“Vida e
Obra de Johnny McCartney” é considerado o CD mais importante da carreira solo
de Leno, e foi gravado em fitas, entre novembro de 1970 e janeiro de 1971. Foi
um momento em que ele deixa de lado, a questão das baladas tão presentes na
Jovem Guarda, e mostra-se como um artista independente, vanguardista, crítico,
rebelde, um ser politizado. Nessa época, ele fazia sucesso com a balada
romântica “Festa de 15 anos” e resolveu dar uma guinada. “Eu sempre fui
roqueiro, mas sempre estourava com músicas lentas. Eu queria mostrar o meu lado
mais rock’n’roll”, revela. Tendo sido vetada pela Ditadura Militar em 1971, a
obra que teve os Beatles, mais precisamente a dupla Lennon & McCartney,
como inspiração para o compositor, ficou perdida durante 25 anos! O projeto
criado em parceria com Raul Seixas reaparece em 1995, para a grande surpresa de
Leno, que dava as fitas de seu inédito “Vida e Obra de Johnny McCartney” por
perdidas! Acontece que elas são descobertas por acaso nos arquivos da Sony
Music! Leno, então, decide remasterizar a gravação e editá-la em CD, criando
seu próprio selo, o Natal Records, e lança sua obra composta em parceria com
Raulzito.
Leno passou o ano de 1979 morando em Los Angeles, nos Estados Unidos, mas quase não compunha, pois estava ligado mais em cantar e tocar e quando voltou a residir em Natal, começou a se dedicar a compor e realizar shows. Guardava para si a lembrança de Raul Seixas, um cara simples que gostava de música. “Gosto muito da lembrança dele em mim, apesar das distâncias”. Essas lembranças ficam mais evidenciadas e tomam conta da vida de Leno quando este apresenta ao público o relançamento do disco “Vida e Obra de Johnny McCartney”, álbum considerado pela crítica especializada internacional como um dos melhores do rock. Foi o terceiro disco de sua carreira solo e teria sido gravado em 1970, porém a gravadora CBS vetou o projeto por achar que ele não era comercial. “Tinha umas músicas censuradas, como ‘Sr. Imposto de Renda’ e ‘Sentado no Arco-íris’. Segundo Leno, este disco antecipou muita coisa que viria a acontecer apenas nos anos 80 em termos musicais, além de ter influenciado a carreira de Raul Seixas.
Das 13 músicas do disco, seis são em parceria com o baiano. Leno comenta que “talvez a partir daí Raul tenha criado a vontade de ser cantor, pois ele não era muito a fim. Foi um laboratório para ele”.
1. “Johnny McCartney” Leno / Raul Seixas 2:15
2. “Por Que Não?” Leno 3:34
3. “Lady Baby” Carlos Augusto / Raul Seixas 4:31
4. “Sentado no Arco-íris” Leno / Raul Seixas 3:22
5. “Pobre do Rei” Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle 2:50
6. “Peguei uma Apollo” Arnaldo Brandão 3:40
7. “Sr. Imposto de Renda” Leno / Raul Seixas 1:15
8. “Não Há Lei em Grilo City” – Leno 3:09
9. “Convite para Ângela” Leno / Raul Seixas 1:33
10. “Deixo o Tempo Me Levar” Leno 3:12
11. “Contatos Urbanos” Ian Guest 2:29
12. “Bis” Leno / Raul Seixas 2:21
13. “Johnny McCartney” Leno / Raul Seixas 0:33
O verdadeiro Rock já se faz
presente logo na primeira faixa, “Johnny McCartney”, que é uma sátira à busca
da fama tão em voga hoje em dia: “Ainda hei de ser famoso um dia / Meu nome nos
jornais você vai ler / Vou ganhar mais de um milhão / Comprar o meu carrão
cantando na TV / Vai pagar pra me ver no cinema / Do que me fez, irá se
arrepender / Daqui pra frente sou galã lhe ofuscando / Com meu terno de lamê /
Johnny McCartney vou ser).
É uma letra bem atual! Por tudo
isso, “Vida e Obra de Johnny MacCartney” é considerado um disco seminal para o
rock brasileiro, pós-Jovem Guarda, e deve constar em qualquer discoteca básica
do estilo, onde guitarras, bateria e baixo ganham mais expressão, pela primeira
vez, no rock brasileiro.
(Texto
de Lúcia M. Zanetti)
Reportagem do Jornal do SBT
sobre o disco “Vida e Obra de Johnny McCartney”:
Lúcia M.
Zanetti
de Araújo é formada em Letras pela Universidade Metodista de
Piracicaba, licenciada em Literaturas Portuguesa, Brasileira, Inglesa e Norte
Americana. Também é Bacharel em Direito e trabalhou em algumas Empresas
Multinacionais na função de Secretária Executiva. Com o advento do Orkut,
fundou algumas comunidades relacionadas à Língua Portuguesa e também
relacionadas com a sua grande paixão, The Beatles.
Desde 2006, se dedica a manter acesa a chama da Beatlemania, publicando em fóruns
de discussões, participando de eventos relacionados aos Beatles e promovendo
encontros.
Este disco é muito bom e super atual, não me lembro de um disco de rock nos anos setenta tão bem feito, pena que ficamos orfãos durante quase 3 décadas,vale muito apena adquiri-lo, parabéns pelo blog, Gláuber (Recife).
ResponderExcluirExcelente disco, recomendo.
ResponderExcluirSeria interessante pegar todos discos censurados e lançá-los. Tem muita coisa boa que foi barrada.
ResponderExcluirLong Live Mr.Leno Azevedo!
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