“EIS O MEU SEGREDO. É MUITO SIMPLES: SÓ SE VÊ
BEM COM O CORAÇÃO. O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS. (Antoine de Saint-Exupéry
em “O Pequeno Príncipe”)
A
famosa frase de Vinícius de Moraes “As feias que me desculpem, mas beleza é
fundamental”, que até hoje causa controvérsias e críticas, pode ter lá suas
razões bem fundamentadas, desde que possamos definir e esclarecer o que é
beleza.
No
campo da filosofia não há um consenso sobre a questão do que é beleza, os
filósofos nunca concordam entre si a respeito de um possível conceito do belo.
E mesmo entre os que acha ser possível concebê-lo, o modo de elaboração
conceitual é muito divergente. (Evando Nascimento, formado em Letras e
Filosofia, pós-doutorado na Universidade Livre de Berlim).
As
indústrias da moda e cosmética aproveitaram o gancho do nosso famoso poeta para
fazerem suas propagandas que dizem a verdade, mas nem toda a verdade. É passado
para o público algo incontestável, no entanto, mais uma vez o sistema faz das
pessoas umas marionetes que podem ser manipuladas. O resultado disso se chama
“frustração”. Por quê? A frustração é a sombra da expectativa. Quanto mais se
cria expectativa de algo não realizado, maior é a frustração do indivíduo. É o
mesmo que viver no futuro, ele nunca chega, é uma ilusão.
Se
não bastasse essa indefinição, existe ainda o sentido muito pessoal. A arte que
vejo como bela pode não ser para o outro. Só isso já seria o suficiente para
percebermos que vivemos num mundo totalmente ilusório e a própria ciência atesta
isso. A nossa sociedade criou a ilusão do corpo perfeito e as pessoas se sentem
ofendidas quando são colocadas como velhas. Alguns países orientais a velhice é
sinônimo de sabedoria e belo, se as julgarem novas é que será uma ofensa.
Fica
muito nítido que quando os valores são trocados distorções acontecem. O Laércio
Júlio da Silva em seu artigo “A Beleza que Ameaça a Juventude”, publicado no
Jornal “Diário da Manhã” em 01/08/2009 já chamava atenção sobre esse assunto
dizendo: “O fato é que não podemos deixar crescer uma geração apegada a valores
fúteis vitimada por uma paranóia que não é inerente à da vontade de viver do
jovem”.
A natureza adora se ocultar, esse é o jogo. A
natureza é como as raízes das árvores, ela fica na profundidade do solo – o
mais essencial está oculto. Nunca considere que a árvore é o mais essencial.
Ela é apenas a periferia de onde vêm as flores, folhas e frutos. A árvore
verdadeira existe no subsolo, no escuro, se cortar as raízes tudo desaparece. Caminhe
em direção ao ser, ao centro, à própria base. Procure sempre as raízes, e não
se deixe enganar pelas folhagens – Se uma pessoa é bonita na superfície, você
se apaixona; você se apaixonou pela folhagem. Mas a pessoa pode não ser bonita
por dentro, ela pode ser absolutamente feia – e você caiu na armadilha (Osho –
A Harmonia oculta).
Algumas
pessoas entendem que o Naturismo é tirar as roupas, não é nada disso, nem mesmo
uma negação da sexualidade. É, na verdade, um modo sutil de expor o que está
oculto, de expor a Divindade existente em cada um de nós. “Deus está se
ocultando na flor. Se você simplesmente perceber a flor, errará o alvo”.
A
beleza do Naturismo está oculta, a natureza não é exibicionista. Isso deve ser
bem compreendido para que possamos desenvolver a percepção e assim encontrar o
real sentido de que a beleza é realmente fundamental porque é algo que parte do
nosso íntimo. Só podemos ver o mundo bonito quando nosso interior consegue ver
a beleza de toda a existência, que não fala e diz tudo, não julga nem condena, simplesmente
mostra, e é assim que vivemos o sentido do Naturismo, só pode ser visto com o
coração.
(Texto de Evandro Telles)
***
Evandro Telles (evandro.telles@terra.com.br) é escritor e lançou os livros: “Verdades que as roupas
escondem” (2009), “Naturismo – Um Estilo de Vida Transformador” (2013) e
“Naturismo – Um Corpo Não Fragmentado” (2013).
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