Dois bons
anos para a literatura policial, que atrai uma legião de fãs, é festejada no
mundo inteiro e que ainda é considerada por alguns como um gênero menor, de
entretenimento: o que está terminando e o que virá
Em 2013, ela chegou às
finais de importantes prêmios, ganhou um festival e inspirou um grupo editorial
a criar uma editora para se dedicar exclusivamente ao gênero. Para 2014, a lista de
lançamentos está repleta de livros de mistério, de tribunal, de detetive,
suspenses, thrillers, etc.
A realização da segunda
edição da Pauliceia Literária, criada este ano pela Associação dos Advogados de
São Paulo e que trouxe nomes como o advogado e escritor Scott Turow (25 milhões
de exemplares vendidos no mundo), ainda é incerta e é mais provável que só
ocorra em 2015. Mas há no horizonte de 2014 a realização de um festival de filmes e
romances policiais nórdicos, com curadoria do finlandês Pasi Loman, dono da
agência literária Vikings of Brazil.
Loman conta que o gênero não chama mais só a
atenção de editoras já conhecidas pelo investimento em policiais, como Record,
Rocco, Suma das Letras e Companhia das Letras. De acordo com ele, nos últimos
18 meses, editoras de pequeno e médio portes começaram a testar o mercado.
“Elas estão conseguindo comprar títulos incríveis de autores de grande sucesso
internacional que as grandes editoras também gostariam de publicar, mas que não
o fazem porque não têm espaço no catálogo”, conta. E dá alguns exemplos. “A
Amarylis publicou o ótimo Queimado, de Thomas Enger; a Nova
Alexandria comprou três títulos de Torsten Pettersson, Arnar Ingolfsson e Karin
Alvtegen, que eram editados pela Record, e a Autêntica comprou títulos de
autores que já venderam milhões de cópias, como Leena Lehtolainen e Gunnar
Staalesen.”
O grupo mineiro Autêntica,
aliás, fez um grande investimento na área ao inaugurar, em agosto, a Vertigo.
De lá para cá, foram lançados sete títulos, todos de autores desconhecidos ou
pouco conhecidos do brasileiro, e esse ineditismo é uma das apostas do diretor
Arnaud Vin.
Uma curiosidade: em novembro, Pierre Lemaitre, de
67 anos, um desses “novos” autores, era anunciado o vencedor do prestigioso
Goncourt por Au Revoir là-haut enquanto outra obra dele, Vestido
de Noivo, saía da gráfica aqui. Dele, a editora lançará, em 2014, Cadres
Noirs, um livro violento sem nenhuma gota de sangue, na explicação
de Vin.
“A Vertigo, hoje, é articulada em torno de três
vertentes: o policial histórico, o policial escandinavo, ou scandi crime, e o
thriller”, conta o diretor. Entre os lançamentos do próximo ano estão O
Assassino e o Profeta, de Guillaume Prévost, ambientado na
Jerusalém do século 6; O Enigma da Rua de Blancs-Manteaux, de
Nicholas le Floch;Indesejadas,
de Kristina Ohlsson; Arrivederci Amore, Ciao,
de Massimo Carlotto, entre outros.
O ano de 2013 foi de surpresa para a Rocco, editora
do best-seller John Grisham e de Benjamin Black, pseudônimo de John Banville.
Ela apostou no romance O Chamado do Cuco, do estreante Robert
Galbraith. Antes de lançá-lo, em novembro, a verdadeira identidade do autor foi
revelada e a tiragem, que poderia ter sido de 3 mil exemplares, saltou para 125
mil. Pudera, era a estreia de J.K. Rowling, de Harry
Potter, no romance policial. Ela, ou Galbraith, prepara um segundo
livro, que também está na programação da Rocco para 2014.
Outra aposta da editora é a britânica Sophie
Hannah, de 42 ano, considerada a herdeira de Agatha Christie. Sairão pelo menos
três obras aqui: Hurting Distance, que deve ser a
primeira, Kind of Cruel e Lasting Dammage. Vale dizer que ela foi
a escolhida pelo espólio de Agatha Christie para dar continuidade às histórias
do detetive Hercule Poirot, e trabalha nisso agora.
Entre os brasileiros com livros a serem lançados em
2014 está Patrícia Melo, também da Rocco, que pela primeira vez terá uma
protagonista mulher, e o advogado carioca Raphael Montes, de 23 anos, finalista
este ano dos prêmios São Paulo e Machado de Assis por Suicidas (Benvirá), que já vendeu, desde 2012,
5 mil exemplares. Ele não ganhou os prêmios, mas chamou a atenção das grandes
editoras e terá seu segundo romance, Dias Perfeitos, lançado pela Companhia
das Letras em maio. Que
o leitor não se engane com o título da obra. “É um suspense de amor obsessivo
sob a visão do psicopata estudante de medicina”, adianta.
Muitos clássicos também estão previstos para o ano.
A L&PM lança 30 títulos de Agatha Christie (1890-1976) e a Globo prepara
cinco lançamentos e três reedições da Dama do Crime. Já Raymond Chandler
(1888-1959) estreia no catálogo da Alfaguara em outubro com The
Lady in the Lake e The
Long Goodbye.
Fonte: Maria
Fernanda Rodrigues (Estadão)
Rubem Fonseca, autor de A Grande Arte e Lucia McCartney, é referência nacional no que tange a Literatura Policial.
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