segunda-feira, 30 de abril de 2012

PROGRAMAÇÃO CINE JARDINS - 27/04 A 03/05. CONFIRA!


Confira a ótima programação do Cine Jardins (27/04 a 03/05):

Albert Nobbs (Inglaterra/Irlanda, 2011 – 113 min.)

Drama – Classificação 16 anos – todos os dias – 21h15

O diretor colombiano Rodrigo García ("Destinos Ligados"), filho do escritor Gabriel García Marques, nos contempla com este delicado e premiado filme. Nobbs (Glenn Close) é o mordomo que chefia a copa de um importante hotel em Dublin. A história se passa no século XIX e propõe desvendarmos os mistérios que giram em torno de Albert Nobbs, nome adotado por uma mulher que há 30 anos vive como homem para sobreviver na sociedade machista da Irlanda vitoriana. Destaque à atuação espetacular de Glenn Close, que lhe valeu indicação ao Oscar de Melhor Atriz.

Nota do crítico Rodrigo Fonseca (Jornal O Globo): * * * * (Ótimo)

Medos Privados em Lugares Públicos (França/Itália, 2006 – 120 min.) – SESSÃO PERFIL

Drama – Classificação 14 anos – todos os dias – 19h00

Quem assina a direção é ninguém menos que Alain Resnais, um dos mais badalados diretores da Nouvelle Vague após o seu “Hiroshima Mon Amour!” e que até hoje escreve e dirige filmes sensíveis e profundos como “Ervas Daninhas”. O elenco não fica para trás Laura Morante ganhou o Leão de Ouro (categoria Melhor Atriz) no Festival de Veneza graças à sua atuação neste filme, que também foi premiado na Sereníssima com o Leão de Prata na categoria Melhor Filme. Veteranos de duas gerações do cinema francês completam o elenco, como Sabine Azéma, Isabelle Carré, André Dussollier e Pierre Arditi, todos já filmados pelas câmeras de Resnais. “Medos Privados em Lugares Públicos” é praticamente um ensaio sobre a melancolia dos desencontros amorosos justamente em Paris, a cidade do amor. Sem exaltações, um filme equilibrado e distinto.

Nota do crítico Érico Borgo (portal Omelete): * * * * (Ótimo)

Em cartaz somente até 03 de maio de 2012!

A Invenção de Hugo Cabret (EUA, 2011 – 127 min.)

Aventura/Drama – Película 2D Legendado – Livre – todos os dias – 16h45

O novo filme de Martin Scorsese mescla a fantasia histórica e realismo fantástico, aventura, suspense e drama para recontar o surgimento do cinema ficcional. Hugo Cabret (Asa Butterfield) é filho de um exímio relojoeiro que, ao morrer, deixa ao filho o domínio de sua técnica e uma invenção inacabada, um autômato. O filme retrata Paris nos anos 1930, Hugo vive no gigante relógio da estação de trem Paris Nord e sobrevive de pequenos furtos, todavia duas pessoas entrarão na vida de Hugo. A garota Isabelle (Chloë Moretz) é uma jovem aficcionada por livros e o ajudará a descobrir o segredo que esconde o seu robô inacabado, já o velho George Meliès (Bem Kingsley) é dono de uma loja de brinquedos e que foi o responsável por transformar o cinematógrafo dos irmãos Lumiére na maior fábrica de sonhos de todos os tempos. Filme com 11 indicações no Oscar 2012.

Nota do Crítico Marcelo Janot (Jornal O Globo): * * * * * (Excelente)

Pequenos Espiões 4 (EUA, 2011 – 89 min.)

Aventura/Infantil – Dublado 2D – Livre – De sábado a terça – 15h00

Matinê Cine Jardins: todos pagam meia nesta sessão!

Espiã aposentada é chamada de volta ao trabalho e, para se aproximar dos novos enteados, acaba os convocando para uma missão na qual precisa impedir um vilão de destruir o mundo.

Beleza Adormecida (Austrália, 2011 – 104 min.) – ESTRÉIA

Drama – Classificação 16 anos – todos os dias – 21h10

O pensador polonês Zigmund Bauman, em sua obra “O mal-estar da pós-modernidade” escreve que “viver sob condições de esmagadora e auto-eternizante incerteza é uma experiência inteiramente distinta da de uma vida subordinada à tarefa de construir uma identidade”. A diretora Julia Leigh nos submete, em seu filme, não só à paradoxal identidade construída sobre a incerteza através da sua protagonista Lucy (Emily Browning), como também a sensação de mal-estar diante de uma filme de arte que flerta de forma pós-moderna com o clássico “A Bela da Tarde” de Luís Buñuel. O enredo gira em torno de uma jovem que, vivendo em uma grande cidade recorre à prostituição, trabalhos subalternos, fetiches de alto luxo, uso de drogas e mesmo os estudos, sem que tudo isso fuja ao seu senso de normalidade.

