'ROBERTO MENESCAL' E 'SILVA' NO ANIVERSÁRIO DE VITÓRIA

Duas belas atrações agitarão os moradores de Vitória no próximo dia 8 de setembro: Silva e Roberto Menescal. A apresentação da dupla é só uma das atrações comemorativas preparadas para celebrar o aniversário da capital capixaba. Veja locais e horários lendo a matéria completa.

Por Leandro Reis e Erik Oakes

Com Roberto Menescal e SILVA, Vitória ganha parabéns com estilo

Duas gerações de músicos capixabas de expressão nacional se apresentam no aniversário da cidade

Para chegar à Praia de Camburi, Roberto Menescal costumava atravessar de bicicleta uma antiga ponte de Vitória e andar por alguns minutos em uma trilha. Era a década de 1950, e não havia estradas, calçadas ou muita gente naquela região.

Neste domingo, um dos pais da bossa nova volta à mesma praia, lugar que o menino de 13 anos guarda na memória, embora sem cores. Menescal vai tocar na areia do balneário às 20h, horário de muitos prédios acesos, carros nas ruas e calçadão cheio de gente. Mas, para ele e para a bossa, a paisagem do oposto é a que importa. “O mar é a minha vida”, diz.

Embora radicado no Rio de Janeiro, Roberto Menescal nasceu em Vitória. Ele volta, agora, para tocar durante as comemorações do aniversário de 462 anos da Capital, ao lado do grupo Brasilidade Geral e da cantora Andréa Amorim, que lançou recentemente um disco em parceria com o veterano. Na mesma noite, sobe ao palco outro capixaba, da novíssima geração de expoentes do cancioneiro nacional, SILVA (leia mais sobre ele abaixo).

Aberto ao público, o show de Menescal tira a bossa nova dos teatros e a leva para um palco a céu aberto. “Não faço a menor ideia de como vai ser”, diz. “Vou chegar em cima da hora. Nunca toquei com o Brasilidade Geral.”

O tempo curto de preparação, no entanto, não deve provocar nenhum deslize. Basta dar uma repassada na carreira do capixaba.

Roberto Menescal tem 75 anos, 57 deles vividos ao violão. Ao lado de Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli e Tom Jobim, criou a bossa nova, um dos gêneros de maior sucesso dentro e fora do Brasil. Durante a longa carreira, compôs e orquestrou discos próprios e de outros artistas, a exemplo de Maysa e João Bosco.

No cargo de diretor artístico da gravadora Polygram, lançou Emílio Santiago, Fagner, Maria Bethânia e mais uma série de expoentes da música nacional. Desde que saiu do posto, compôs e gravou uma bossa nova diferente, com elementos atuais, ao lado de artistas contemporâneos, como o Bossacucanova.

Todo início de mês, Menescal toca no Rio Bossa Nova Festival, evento que abriga seu show duplo na casa Miranda, na Lagoa. Em 21 de novembro deste ano, ele vai receber o Prêmio à Excelência Musical da Academia Latina da Gravação, na cerimônia do Grammy Latino.

Como se vê, a agenda só ficou mais cheia com o passar do tempo. Roberto Menescal faz tantos shows que se define como “a Ivete Sangalo da bossa nova”. “Nossa música continua. Desde 1980, vou todos os anos para o Japão e para a Europa”, diz.

Segundo o músico, o repertório cinquentão sobrevive, em grande parte, por meio da internet. É a rede que dribla a audiência da televisão, espaço de divulgação de gêneros como sertanejo e pagode.

“Somos muito atuantes, mas não tão populares no sentido de visibilidade. Viramos uma coisa meio chique (risos)”, brinca. “Agora a MPB é a ‘Música para Pular Brasileira’.”

Para sair mais vezes do teatro, Menescal diz que a bossa nova precisa de sangue novo, seja no palco, seja na plateia. “Quando surgiu, a bossa já era uma renovação dentro do samba. Nós temos que abrir a cabeça para as coisas novas”, diz.

SILVA volta com novo prêmio na bagagem

Em complemento à tradicional bossa de Roberto Menescal, o capixaba SILVA, uma das revelações da música nacional, traz sua MPB misturada com elementos eletrônicos para as comemorações dos 462 anos de Vitória, no domingo. “Será o show que ainda tenho feito do primeiro disco, ‘Claridão’, em que geralmente canto todas as canções do álbum”, explica o músico, que chega para a apresentação com mais um troféu no currículo.

Na terça-feira, dia 3, SILVA venceu a categoria Nova Canção, do Prêmio Multishow de Música Brasileira, com “Amor Pra Depois” (conheça os outros vencedores na página 7). “A música, que foi feita avulsa ao disco, agora deve entrar para o show de vez”, acrescenta Silva em entrevista ao C2, na tarde de ontem, quando se mostrou empolgado com seu segundo show na cidade onde nasceu.

Sobre o prêmio, Silva confessa que, mesmo após receber tantos elogios da crítica especializada, pensou que poderia ficar de fora. “Achava que tinha possibilidade de ganhar, mas era o Superjúri votando. Então, a gente nunca sabe o que vai dar. Costumo não esperar muito, apesar de ganhar ser sempre legal. Além disso, tinha amigo meu concorrendo na categoria (o cantor Wado). Mas fiquei superfeliz”, conta.

Novo disco

SILVA aproveitou os bastidores do Prêmio Multishow, onde apresentou a canção vencedora, para costurar possíveis parcerias para o novo disco. “Tive contato com bandas grandes, como o Skank, e um contato melhor com o Guilherme Arantes, que sempre tive vontade de conhecer. Conversamos bastante”, conta SILVA, que ainda não chegou a fazer convites a outros músicos e intérpretes para parcerias no próximo trabalho. “Estou pensando com carinho em quem vou chamar para cantar comigo.”

A partir da próxima semana, o músico entra em uma fase mais intensa da produção do novo disco, previsto para ser lançado no início de 2014. “Por causa dos compromissos dos últimos meses, a produção do álbum acabou atrasando. Mas agora que farei shows mais esporadicamente, vou pegar pesado e trabalhar até o fim do ano no disco”, adianta. (Erik Oakes)

Aniversário de vitóriaAtrações: shows de Brasilidade Geral, Roberto Menescal e SILVA
Quando: domingo, a partir das 20h
Onde: Praia de Camburi, próximo ao Hotel Aruan. Avenida Dante Michelini, Mata da Praia, Vitória
Entrada gratuita
Informações: www.vitoria.es.gov.br

Retirado integralmente de A Gazeta