Aconteceu nesta semana o 'Grande Prêmio do Cinema Brasileiro' organizado pela Academia Brasileira de Cinema. Confira a lista de vencedores e uma crítica acerca do evento e dos premiados.
Por Sandro Bahiense
O Oscar brasileiro
'Grande Prêmio...' não é glamouroso como similares, mas premia filmes conhecidos pelo grande público
No Oscar, premiação americana de cinema, um filme relativamente desconhecido torna-se procurado por causa da indicação, já no Brasil a situação não ocorre. Um filme ser premiado no Festival de Gramado, por exemplo, não o fará ir para os cines dos grandes shoppings, tampouco aguçar a curiosidade do grande público.
O Festival de Gramado, aliás, reflete uma inusitada imagem. Mais famoso, respeitoso e glamouroso evento do ramo no país, a premiação visa, efetivamente, julgar os melhores, sejam eles filmes de grande apelo popular, sejam eles mais desconhecidos.
O que ocorre é que toda a cobertura e, porque não, propaganda do evento, se dá com atores globais que estão em concorrência em categorias menores (às vezes nem concorrendo estão) e que normalmente não as ganham.
De que adianta fazer uma grande festa para Lília Cabral, por exemplo, se ela ficará em quinto numa fictícia disputa pelo prêmio de melhor atriz?
Para evitar essa dualidade o 'Grande Prêmio do Cinema Brasileiro' faz o caminho contrário, pois coloca como concorrentes filmes que passaram pelo chamado "grande circuito". Dentro dessa perspectiva se parece mais com o Oscar americano, pois o grande público conhece e torce pelos seus favoritos, uma vez que viu os filmes há pouco tempo.
Atenção. É importante dizer que esta análise parte somente do impacto de uma premiação em relação à outras com o grande público (que vai ao cinema eventualmente e não acompanha filmes que não estão no grande circuito). Não estou de maneira alguma cravando que uma é melhor ou pior. Muito menos que os concorrentes e premiados de um sejam também melhores ou piores do que o dos outros.
Bem, chega de falação. Confira a lista de vencedores do 'Grande Prêmio do Cinema Brasileiro':
MELHOR LONGA–METRAGEM DE FICÇÃO
FAROESTE CABOCLO de Rene Sampaio. Produção: Bianca De Felippes por Gávea Filmes e Produções, Marcello Maia por República Pureza e René Sampaio por Fogo Cerrado Filmes.
MELHOR ATOR
FABRÍCIO BOLIVEIRA COMO JOÃO DE SANTO CRISTO por Faroeste Caboclo
MELHOR ATRIZ
GLORIA PIRES COMO LOTA DE MACEDO SOARES por Flores Raras
MELHOR DIREÇÃO
BRUNO BARRETO por Flores Raras
MELHOR ATOR COADJUVANTE
WAGNER MOURA COMO LINDO RICO por Serra Pelada
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
BIANCA COMPARATO COMO CARMEM TEREZA por Somos tão jovens
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
KLEBER MENDONÇA FILHO por O som ao redor
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
MARCOS BERNSTEIN e VICTOR ATHERINO – adaptado da música “ Faroeste Caboclo” de Renato Russo, Legião Urbana – por Faroeste Caboclo
MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
GUSTAVO HADBA por Faroeste Caboclo.
MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO
MARÍLIA MORAES e TINA BAZ por Elena
MELHOR MONTAGEM FICÇÃO
MARCIO HASHIMOTO por Faroeste Caboclo
MELHOR EFEITO VISUAL
BRUNO MONTEIRO por Uma história de amor e fúria
ROBSON SARTORI por Serra Pelada
MELHOR FIGURINO
MARCELO PIES por Flores Raras
MELHOR MAQUIAGEM
SIVA RAMA TERRA por Serra Pelada
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
JOSÉ JOAQUIM SALLES por Flores Raras
MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO
O MENINO QUE SABIA VOAR de Douglas Alves Ferreira
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
A GUERRA DOS GIBIS de Thiago Brandimarte Mendonça
MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO
FLERTE de Hsu Chien
MELHOR TRILHA SONORA
PAULO JOBIM por a Luz do Tom
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
PHILLIPE SEABRA por Faroeste Caboclo
MELHOR SOM
LEANDRO LIMA, MIRIAN BIDERMAN, ABC, RICARDO CHUÍ e PAULO GAMA por Faroeste Caboclo
MELHOR LONGA-METRAGEM DE COMÉDIA
CINE HOLLIÚDY de Halder Gomes. Produção: Halder Gomes e Dayane Queiroz por ATC Entretenimentos
MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO
DJANGO LIVRE/Django Unchained de Quentin Tarantino. Distribuição: Columbia/Sony
MELHOR LONGA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA de Luiz Bolognesi. Produção: Caio Gullane, Fabiano Gullane, Débora Ivanov e Gabriel Lacerda por Gullane Entretenimento, Laís Bodanzky, Luiz Bolognesi e Marcos Barreto por Buriti Filmes
MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL
MEU PÉ DE LARANJA LIMA de Marcos Bernstein. Produção: Katia Machado por Pássaros Films do Brasil Audiovisuais Ltda.
MELHOR LONGA–METRAGEM DOCUMENTÁRIO
LUZ DO TOM de Nelson Pereira dos Santos. Produção: Márcia Pereira dos Santos por Regina Filmes Ltda e Maurício Andrade Ramos por Videofilmes
VOTO POPULAR - Melhor Longa-Metragem Estrangeiro
DJANGO LIVRE/Django Unchained de Quentin Tarantino. Distribuição: Sony Pictures
VOTO POPULAR - Melhor Longa-Metragem Documentário
ELENA de Petra Costa. Produção: Petra Costa por Busca Vida Filmes
VOTO POPULAR - Melhor Longa-Metragem de Ficção
CINE HOLLIÚDY de Halder Gomes. Produção: Halder Gomes e Dayane Queiroz por ATC Entretenimentos
Crítica dos premiados
Como vocês puderam ver, 'Faroeste Caboclo' abocanhou sete premiações, inclusive a de melhor filme. Bem, o Outros 300 já havia elogiado bastante a adaptação de Marcos Bernestein (que inclusive levou o prêmio de melhor roteiro adaptado), então acredito que o prêmio tenha ficado em boas mãos.
A premiação de melhor ator para Fabrício Boliveira (por 'Faroeste Caboclo') e Glória Pires (por 'Flores Raras') foi justíssima, assim como de melhor coadjuvante para Wagner Moura (por 'Serra Pelada').
O ótimo 'Cine Holiúde' levou algumas premiações populares, mostrando ter sido um grande acerto.
Vimos praticamente todos os filmes envolvidos na premiação e questionamos: Não é mais legal assim? Acho que poderíamos achar um meio termo entre o 'Grande Prêmio do Cinema Brasileiro' e o Festival de Gramado. Quem sabe...
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