Assis
Chateaubriand foi um homem fascinante e polêmico. Fundou os Diários Associados
– durante décadas – o maior grupo de comunicações do Brasil. De um lado, as
qualidades inerentes aos grandes homens: inteligência, advogado
competente, jornalista (escreveu 11.870 artigos no período de 1924 a
1968), espírito empreendedor, estilo visionário, pioneiro da TV no
Brasil, fundador do MASP-Museu de Arte de São Paulo (onde implantou
o “estilo” Chateaubriand), membro da Academia Brasileira de Letras,
embaixador do Brasil na Inglaterra (1958-1960) e a presença forte em
todas as áreas.
Dooutro,
a personalidade ambiciosa e dominadora, o chantagista, o tarado, o ladrão, o
caloteiro – adjetivos que os desafetos cunhavam.
O
seu fraseamento impecável cumpria duas finalidades: encantar ou intimidar.
Dependia do caso.
Fernando
Morais, no livro Chatô, o Rei do do Brasil – escreve: “O médico e educador Miguel Couto (1865-1934), disse: ‘Embora nunca tenha produzido uma sílaba de ficção, Chateaubriand era um
literato de calibre muito superior ao da maioria dos imortais da Academia’”.
Escreveu, no contexto da literatura política, o livro Terra Desumana – com um subtítulo provocador: A vocação revolucionária do Presidente Artur Bernardes. Crítica feroz ao governo (1922-1926) do presidente Artur Bernardes. Ele governou o país através do dispositivo constitucional chamado Estado de Sítio, que sobrepunha os poderes do governo em relação aos direitos e liberdades individuais. Isso decorreu da instabilidade política vigente. Esperto, Chatô lançou o livro após o término do mandato do presidente. Caso contrário, a edição teria saído de circulação.
Escreveu, no contexto da literatura política, o livro Terra Desumana – com um subtítulo provocador: A vocação revolucionária do Presidente Artur Bernardes. Crítica feroz ao governo (1922-1926) do presidente Artur Bernardes. Ele governou o país através do dispositivo constitucional chamado Estado de Sítio, que sobrepunha os poderes do governo em relação aos direitos e liberdades individuais. Isso decorreu da instabilidade política vigente. Esperto, Chatô lançou o livro após o término do mandato do presidente. Caso contrário, a edição teria saído de circulação.
O
livro de Chatô seria incensado, após a morte do jornalista, por um dos maiores
críticos literários do Brasil, Wilson Martins, autor da obra História da
Inteligência Brasileira, 7 volumes – já a caminho de tornar-se rara – e que abrange
o estudo da Literatura Brasileira ( desde 1550). Vejamos, então, as suas
conclusões na página 423, volume 7: “...livro mais devastador escrito contra
Artur Bernardes ou , de fato, contra qualquer presidente brasileiro. É um dos
panfletos mais brilhantes de nossa literatura política, escrito com
inteligência vibrante e incomparável agudeza, análise profunda de um caráter e
desenho de uma mentalidade como jamais se havia feito no país – e como
como ninguém voltaria a fazer depois dele...”.
No
final do seu livro, Fernando Morais, biógrafo de Chatô, relata com muita
elegância e humor, algo mais ou menos assim:
“No velório de Chatô, o Diretor do MASP, Pietro Maria Bardi, expôs três obras de arte: A Banhista com o cão grifo, de Renoir, com os seios descobertos. Retrato do Cardeal Cristóforo Madruzzo, organizador do Conselho de Trento, do pintor Ticiano e o retrato de d. Juan Antônio Llorente, secretário da Inquisição espanhola, pintado por Goya.Questionado pela cúpula dos Associados, Pietro Bardi disse a um dos diretores:
“No velório de Chatô, o Diretor do MASP, Pietro Maria Bardi, expôs três obras de arte: A Banhista com o cão grifo, de Renoir, com os seios descobertos. Retrato do Cardeal Cristóforo Madruzzo, organizador do Conselho de Trento, do pintor Ticiano e o retrato de d. Juan Antônio Llorente, secretário da Inquisição espanhola, pintado por Goya.Questionado pela cúpula dos Associados, Pietro Bardi disse a um dos diretores:
-Mas
doutor, são as três coisas que ele mais amou na vida: o poder, a arte e mulher
pelada”.
Augusto
Aguiar
é gerente aposentado dos Correios. É blogueiro: wwwm-cultural.blogspot.com e
assina artigos para jornais e sites. Reside em Bebedouro SP. E-mail:
augusto-52@uol.com.br.
Obrigado pela publicação da matéria. Senti-me muito honrado. Um grande abraço. Augusto Aguiar.
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