ALEGORIA LÍQUIDA
O líquido que Bauman sentiu nas calças
E o constrangeu de forma tamanha...
Não sabia ao menos por onde havia...
Se é que havia!
E ele achou que todos notariam,
Todos pensariam que o velho sábio
Já não mais controlava seu débil corpo;
Constrangia-se como um egocêntrico adolescente.
Ninguém notara!
“O tempo não pára”
“O pop não poupa niguém”
E todos tão satisfeitos da ilusão da solidez...
Em suas calças tão satisfatórias;
Mas vira esse pobre louco
Que o líquido era de (em;para;por) todos
E todos fluíam em silhuetas tão sólidas,
Que a razão mais religiosa do ateu (pobre idiota!)
Se entranhava e convivia harmonicamente
Com alógica da narrativa mística dos crentes
Misturados e não ligados,
ferro e barro; “ejaculados
na velocidade terrível da queda”
O tempo que se não sonhou
Virou sonhos de consumo
Servidos pela frustrada razão científica;
Fábrica de tecnologia da futilidade...
E o imperativo dos poderes bartianos:
“faça-se a tese, da tese e de teses
E de pesquisas direcionadas pela tese
Da pesquisa de consumo, de opinião,
de intenção de voto (de confiança).
Vamos consumamos
“Alguma droga que nos dê alegria”
“Latas e litros de paz teleguiada”
Intrigado pelo líquido que, tão sólido outrora, perdeu liga,
O cientista põe-se a investigar ao microscópio onírico
O etéreo símbolo da degradação.
João
Carlos Barcelos Ramos é graduado em Letras Português pela Universidade Federal do
Espírito Santo e pós graduado e Educação Especial e Inclusiva pela Faculdade
Ateneu. Atua como professor de Língua Portuguesa na rede estadual de educação
do Espírito Santo. Posta seus poemas, pensamentos, entre outros, em seu blog http://muralsarauvaral.blogspot.com.br/. Abaixo, confira
o poema “O Silêncio dos... covardes”:
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