terça-feira, 15 de janeiro de 2013

LARANJA MECÂNICA GANHA EDIÇÃO ESPECIAL DE 50 ANOS


'Laranja Mecânica' ganha reedição que celebra seus 50 anos

Brutal e inovador, obra questiona a liberdade de escolha


Uma das mais impressionantes narrativas distópicas em língua inglesa, ao lado de obras como "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, e "1984", de George Orwell, a história do romance "Laranja Mecânica", escrita em 1961 pelo inglês Anthony Burgess se tornou muito mais conhecida a partir da versão cinematográfica do diretor Stanley Kubrick, lançada em 1971 e que causou tanta controvérsia quanto a original. Em certa medida, aliás, Kubrick acabou se apropriando da história (há quem até hoje credita a ele a autoria da obra).

Divulgação
Em 'Laranja Mecânica', Anthony Burguess questiona a liberdade de escolha

Nestes tempos, em que a violência, já muito banalizada, bate à nossa porta, é provável que o conteúdo de "Laranja Mecânica" não cause tanto impacto quanto provocou à época de seu lançamento, em 1962, ou no ano em que o filme de Kubrick foi lançado. De qualquer modo, continua a impressionar, seja pela ultraviolência "horroshow" que apresenta, seja por aspectos estilísticos que fazem do livro uma obra cuja leitura é essencial.

Para comemorar os 50 anos de lançamento do romance, uma edição especial foi lançada no final do ano passado pela editora Aleph, com tradução de Fábio Fernandes. Essa publicação traz, além do texto original, apontamentos e notas culturais ao livro, um ensaio e dois artigos do próprio Burgess – nos quais ele explica a origem do título e as razões de escrever a obra, além de comentar o filme de Kubrick –, uma entrevista com o autor, o dicionário nadsat (com as gírias criadas pelo narrador), entre outros "extras".


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Laranja Mecânica
Anthony BurgessAleph, 352 páginas
Tradução de Fábio Fernandes, R$ 79
A história

"Laranja Mecânica" apresenta o relato em primeira pessoa de Alex, sobre seus anos de adolescência, em que liderava uma gangue de delinquentes acostumada a se encontrar na Leiteria Korova (onde bebem "leite dopado"), antes de sair pelas ruas praticando roubos, espancando qualquer pessoa que apareça no caminho ou estuprando belas jovens – tudo pelo puro e simples prazer sádico.

Uma hora chega em que Alex, o narrador, é punido por seus atos. É a partir desse ponto que Burgess levanta a principal questão moral do romance, acerca da liberdade de escolha, uma vez que Alex se submeterá a um tratamento por meio do qual será condicionado a não cometer as atrocidades que o levaram até a prisão.

Um desses questionamentos o autor coloca numa fala do capelão do presídio: "A bondade vem de dentro, 6655321. Bondade é algo que se escolhe. Quando um homem não pode escolher, ele deixa de ser um homem". O número que surge como vocativo nessa frase, é a identificação de Alex, na condição de preso.

Além da brutalidade, a linguagem com que a obra é narrada também causa impacto. O frenesi narrativo de Alex é cheio de idas e vindas, repetições, onomatopeias e gírias inventadas por Burgess – durante muito tempo ele pesquisou o idioma russo e a linguagem falada pelos jovens ingleses de sua época, criando o vocabulário nadsat. A essa linguagem malandra e urbana, contrapõem-se muitos diálogos em que Alex usa uma fala floreada, cheia de mesóclises, por exemplo. Esses elementos fazem de "Laranja Mecânica" uma obra única e inovadora.

Fonte: A Gazeta

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