Além de 'Serra Pelada' (veja crítica no post anterior) outra grande estreia nos cinemas capixabas neste fim de semana foi de 'Os Suspeitos'. Assim como 'Gravidade' o filme chega aos cinemas do mundo devidamente gabaritado como favorito ao Oscar. Saiba mais sobre o filme lendo a matéria completa.
Por Rafael Braz
"Os suspeitos": o desespero familiar em drama policial, empolga críticos
O filme é uma das apostas certeiras na maior festa do cinema, com roteiro emocionante e elenco de primeira
Depois da estreia de “Gravidade”, na semana passada, “Os Suspeitos”, que chegou aos cinemas na sexta-feira passada, é a segunda estreia do ano que tem o famoso “cheiro de Oscar”. Dirigido pelo canadense Denis Villeneuve, indicado ao maior prêmio do cinema pelo excelente “Incêndios” (2010), “Os Suspeitos” traz Hugh Jackman (“Os Miseráveis”) e Jake Gyllenhaal (“Zodíaco”) como protagonistas em um drama policial tenso o suficiente para colocá-lo no mesmo patamar dos grandes filmes do gênero.
A trama tem início quando, durante um jantar entre os casais Keller e Grace Dover (Jackman e Maria Bello) e Franklin e Nancy Birch (Terrence Howard e Viola Davis), as filhas de ambos saem para brincar e não retornam. Começa, então, uma caçada frenética para descobrir o que aconteceu às duas crianças.
À frente da investigação policial está o detetive Loki (Jake Gyllenhaal), que vê o caso se complicar à medida que o tempo passa. Enquanto o detetive estuda as diversas e difusas pistas, o desespero de Keller em encontrar as meninas faz com que ele tome atitudes mais drásticas: ele sequestra e tortura um dos principais suspeitos, interpretado por Paul Dano.
Roteiro
O texto de Aaron Guzikowski (“Contrabando”) pode dividir opiniões. O roteirista escolhe deixar o espectador alguns passos à frente do personagem de Gyllenhaal. A opção pode fazer com que o público se incomode com a inoperância do detetive, que acaba deixando escapar algumas pistas valiosas, mas, ao mesmo tempo, aproxima o espectador do personagem de Hugh Jackman, que tem a identidade mais bem construída de toda a trama.
O mistério se desenvolve em um grande clima de suspense, com alguns momentos bem tensos, que chegam a lembrar o excelente “Zodíaco” (2007), de David Fincher, obra também protagonizada por Gyllenhaal. Aqui, no entanto, seu Loki não é tão afetado pelos crimes; sua vida pessoal é mantida distante, e o caso não o consome emocionalmente. Toda a carga emocional da trama fica com Hugh Jackman, com uma indicação bem provável a Melhor Ator no Oscar 2014.
Quem também deve receber mais uma indicação – e, quem sabe, uma estatueta – é o diretor de fotografia Roger Deakins (“Onde os Fracos Não Têm Vez” e “007 – Skyfall”), que, desde 1995, já foi indicado dez vezes. Deakins transforma os tradicionalmente alegres subúrbios americanos em um cenário desolador, que acompanha o estado de espírito de Keller.
A sede por justiça do personagem de Jackman só desaparece quando ele passa a questionar se seu suspeito é realmente o culpado pelo sequestro das crianças. Nesse ponto, “Os Suspeitos” ganha ainda mais relevância.
Por outro lado, da mesma maneira que “Incêndios”, o filme peca por sua longa duração. Com pouco mais de duas horas e meia de projeção, o texto acaba se repetindo com algumas pistas que não levam a lugar algum. Mesmo assim, a atuação de Hugh Jackman e a forte carga emocional do clímax acabam compensando esses problemas. No fim, o trabalho de Villeneuve não é perfeito, mas pode levar algumas estatuetas douradas para casa.
Maioria do texto vindo de A Gazeta
Adaptação Sandro Bahiense
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