CRÍTICA DO FILME 'TRAPAÇA'

Estreou neste fim de semana nos cinemas ‘Trapaça’, novo filme de David O. Russell, que tem como protagonistas Amy Adams e Christian Bale. Forte candidato ao Oscar de melhor filme, a trama de Russell promete fortes emoções. ‘Trapaça’ vale o que dizem? Confiram nossas impressões abaixo:

Por Sandro Bahiense            

                                                               

Bom para Hollywood, ruim para o público

Filme agrada críticos, mas deixa espectadores com sono

Uma trama que habitualmente agrada aos críticos de cinema, um elenco forte e bem explorado e reviravoltas que terminam com um bandido arrependido e um final feliz. Pronto: Está feito um filme candidato ao Oscar. E é aí que entra ‘Trapaça’.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o problema do filme de David O. Russell (novo queridinho da América) é que ‘Trapaça’ até agrada a crítica, mas não ao público. Em grande parte porque é longo demais, pouco explicado demais, arrastado demais...

A trama

American Hustle (no original) conta a história de dois trapaceiros (Bale e Adams) que são forçados a colaborar com um agente do FBI (Cooper) que quer derrubar uma série de políticos e mafiosos. 

Só o elenco não salva

Três motivos para assistirmos o filme estão expostos em sua trama: Bale, Adams e Cooper. Soma-se a eles a (cada vez mais) excelente Jennifer Lawrence. O elenco é o ponto forte do filme.

Com atuações impecáveis e sendo explorados em sua plenitude por um diretor que demonstra saber tirar o melhor de cada um, Bale, Adams, Cooper e Lawrence montam um quadrado firme que acaba dando consistência a um filme que, a princípio, passa muito longe de ser marcante.

Isso porque a estória de um malandro que passa a trabalhar para o governo não é nova, ainda mais em um filme exageradamente com mais de duas horas em que as sucessões de golpes e contra golpes vão ficando repetitivas e complicadas de entender à medida que novas soluções tem de ser elaboradas.

Hollywood curtiu isso

Não que ‘Trapaça’ seja ruim, não que ‘Trapaça’ não seja engenhoso. É claro que é! Ainda mais porque o diretor David O. Russell tem se especializado em filmar a psique humana (em especial a da loucura) como poucos. No filme, o personagem de Lawrence (estou torcendo muito para que ela ganhe como melhor atriz coadjuvante) retrata isso em especial.

Todos os sãos do filme tem seu momento de loucura, em destaque para o personagem de um surpreendente Bradley Cooper, que tem se mostrado cada vez mais seguro. Christian Bale também esteve ótimo, Amy Adams também. Fosse somente pelas atuações, estaria tudo bem, mas um filme não é só seu elenco.

Contudo, para Hollywood, grandes atuações bastam, mesmo em um filme que não é original e tampouco marcante. Filme envolvendo políticos e bandidos que ficam bonzinhos é o suficiente. Deveria?

Cada vez mais vejo (injustamente) ‘Trapaça’ como favorito ao Oscar e ‘O Lobo de Wall Street’ longe. Tomara que a academia me surpreenda. Tomara.

Você espectador: Então... O filme é longo... Com algumas resoluções difíceis de entender... Se você é paciente vá assistir. Mas se for impaciente é melhor largar o cinema pra lá e ir à praia. Aliás, com esse calor...