domingo, 2 de fevereiro de 2014

CRÔNICAS DE DOMINGO‏ - PARTE 2: O MELHOR DO OSCAR 2014 (E FORA DELE TAMBÉM)


O MELHOR DO OSCAR 2014 (E FORA DELE TAMBÉM)

Começou a temporada do Oscar, muita gente não sabe, mas é uma hora em que a galera da pirataria “deita o cabelo” (nunca consegui entender o que essa expressão quer dizer), porque imediatamente começam a vazar os Dvdscr, as famosas cópias promocionais da indústria do cinema. Em muitos destes aparecem aquelas tarjas “for your consideration”, mas preservam a mesma qualidade de um dvd.

Hoje é possível baixar pela internet mais filmes do que um adulto responsável, empregado e com residência fixa é capaz de assistir. Ainda assim, confesso que emprestei meu tempo à apreciação de seis dos nove indicados ao Oscar 2014 de melhor filme. Deveria ter visto sete, mas reconheço publicamente que comecei a ver o “Ela” no domingo, depois de uma moqueca de banana da terra, algumas "Braminhas" além do programado e, enfim, acabei dormindo.

Vamos aos comentários sobre alguns concorrentes:

Trapaça

É do mesmo diretor de O Lado Bom da Vida (David O. Russel), filme que causou no Oscar do ano passado, mas a história desta vez não empolga tanto. A atuação de Christian Bale é um espetáculo à parte, não sei se vai valer o Oscar de melhor ator porque a briga está feia esse ano. Minha aposta vai para Matthew MacConaughey pelo filme que segue:

Clube de Compras Dallas

É o “Filadélfia” de Matthew MacConaughey, um ator que amadurece tentando se descolar da imagem de galã. Clube de Compras Dallas é um filme que aborda de maneira contundente e inteligente várias facetas do preconceito e da homofobia. É também um bom filme sobre amizade e se não bastasse tudo, é uma pancada contra a indústria farmacêutica.
   
Gravidade

Minha aposta de melhor filme vai pra essa saga espacial, mas já vimos várias histórias parecidas. O roteiro lembra especialmente duas produções de 2010: Enterrado Vivo e 127 Horas. Gostei muito da concepção visual dos astronautas orbitando a Terra, digamos assim, e a forma grandiosa e deslumbrante como a história é narrada. 

12 anos de escravidão

O grande concorrente e para muitos uma surpresa, Ana Maria Baiana mesmo disse que achava que os gringos não iam dar conta de privilegiar um filme abordando um assunto tão vergonhoso como foi a escravidão e particularmente as sacanagens aprontadas ao longo de 12 anos com o indivíduo em questão. É uma obra baseada em fatos reais, feita a partir de um livro deixado pelo personagem principal. A interpretação endemoniada de Michael Fassbender mostra que o ator é hoje um dos maiores de Hollywood.
  
Capitão Philips

Outra história baseada em fatos reais, estes bem recentes, com uma interpretação vigorosa de Tom Hanks, especialmente nos quinze minutos finais. Não valeu a indicação ao Oscar de melhor ator, mas, como dito, a concorrência este ano está acirrada “de com força”. Por ser uma história verídica é um filme bastante contundente, contado com ritmo e clímax poderoso.

O Lobo de Wall Street

Scorcese é meio doido e seu cinema às vezes tido como irregular, porém, o seu lado mais maluco, que para mim é o melhor, vence nessa produção. É uma tragicomédia estofada com sacanagem, exageros e muita piração; um filme ostentação, digamos assim. As sequências entre Leonardo DiCaprio e Jonah Hill, o impagável gordinho de O Pior Emprego do Mundo, tentando brigar doidões e de matar de rir. O filme é enooorme, mas garante boas risadas, se você tem gosto para cinismo e humor negro. 

BONS FILMES QUE NÃO FORAM LEMBRADOS

“Rush” é um filme sensacional, obrigatório para os fãs antigos de Fórmula 1. Até certo ponto achei que faltou retratar melhor as loucuras de James Hunt, talvez se fosse filmado pelo Scorcese, mas mostra a rivalidade com Niki Lauda e os bastidores da principal categoria do automobilismo numa época em que um ou dois pilotos morriam todo ano. Para complementar vale a pena também assistir aos documentários “BBC4 Grand Prix-The Killer Years” e “When Playboys Ruled the World”.

Um lindo filme, feito com muito carinho, é “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”. A interpretação de Emma Thompson, no papel de uma escritora distímica é pura adrenalina, coitada, ela também não foi lembrada pelo Oscar. Preste atenção, no final do filme, quando soa a gravação com a voz da verdadeira P.L. Travers e veja como foi perfeita a caracterização de Emma. 

A TÍTULO DE CODA

Não deixe de ver o documentário “Fúria Animal (Blackfish)”. Contado a partir do episódio em que a orca Tilikum mata a treinadora Down Branscheau, em 2010, em frente a uma plateia lotada no Seaworld da Flórida. É um bom filme sobre "salvar as baleias" ... E os humanos também.


Juca Magalhães é músico, escritor e ex-integrante do grupo “Pó de Anjo”.  É um dos mais requisitados mestre de cerimônias do Estado, com atuação em eventos públicos e privados. Autor do blog a “Letra Elektrônica” e textos publicados no Caderno Pensar, do Jornal A Gazeta. É autor dos livros “O Livro do Pó” e “Da Capo - De Volta às Origens da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo”. Magalhães também trabalha na divulgação e desenvolvimento de projetos voltados para educação e performance de música, sobretudo canto coral, clássica e popular.

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