"Por Territórios e Lugares" estreia nesta terça-feira no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes) com a exposição de vídeos, fotografias e arte conceitual. Saiba mais lendo a matéria completa.
Por Fiorella Gomes e Darshany Loyola
Uma viagem poética por territórios no Museu de Arte do Espírito Santo
"Por Territórios e Lugares" estreia nesta terça-feira com vídeos, fotografias e arte
Uma imersão por diversos territórios somada à visão crítica da relação entre pessoas e espaços geográficos. Tudo isso com uma construção poética. É o que promete a exposição “Por territórios e lugares”, que começa hoje, às 19h, no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes). A mostra fica em exposição até o dia 1º de dezembro.
Vídeos, fotografias e arte conceitual compõem as propostas contemporâneas para retratar o tema “lugar”. Quem visitar a mostra irá se deparar com cinco ambientes trabalhados de forma independente pelos artistas Ivo Godoy, Gui Castor, Mariana Reis, Juliana Morgado, além do Coletivo Monográfico, como revela a curadora do Maes, Elza Filgueiras.
“A exposição é formada por cinco espaços diferentes, e cada um deles possui um conceito chave, trabalhado de forma independente pelo artista”, explica Elza. “Museu-Ecrã”, de Ivo Godoy, por exemplo, discute a questão do museu enquanto instituição, e as relações entre artistas e espectador.
Para dar vida ao projeto, Godoy registrou 10 horas de vídeos com as reações dos visitantes de museus na Argentina, Espanha, Nova York e Paris. “Serão vários museus dentro de um. Essa questão toda veio de a gente pensar o museu que está sendo construído em Vitória, o Cais das Artes”, adianta.
Já o Coletivo Monográfico, preparou um diagrama espacial para a sua “Ínfimos Corriqueiros”, como forma de retratar a relação entre o sujeito e mundo-percebido. “Buscamos encontrar coisas pequenas e criar alguma situação que seja encarada como um trabalho de arte”, explica Rodrigo Hipólito, que integra o Coletivo ao lado de Joani Caroline e Fabiana Pedroni.
“Por territórios e Lugares” ainda apresenta um programa educativo com atividades de formação de professores e educadores, acerca dos conceitos que envolvem a exposição e arte contempoânea. Um ciclo de palestras será realizado sempre aos sábados, a partir das 10h, com Oficina de Projeção. As visitas são de terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. As inscrições são gratuitas.
Exposição sobre Cândido Portinari
Raymundo Ottoni de Castro Maya, ou simplesmente Castro Maya, foi editor de livros, fundador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e incansável colecionador. Cândido Portinari, mesmo 51 anos após sua morte, ainda é um dos maiores artistas plásticos do Brasil e o pintor brasileiro de maior projeção internacional. Que tipo de relacionamento poderia surgir entres os dois nomes, além da possível relação entre pintor e colecionador? É isso que os capixabas vão descobrir, ou saber um pouco mais, na exposição “Portinari na Coleção Castro Maya”, que chega ao Estado na quinta-feira, dia 17, no Palácio Anchieta, em Vitória.
Castro Maya e Cândido Portinari foram grandes amigos entre as décadas de 1940 e 1960. Dessa amizade, surgiu um acervo pessoal com 168 obras originais do artista, todas guardadas pelo colecionador. Mas tudo começou com um grande negócio. Criador da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil (responsável por editar 23 obras de literatura brasileira, ilustradas por grandes nomes das artes plásticas do país), Maya editava, em 1942, o primeiro livro da coleção, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1881.
Para ilustrar a obra, convidou Portinari, que, em 1943, ano do lançamento do livro, também inauguraria uma exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes, com 168 trabalhos. “Eles começaram o relacionamento a partir de uma encomenda para ilustração do livro de Machado de Assis. Daí, desenvolveram uma amizade que durou 20 anos, até a morte de Portinari”, conta Anna Paola Baptista, curadora da exposição.
No Natal daquele ano, Portinari presenteou Maya com a tela “Retrato de Castro Maya”. A partir daí, encomendas, doações e aquisições foram enriquecendo o acervo, que continuou a crescer mesmo após a morte do artista de Brodowski, cidade do interior paulista, em 1962 – Castro Maya negociou as pinturas de Portinari até as vésperas da própria morte, em 1968. “É uma exposição que, além de apresentar Portinari, apresenta também outro ator muito importante do cenário cultural brasileiro, que é o Castro Maya”, comenta Anna Paola.
“Portinari na Coleção Castro Maya” é uma das mais importantes coleções de arte moderna do mundo. Seu grande diferencial é que, em vez de mostrar fases e temas específicos do pintor, propicia uma visão completa de sua obra, com uma coleção baseada na relação pessoal que ele estabeleceu com o colecionador.
A exposição
Como é baseada nas relações tecidas ao longo do tempo entre Cândido Portinari e Castro Maya, a exposição, que em Vitória exibirá 57 obras, foi dividida em três núcleos, que mostram três facetas diferentes da amizade. O primeiro núcleo, denominado “Colecionador”, traz as obras de Portinari adquiridas por Maya em leilões, galerias de arte e no próprio ateliê do artista. Destacam-se trabalhos como “Menino com Pião” (1947), “O Sonho (1938)”, “Grupo de Meninas Brincando” (1940), “A Barca” e “O Sapateiro de Brodósqui” (1941), “Lavadeiras” (1943) e “Morro nº 11” (1958), além da série “Dom Quixote”.
Já “Mecenas”, segundo núcleo da mostra, exibe trabalhos e projetos especiais encomendados por Castro Maya a Portinari, como as gravuras “Menino a Chupar Cana”, “Trabalhadores do Engenho”, “Retrato de Menino”, “Velha Totonha” e “Homem a Cavalo”, todos realizados entre 1958 e 1959. E, por último, a sequência “Amigo” é composta por registros, fotos, documentos e obras que testemunham o afeto e as afinidades que uniram Cândido Portinari e Castro Maya. Todos os núcleos se complementam com documentos, fotografias e material bibliográfico de ambos.
Inédita em Vitória, “Portinari na Coleção Castro Maya” tem rodado o Brasil há cinco anos, passando por lugares como Curitiba, Porto Alegre e Brasília. Na capital capixaba, diferentemente de outros lugares, a exposição terá entrada gratuita. “Isso é uma das coisas que estimulam a gente. Ela é de graça para qualquer um que desejar visitar. Portinari merecia vir para o Espírito Santo com um de seus maiores acervos. Queríamos colocar Vitória nesse eixo da cultura, que geralmente fica muito em Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte”, afirma o produtor Bruno Lopes, responsável por trazer a mostra ao Estado.
Para a artista plástica Maria Helena Lindenberg, secretária de diretoria do Sindicato dos Artistas Plásticos Profissionais do Espirito Santo, a coleção é importante pois foi baseada na amizade que Portinari e Castro Maya desenvolveram. “O Portinari foi uma figura marcante na arte brasileira. Ele se voltou para os problemas sociais do Brasil, este é um tema recorrente do trabalho dele. O Castro Maya foi um colecionador, mas essa coleção não surgiu para ganhar dinheiro. É o resultado de uma grande amizade”, diz Maria Helena.
A exposição será aberta ao público na sexta-feira, dia 18, e fica no Estado até o dia 15 de dezembro. “É uma oportunidade para o público conhecer mais da obra de um dos mais importantes artistas brasileiros que já existiram”, declara Anna Paola.
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