Estreou neste fim de semana nos nossos cinemas o filme 'O Conselheiro do Crime'. Recheado de grandes estrelas do porte de Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Penélope Cruz e Cameron Diaz o filme prometia ser um grande estouro para uma grande história. Confira a crítica do Outros 300 acerca do filme.
Por Sandro Bahiense
Uma aposta de risco
Scott usa elenco estelar apenas como chamativo para uma história muito mais elaborada
Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Penélope Cruz, Cameron Diaz, papagaio e periquito. Esqueça essa turma toda (talvez não a Cameron Diaz), pois tudo que 'O Conselheiro do Crime' não usa é seu elenco. Logo, os rostinhos famosos citados acima servem somente - e tão somente - para levar os fãs às salas de cinemas porque, a partir de lá, os protagonistas de verdade passam a ser os diálogos e as morais das histórias baseadas nas decisões de cada um.
Até quebrarei o protocolo e nem escreverei a trama do filme porque ela, de verdade, não tem a menor relevância ao que você se deparará.
A coisa é complexa em sua essência e nem me permitirei elogiar ou mal falar sobre o filme. 'O Conselheiro do Crime' é um filme que te faz pensar e que não te leva a lugar nenhum, ou a muitos lugares, sei lá.
Contudo vale alguns apontamentos. Primeiro, se você gosta de filme de ação, explosões, tramas mirabolantes e coisas do tipo não vá ver este filme. 'O Conselheiro...' é um filme extremamente falado, pautado quase que exclusivamente nos diálogos (conselhos) referente ao destino a qual as pessoas envolvidas escolherão caso tomem aquele caminho.
O conselheiro? Bem... Ele, paradoxalmente, é o que recebe mais conselhos...
O desfecho é absolutamente previsível desde (acreditem) a primeira fala da personagem de Diaz e nada muda. A (suposta) virtude do filme é esta: Contar uma história que a gente já sabe o final.
Logo você não irá se surpreender com nada, tudo é bem linear e esperado. Talvez você só irá se surpreender com os trajes pra lá de extravagantes de Barden e Diaz (e para seus tigres de estimação), com a malandragem exagerada de Pitt, ou com, acreditem, a covardia exacerbada de Fassbender - o conselheiro em questão. Deméritos do elenco? Nada disso! Eles só foram os meios pelos qual os diálogos (estes sim estrelas do filme) eram expostos. Se em vez deles fossem Sophie Charlote, Sérgio Mallandro e o Cigano Igor interpretando as cenas, o resultado seria o mesmo.
Por isso Scott usou e abusou de cenas extravagantes e evidentemente exageradas. Não havia preocupação com a trama em si, pois seu final já estava concebido. O cuidado era com os diálogos, e com o impacto que aquilo faria nos personagens e - por que não - na gente também. Por isso que uma ou outra fala apelava para os bons e velhos clichês, pois são eles, os clichês, que representam tão bem, em palavras, a vida, não é?
Tenho de admitir que fiquei boquiaberto com a ousadia de Ridley Scott em contar tão estranha história e a "desperdiçar" tão estelar elenco deliberadamente quanto em 'O Conselheiro do Crime'. Um filme que não me permitiu gostar, ou desgostar dele. Admito que isso me deu uma onda até.
Bem... Caso você queira se arriscar prepare-se para 90 minutos de diálogo, quase nenhuma ação e para a Cameron Diaz esfregando a boceta no capô de uma Ferrari. 'O Conselheiro do Crime' é um filme muito louco gente.
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