Mais um filme nacional de grande investimento chegou às telonas de cinema do país: 'Serra Pelada'. O filme protagonizado por Juliano Cazarré estreou neste fim de semana e a equipe do Outros 300 esteve lá para assistir. Confiram, abaixo, nossas impressões acerca do filme.
Por Sandro Bahiense
Bonito para ver, feio para entender
Bela edição e fotografia mascaram história rasa e de interpretações medianas
Se 'Serra Pelada' tem um grande mérito, este é o de ter uma bela fotografia e uma edição competente, a nível de O Tempo e o Vento, filme anteriormente tão elogiado por aqui nestes quesitos e que, na época, achei que seria imbatível no ano. Pois bem, pelo menos nas questões técnicas, O Tempo... achou um concorrente a altura.
E ainda bem que 'Serra Pelada' se vale de uma boa técnica, pois o filme em si é fraco de história e conta com um elenco pouco inspirado e nada original.
A trama
Na trama, Juliano (Juliano Cazarré) e o Professor Joaquim (Júlio Andrade) chegam à paraense Serra Pelada em 1980 prometendo amizade acima de tudo e, ao longo de quatro anos, têm sua relação testada pelo dinheiro, na última grande jazida de ouro encontrada no país.
A crítica
Bem... Como dito acima os méritos de 'Serra Pelada' são os efeitos visuais, edição e edição de som. E isto quase consegue mascarar uma história mais rasa do que banheira de neném. O filme é um emaranhado de amizades, traições, e arrependimentos que vão e vem em ritmo moroso e cansativo.
Isto porque a amizade da dupla de protagonistas, e sua perda posteriormente por causa da ganância, é tema tão decorrente em filmes, novelas e séries, que dá quase para a gente adivinhar o que acontecerá em seu final.
E tudo fica ainda pior porque a direção de Heitor Dhalia é lenta, numa tentativa vaga de tentar dar grandiosidade à cenas que não tinham necessidade de sê-la, ainda mais porque, parecem-me, são cópias quase escancaradas de outros filmes como 'Cidade de Deus', 'Carandirú' e 'O Poderoso Chefão' (a cena da ceia intercalada com um tiroteio, em especial).
Porque querer focar mais no layout das cenas do que na história, toda a trama envolvendo Juliano e Joaquim é vista de cima, sem que tenhamos a oportunidade de, de fato, entrarmos no cerne dos personagens, e realmente compramos sua briga.
Contribuiu para isso também as interpretações apenas medianas (elogiados por outros críticos) de Juliano Cazarré e Júlio Andrade e a pouca particividade do elenco de apoio, seja por serem discretos demais, sejam por ser caricatos demais. Sophie Charlote, por exemplo, é a cara da empáfia. Sempre com a mesma fisionomia a atriz insiste em não se jogar de corpo e alma em seus personagens e acaba sempre "interpretando" a si mesma. Pelo menos, dessa vez, ela se salva pela coragem de se expor em um personagem que em alguns momentos do filme foi agredida sexualmente.
De interessante, além da parte técnica do filme, somente, e de novo, Wagner Moura. Impecável como um dos posseiros dos barrancos, o ator conseguiu ser engraçado mesmo com seu personagem sendo ruim de meter medo. Sensacional! Mais um grande atuação de Moura que roubou a cena nos poucos minutos que participou do filme.
'Serra Pelada', apesar dos pesares, é um bom filme, e uma ótima opção de entretenimento. Garanto que será um divertimento bem bacana caso você aposte no filme como escolha de lazer. Divertimento... Não mais do que isso, por favor.
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