segunda-feira, 23 de setembro de 2013

CRÍTICA DO FILME 'ELYSIUM'

Estreia do brazuca Wagner Moura nos grandes filmes de Hollywood, 'Elysium' estreou neste fim de semana nos nossos cinemas e a equipe do Outros 300 esteve lá para conferir. Confira nossa crítica abaixo.

Por Sandro Bahiense

Elysium

Um show de Wagner Moura
Ator brasileiro rouba a cena em bom filme de ficção científica e ação

Chega de Rodrigo Santoro e seus papéis pra lá de secundários! O Brasil está muito bem representado em Hollywood, pois Wagner Moura chegou em Los Angeles, deu um pontapé na porta e se fez muito presente logo em sua estreia no cinema pop americano. A atuação de Moura em 'Elysium' foi simplesmente perfeita. O brasileiro roubou a cena, e olha que o filme contava com gente muito boa como Judie Foster e Matt Damon no elenco.

A trama

No ano de 2159, existem duas classes de pessoas: os ricos e abastados, que vivem numa estação espacial chamada Elysium, e o resto, que vive numa Terra arruinada e superpopulada. A Secretária Rhodes (Jodie Foster), uma oficial durona do governo, fará de tudo para garantir que as leis anti-imigração sejam obedecidas à risca, para preservar o luxuoso estilo de vida dos cidadãos de Elysium. 

Elysium - Foto

Isso não impedirá o povo da Terra de tentar entrar, de qualquer forma possível. Quando o azarado Max (Matt Damon) é colocado contra a parede, ele concorda em participar numa assustadora missão que, se bem sucedida, não só salvará sua vida, mas pode trazer igualidade nestes mundos polarizados.

O filme

Ciudad Juarez x Los Angeles do espaço

Qualquer semelhança não é mera coincidência. A terra é um emaranhado de hispânicos  enquanto Elysium, uma espécie de "terra prometida" dos ricos de 2159, é um Estados Unidos um cadiquinho mais distante. Um "mero" espaço de diferença.

Elysium - Foto

Para salientar a crítica pra lá de escancarada à divisão sócio econômica que ocorre na América do Norte, o diretor Neill Bloomkamp, fez questão de estabelecer que, na terra, todos deviam ablar espanhol, e em Elysium, inglês. Ah, claro: Com coiotes para atravessar os desafortunados e tudo! Nada sutil, mas, admito, muito bem sacado.

Isto posto, o filme traça um cenário pra lá de pessimista da terra do futuro, mas sem exageros, mutações e coisas do tipo. Só estaremos em um lugar mais sujo, mais quente e mais, digamos, mal educado, cenário este que, cá entre nós, nem sei se demorará até 2159 para acontecer.

Anti herói

Dentro dessa podridão que é a terra, o personagem de Matt Damon (Max da Costa) é um órfão preso várias vezes por roubo. Max até tenta se manter decentemente no mundo, mas uma acidente que o põe com apenas 5 dias de vida, o faz voltar à vida bandida, uma vez que só em Elysium que ele poderá se curar.

Elysium - Foto

Para tanto Da Costa tem de se aliar a Spider (Moura) em uma jornada para invadir o novo mundo. O bacana é que Max não tem interesses heroicos por trás de seus atos, ele quer apenas sobreviver. Isto fica salientado quando Frey (Alice Braga), sua ex namorada, o pede para ajudar sua filha e ele nega categoricamente. Bacana, pois Bloomkamp pintou um protagonista humano, com suas mesquinharias típicas e tudo.

Elenco

Matt Damon está gigante! Fortão mesmo. Em cena a mesma coisa de sempre. Uma atuação dentro do máximo que ele consegue que nunca é muito, mas não compromete. Jodie Foster mostrou-se afetada demais ao interpretar a malévola secretária de segurança Rhodes.

O destaque vai para os coadjuvantes Diego Lunna (Juno) e William Fletcher (Dr. Carlyle) que, mesmo pouco em cena, estavam bem em seus respectivos papéis. Alice Braga mostra-se sempre segura e verossímil  Mais uma vez a nossa compatriota fez bonito e tirou leite de pedra em um personagem que deveria ter mais destaque.

Wagner Moura

Mas o destaque vai mesmo para Wagner Moura. Simplesmente sensacional no papel. Com um inglês muito convincente, o ator conseguiu pesar bem a força do transgressor, mas bondoso Spider sem afetações.

Seu mérito foi sempre fugir do lugar comum e não cair numa interpretação mais fácil e previsível, longe disso até. Com isso, Moura soube dosar cada sentimento que seu complexo (e importantíssimo para a trama) personagem pedia.

Bloomkamp não economizou no papel, e fez muito bem em confiar no baiano. Wagner esteve muito tempo em cena, em aparições sempre fortes e impactantes. Parece-me claro que devemos nos acostumar a vê-lo falando outra língua, e bem longe da gente, pois a julgar por sua interpretação em 'Elysium', Hollywood logo o capturará por muito tempo.

O filme

É ótimo! Inteligente, perspicaz, instigante e cativante. Tem cenas dosadas na medida, não exagera (super méritos, ainda mais para um filme de ficção científica) e nos mostra uma trama bem pensada e sem pontas soltas.

Seu diretor (da qual me tornei fã, pois já havia adorado 'Distrito 9') foi generoso o suficiente para dar espaço à todos, e a parte técnica (fotografia, edição e som) também estão excelentes! 'Elysium' é uma das grandes pedidas de 2013, Neill Blomkamp tem uma grande carreira pela frente e Wagner Moura é foda! Vá aos cinemas assistir o filme, pois valerá cada centavo!

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