quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

CRÍTICA DO FILME 'MINHA MÃE É UMA PEÇA 2'

Nesta continuação do grande sucesso de 2013, Paulo Gustavo e companhia buscam repetir a dose com as mais loucas aventuras de Dona Hermínia, agora uma famosa apresentadora de TV. Teria 'Minha mãe é uma peça 2' tido o mesmo desempenho do primeiro filme? Confira essa e outras respostas sobre a produção lendo a matéria completa.

Por Sandro Bahiense

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Sem espaço para novidades
Segunda parte de 'Minha mãe é uma peça' peca por ser mais do mesmo

Paulo Gustavo é um comediante de um humor, digamos, peculiar. Desconfia-se, ainda, de sua capacidade quando seu maior sucesso seja uma caricatura (imitação?) da mãe do próprio ator. O fato é, contudo, que tal imitação virou uma peça de teatro de gigante sucesso, tendo ainda obtido êxito na TV e no cinema, desembocando nesta continuação. Logo, podemos deduzir que o público "comprou o barulho" do comediante, dando-lhe assim, então, visibilidade.

É pautado neste sucesso de Paulo e de seu quase alter ego Hermínia que 'Minha mãe é uma peça 2' se ampara. Com um roteiro frágil, com subtramas que não chamam atenção de ninguém, o filme se vale somente - e tão somente - na figura de Hermínia, mais especificamente (e mais uma vez) em sua fixação para com a criação de seus filhos. Não há novidades. O mesmíssimo enredo da peça, da série da TV, e do filme número 1 é visto agora nesta trama.

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Não que não se construa algumas situações engraçadas dali, mas o fato é que o filme dá uma cansada por não trazer nada de novo. Em dado momento, aliás, é possível até se irritar um pouco com as repetições de situações dentro do próprio filme. Com isso cabe a Paulo Gustavo todo o brilho da produção, sem que haja espaço para que os coadjuvantes sejam mais do que somente escada para os textos (as vezes afiado, as vezes bobinho, digno de 'Zorra Total') do protagonista. Essa inconstância também chama atenção: As piadas são oportunas e bem criadas em alguns momentos, e absurdamente tolas e descabidas em outras.

A "síndrome de ninho vazio" que, em tese, deveria ser o arco central desta continuação (o filho só vai embora com mais de 60% do filme exibido) é bobo, chato e insiste em querer trazer um ar dramático que por fim mostra-se desnecessário e mal executado. Percebe-se que houve, talvez, uma aposta incorreta do roteiro. Dona Hermínia agora é uma famosa apresentadora de TV e acredito que se o filme focasse nesta perspectiva seria possível arrancar ótimas cenas cômicas. 

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'Minha mãe é uma peça 2' é um filme raso, com alguns furos no roteiro e sem grandes novidades, mas acerta em cheio em buscar um público zen, que só quer passar o tempo e rir sem compromisso. Para isso ele se vale e se garante. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

CRÍTICA DO FILME 'O VENDEDOR DE SONHOS'

Obra adaptada do best seller homônimo de Augusto Cury, 'O vendedor de sonhos' chegou nesta semana aos cinemas e fomos lá conferir. Confira, abaixo, uma crítica não especializada do filme e tire suas conclusões: Afinal, vale a pena ou não passar 93 minutos na sala de cinema em companhia de Mestre, Dr. Júlio e Boca de Mel?

Por Sandro Bahiense

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Um festival de clichês
Roteiro e direção falham e filme mostra-se superficial e óbvio

Um homem quer pular do 21.º andar de um luxuoso prédio. Debaixo, e em meio a uma multidão, um mendigo o vê e decide ajudá-lo. Ele entra no edifício sem ser abordado por ninguém. Vai até a sacada, sai, e se depara com o suicida. Somente depois, que um policial e um psicólogo percebem a ação do tal mendigo. O interpelam. O transeunte os rebate dizendo para "deixar com ele". Os dois dão de ombros e saem.  Situações absurdamente inverossímeis como essa são a tônica de 'O vendedor de sonhos' que, ao respondermos a pergunta da abertura da matéria, só deve ser assistido por fãs de Augusto Cury!

