terça-feira, 1 de outubro de 2013

NEY MATOGROSSO EM VITÓRIA

O cantor Ney Matogrosso fará uma apresentação em Vitória neste fim de semana. Saiba onde, quando e quanto custará os ingressos para o show lendo a matéria completa. 

Por Leandro Reis

 Divulgação

As muitas vozes de Ney Matogrosso

Na apresentação no próximo sábado, em Vitória, cantor é acompanhado por um exuberante e moderno cenário


Quando Ney de Souza Pereira subiu ao palco com o Secos & Molhados pela primeira vez, ele não sabia como se comportar. No início da década de 1970, Ney era ator, e nada mais do que isso. Vinha do teatro e não compreendia as nuances da música. Então, resolveu que precisava de um substituto: Ney Matogrosso. “Me deram um espaço de 1m² no palco. Eu disse que ia fazer o que me desse na telha”, diz.

A partir daí, entendeu-se por cantor. Começou, em meio à ditadura, a construir seus 40 anos de performances extravagantes, transgressões sonoras e interpretações arrebatadoras. Neste sábado, o septuagenário Ney Matogrosso leva essa carga libertária para a Arena Vitória, com a apresentação da turnê “Atento aos Sinais”.

Se fosse levado em conta apenas o repertório sonoro, o show de Ney Matogrosso poderia ser descrito como uma compilação de canções de outros músicos. Ney não é compositor. Em “Atento aos Sinais”, ele canta Itamar Assumpção (“Fico Louco”), Dani Black (“Oração”), Lobão (Vida Louca”) e outras músicas, entre clássicos e faixas contemporâneas.

Mas quando o cantor sobe ao palco, com sua voz aguda de contratenor, subverte os sentidos e transforma em suas as músicas de Paulinho da Viola (“Roendo as Unhas”), Cazuza (“Poema”) e Criolo (“Freguês da Meia-Noite”). É como se fossem duas vidas em uma só, masculina ou feminina. Ney Matogrosso é Carmen Miranda no corpo de David Bowie. “Sempre subi (ao palco) como um personagem. Não há aquela mesma agressividade do começo. Fui amadurecendo, ficando mais seguro”, diz o cantor. “Mas os figurinos continuam provocadores. A intenção é que provoquem impacto no público.”

EXTRAVAGÂNCIA

Na apresentação, Ney é acompanhado por um exuberante e moderno cenário, criado por Luiz Stein e Marcus Paulista. O figurino, alternado pelo cantor durante a turnê, é assinado por nomes como Milton Cunha, Ocimar Versolato e Marta Reis. Tudo foi confeccionado para que as roupas dialoguem entre si, desligadas do tempo. “São extravagantes. Não são irreconhecíveis, mas não têm época. Podem ser do futuro”, explica o cantor.

O conceito de shows provocativos vem de muito tempo, como se sabe. Desde os anos 1970, ainda durante a repressão do governo do general Emílio Garrastazu Médici, Ney Matrogosso já se pintava e utilizava adereços incomuns (penas de pavão, chifres de carneiro) nas apresentações do Secos & Molhados, grupo que andou pelo lado mais selvagem da MPB, ao lado de Os Mutantes.

Embora tenha atuado na seção mais transgressora da música brasileira daquela época, com pitadas de rock progressivo e poesias cantadas, Ney Matogrosso nunca estudou música. Diz, aliás, que não ouve música no dia a dia.

“Ouço música quando estou no carro, porque ligo o rádio para saber das notícias”, diz o cantor. “Passo pelas cidades e as pessoas me dão discos. Quando estou prestes a fazer um trabalho, ouço tudo de uma vez.” Assim, descobriu os citados Criolo e Dani Black, além dos grupos Tono e Zabomba, compositores de algumas canções presentes em “Atento aos Sinais”, que deve virar disco de estúdio ainda neste ano.

Ney Matogrosso observa, apesar de afastado da música, como a indústria fonográfica se comporta. Daí as quatro décadas estáveis de trajetória artística. “Fico surpreso (pelos 40 anos de carreira). Vivemos em um país que tem mentalidade descartável.” Segundo ele, um dos motivos da estabilidade é a preocupação maior com as turnês. “Sempre ganhei meu sustento com os shows”, diz.

A produtividade dá ao cantor de 72 anos a vantagem de olhar para frente, apesar de o caminho já percorrido parecer maior. São sete décadas de inconformismo como combustível. Recentemente, até, Ney Matogrosso andou falando sobre política, situação pouco usual em sua carreira. A contestação sempre se deu no palco. E deve continuar lá, ele diz. “As pessoas vão se lembrar de mim como quem sempre defendeu o direito de expressão. Que defendeu todas as liberdades.”

Atento aos Sinais, com Ney MAtogrosso

Quando: sábado, às 22h30 (abertura dos portões às 20h30). Onde: Arena Vitória. Av. Beira Mar, Bento Ferreira, Vitória. Estacionamento: R$ 20. Ingressos: R$ 30 (meia/ arquibancada), R$ 500 (mesa/ setor amarelo), R$ 600 (mesa/ setor cinza), R$ 700 (mesa/ setor roxo) e R$ 800 (mesa/ setor laranja). Mesas vermelhas esgotadas. Pontos de venda: Lojas Cristalis Acessórios (Shopping Vitória, Shoping Mestre Álvaro e Shoping Boulevard Vila Velha), Magia do Perfume (Shopping Vitória e Shopping Praia da Costa) e no site www.blueticket.com.br. Classificação: 16 anos (será permitida a entrada de adolescentes 12 a 15 anos, desde que acompanhados pelos pais). Informações: (27) 3062-0714, (27) 3350-5050 ou pelo site www.patrickribeiro.com.br

Artista lança CD e DVD em parceria

Após o sucesso da primeira apresentação conjunta em 2009, a performance intensa de Ney Matogrosso voltou a encontrar o talento do compositor Dan Nakagawa, em duas apresentações em São Paulo. Misturados a imagens de bastidores, os shows saem agora em CD e DVD, sob o nome de “Dan Nakagawa Convida Ney Matogrosso”. O trabalho é composto por 12 faixas, entre elas o clássico “Sangue Latino”, do Secos & Molhados.
Retirado integralmente de A Gazeta

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