mil cópias. E impulsionou o LP do ano seguinte, batizado com o mesmo nome da canção.
Ele vinha de um álbum malucão, influenciado pelas ideias tropicalistas de Caetano Veloso, em que dividiu cena com Raul Seixas, Edy Star e Miriam Batucada -o hoje cultuado "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10" (1971).
Além desses, já disponíveis em CD, fica faltando recolocar na praça apenas "Tem que Acontecer", de 1976. Baleiro continua na missão.
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