Bem, eu já li o livro. 'O vendedor...' é cheio dessas situações improváveis e deve ser tratado como uma espécie de fábula urbana ou algo do tipo. No cinema, contudo, vender essa ideia da mesma forma é meio estranho. A adaptação do roteiro é terrivelmente falha. L G Bayão praticamente reescreve o que está no livro literalmente, descartando o fato de que literatura e cinema são tipos distintos de arte. Não bastasse, o diretor Jayme Monjardim filma tudo de forma pobre, convencional, como se uma novela fosse. Isso faz com que a história fique o tempo todo rasa, banal e difícil de edificar (o que acredito que era o objetivo mór dos produtores).

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Adaptar um livro ruim para o cinema realmente é uma tarefa hercúlea ('50 tons de cinza' que o diga), mas o fato é que fica difícil emocionar alguém com frases como "você não traiu a mim, e sim a si mesmo" ou "o segredo do sucesso é conquistar aquilo que não se pode comprar" e similares, logo a atuação do roteiro mostra-se decisiva na tarefa de enriquecer a coisa, seja acrescentando, seja retirando partes do original. Isso não ocorre, pelo contrário. 'O vendedor...' parece uma sucessão de banners de auto ajuda do Facebook posto um atrás do outro o que incomoda profundamente.

A má atuação do roteiro de Bayão traz algumas situações esquisitas. O mendigo (que vira 'Mestre' em pouco mais de 5 minutos de filme) salva o psicólogo renomado. O doutor (Dan Stulbach, sofrível e caricato), de terno e gravata, dorme na rua, ao lado do Mestre (César Trancoso, esforçado), do pupilo do Mestre (Boca de Mel - Thiago Mendonça, dispensável) e de mais uns vinte moradores de rua. Ninguém o incomoda, ou o questiona. O mais legal: Todos os mendigos são até bem vestidos, bem barbeados e ninguém bebe ou usa droga. A rua ao redor da "moradia" dos mendigos é limpinha, limpinha. Queria morar neste Brasil de Monjardim e Bayão... 

Mais. Júlio, então, passa a viver com o Mestre e o segue piamente (ok, salvar sua vida é algo espetacular, mas...). O ex mendigo passa a fazer sucesso no Youtube dado a discursos cheios de moral da história que acabaram filmados e postos na rede, mas o legal é que não vemos nenhum desses discursos - e tampouco suas motivações - acontecerem. Apesar de uma explicação óbvia para a desilusão do mendigo, pouco se diz dos porquês dele ter parado naquela situação. O vendedor de sonhos vende tudo, menos sonhos havemos de convir. E por último: Será que um boneco resiste intacto a uma grande explosão???

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Além destes sem número de barbaridades, o discurso - que deveria ser o ponto alto do filme - é absurdamente bobo, risível diria. Em dado momento da trama o Mestre é questionado e posto contra a parede. Seu discurso de redenção beira o ridículo por não dizer nada com nada, mesmo amparado por uma gama gigante de clichês. 

Tecnicamente a coisa não ajuda. Hão muitos planos de São Paulo (de dia, de tarde, de noite, de madrugada...) - o governo de São Paulo é uma dos patrocinadores do filme - a fotografia é apenas razoável e a trilha sonora segue o baixo padrão criativo da coisa (melosa quando a cena pede choro, redentora quando retratava um "conselho" do mestre e assim por diante).

O filme é indicado para quem manda correntes ou orações via Facebook, se emociona com reportagens do Geraldo Luis ou do Gugu ou, claro, for fã dos livros do Augusto Cury. Se você não for nenhum desses, não aconselho gastar seu rico dinheirinho com esse filme.

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"Ame, amar, pois só o amor remove montanha e traz, para si mesmo, o que há de melhor em você..."