'Se Puder... Dirija' chega aos nossos cinemas com a pompa de ser o primeiro longa brasileiro live-action a ser filmado usando 3D estereoscópico. A comédia estrelada por Luís Fernando Guimarães estreou neste fim de semana nos nossos cinemas e a equipe do Outros 300 esteve lá para acompanhar. Confira a nossa crítica acerca do filme lendo a matéria completa.
Cinema nacional... O que fizeram com você?
Primeiro filme 3D do Brasil é um dos piores do ano.
Frustrado. É assim que saí do cinema ao assistir a comédia (?) 'Se Puder... Dirija'. Frustrado pelo 3D, frustrado pela suposta comédia que o filme dizia ser, frustrado por acompanhar a morte de Luís Fernando Guimarães, e frustrado pelo o que estão fazendo com o nosso cinema nacional.
É fato que estamos vivendo um grande momento cinematográfico no Brasil, mas parece que produtores e empresas do ramo não tem aproveitado (com qualidade) essa onda. O que vimos, só em 2013, por exemplo, foi uma enxurrada de filmes rasos, ruins, oportunistas e sem graças. E infelizmente 'Se Puder... Dirija' é tudo isso que escrevi até agora e, se bobear, muito mais.
A princípio nos atentemos ao famigerado 3D. Fica evidente (veremos mais na crítica abaixo) que o (péssimo) uso da tecnologia serviu apenas como trampolim para o filme obter boa bilheteria. No filme, o uso do 3D é absolutamente desnecessário e não acrescenta em nada em relação à parca história dele. Aliás o filme...
A trama
Manjadíssima. João (Luis Fernando Guimarães) trabalha como manobrista de estacionamento, está separado de Ana (Lavínia Vlasak) e virou pai ausente de Quinho (Gabriel Palhares). Infeliz no amor e na família, ele quer reverter esse cenário e promete para a ex que irá passar um dia daqueles com o filhão. Para isso, ele resolve pegar “emprestado” o carro de uma fiel cliente (Bárbara Paz) do estacionamento onde trabalha com Ednelson (Leandro Hassum).
O problema é que a saidinha simples acabou virando uma complicada aventura. Agora, João precisa devolver o carro antes que sua dona descubra que seu carro saiu para “passear” com outro motorista, mas a tarefa não vai ser nada fácil para eles.
Elenco
Horrível. Fazia tempo que não via um protagonista tão morto, tão sem sal, tão sem tudo quanto Luis Fernando Guimarães neste filme. Nem parece o mesmo que tanto nos fez rir em clássicos da TV como 'TV Pirata', 'Os Normais' e 'Minha Nada Mole Vida'. Com um personagem fácil de nos cativar, o ator põe tudo a perder numa atuação burocrática e fria.
O elenco de apoio não é lá muito melhor. Lavínia Vlasak é tudo, menos atriz. Bárbara Paz e Reinaldo Gianecchini (fazem pontas no filme) são uma piada de mau gosto. E o menininho Gabriel Palhares pode até ser um fofo, mas ator, putz, definitivamente não é.
Para se ter uma ideia, o melhor do filme é o personagem de Leandro Hassum: O Jorginho. Ops, perdão, Tino. Ops, perdão de novo, Ednelson. Isso porque ele sempre interpreta o mesmo personagem, uma versão paraguaia de Jim Carrey onde ele abusa de tiques, caretas e gritinhos esquisitos.
A crítica
Paulo Fontenelle fracassou redondamente. Tanto em seu horrível roteiro, quanto em sua maniqueísta direção. Com um elenco de atores ultrapassados, o diretor não conseguiu imprimir um ritmo de ação que contagiasse quem estivesse assistindo o filme. Tanto que o filme parece ter umas três horas de tão chato.
A trama é uma versão piorada de (obviamente) 'Se Beber... Não Case!' e 'O Concurso', outro filme nacional que já tinha sido bem ruinzinho. A esquemática é banal. Cara que se mete numa enrascada que vai ficando pior à medida que uma outra série de acontecimentos não fortuitos vão acontecendo.
E aí prepare-se para uma série de (tentativas) de piadas a lá 'Zorra Total' e para esquetes com muito coco, vômito, peidos e lavagem estomacal. O fino da tosqueira.
Ah! E tem uma cenas com balões, outra com confetes e uma com palhaço que estão ali só para justificar o 3D. Chega a ser constrangedor ou irritante (a escolha do cliente).
Dá pra rir, umas 3, no máximo 4 vezes, pois a gente sempre força o riso quando vai ver uma comédia no cinema, mas, cara, que tristeza saber que 'Se Puder... Dirija' vai entrar para a história do nosso cinema como nosso primeiro filme em 3D. Que tristeza! O que estão fazendo com o nosso cinema, meu Deus?!?
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