Nota do crítico Rubens Ewald Filho: * * * (Bom)

Climas (Turquia/França, 2006 – 101 min.) - ESTRÉIA

Drama – Classificação 14 anos – todos os dias – 19h10

O diretor turco Nuri Bilge Ceyla teve seus quatro últimos filmes indicados à Palma de Ouro no Festival Cannes, dos quais “3 Macacos” lhe garantiu o prêmio de Melhor Diretor (Cannes 2006), “Era Uma Vez na Antólia” ganhou o Grande Prêmio do Júri (Cannes 2011) e “Climas” arrebatou o Prêmio da Crítica Internacional (Cannes 2007). Diretor de linguagem inovadora e intimista, em “Climas”, protagonizado por ele próprio, Ceylan inverte o óbvio ao acompanhar por diferentes perspectivas e de forma brilhante a separação de um casal, as ausências sentidas e superação de ressentimentos.

Nota do crítico Érico Borgo (portal Omelete): * * * * * (Excelente)

Pina (Alemanha/França/Inglaterra, 2011 – 106 min.)

Documentário/Musical – Digital 2D – todos os dias – 17h00

Imortalizada por Federico Fellini, como a princesa Lherimia de “E La Nave Va”, e por Pedro Almodóvar (a coreografia de Café Mülle é apresentado já nas primeiras cenas de “Fale com Ela”), a coreógrafa alemã Pina Bausch foi uma das personalidades artísticas mais relevantes do século XX. O premiado diretor Win Wenders (“Asas do Desejo”, “Buena Vista Social Club”) planejou por mais de 20 anos levar às telas de cinema a experiência inesquecível de seus espetáculos, mas quando iria iniciar as gravações Pina descobre que possui um câncer e falece dois dias depois. Sem depoimentos e mesclando genialmente cenas de arquivos com gravações realizadas por câmeras de captura em 3D com todo o empenho dos bailarinos da Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. “Pina” é uma belíssima homenagem e uma obra de arte de fôlego do genial Win Wenders.

Nota da crítica Consuelo Lins (Jornal O Globo): * * * * * (Excelente)

O Lórax: Em Busca da Trúfula Perdida (EUA, 2012 – 94 min.)

Aventura/Infantil – Dublado 2D – Livre – De sábado a terça – 15h15

Matinê Cine Jardins: todos pagam meia nesta sessão!

Adaptação do livro infantil escrito por Dr. Seuss (o mesmo de "O Grinch") sobre uma criatura que vive num bosque e simboliza o eterno poder da esperança. Na história, um menino está à procura do único objeto capaz de aproximá-lo da garota de seus sonhos. Para encontrá-lo, no entanto, deverá descobrir antes a história de Lorax, uma encantadora e ao mesmo tempo mal humorada criatura que luta para proteger um mundo em vias de extinção.

SERVIÇO

Cine Jardins (Shopping Jardins). Rua Carlos Eduardo Monteiro de Lemos, 262, Jardim da Penha, Vitória/ES, CEP 29.016-120. (27) 3026-8099 (14h-21

WAGNER MOURA SERÁ FELLINI NO CINEMA


Wagner Moura será Federico Fellini em “Fellini Black and White”, projeto indie que Henry Bromell (da sérieHomeland”) escreveu e vai dirigir. As informações são da Variety.

A trama se passa em Los Angeles e segue Fellini em sua primeira visita aos EUA, em março de 1957. O diretor, que deveria participar da cerimônia do Oscar por conta da indicação de Noites de Cabíria, sumiu por 48 horas e quase perdeu a cerimônia (na qual levaria a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro para casa). O roteiro imagina o que teria acontecido durante as horas em que o icônico diretor italiano ficou desaparecido, com Fellini descobrindo o jazz e se apaixonando por uma veterinária enquanto sua esposa, a atriz Giulietta Masina, afoga as mágoas com o cantor e ator Ricky Nelson.

Terrence Howard (“Na Estrada”), Peter Dinklage (“Game of Thrones”) e William H. Macy (“Shameless”) completam o elenco. Howard será um músico de jazz, Macy será o relações públicas do diretor e Dinklage será o amante da veterinária.

Andrew Lazar, da Mad Chance, é o produtor. Não há uma data definida para o início das filmagens. Moura, que despontou com seu papel em “Tropa de Elite”, faz sua estréia internacional em “Elysium”, ao lado de Matt Damon.

"BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE" GANHA TRAILER. CONFIRA!


“Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (The Dark Knight Rises) é o título do terceiro filme de Batman dirigido por Christopher Nolan.

No Brasil, o longa-metragem será lançado em 27 de julho de 2012, uma semana após o lançamento nos EUA. Visando fidelidade visual aos longas anteriores, “Batman Begins” e “Batman - O Cavaleiro das Trevas”, o filme - que encerrará uma trilogia - não será rodado em 3-D nem convertido ao formato, na contramão dos blockbusters de Hollywood. Cópias em IMAX 2D, porém, serão disponibilizadas.

Christian Bale (Batman), Anne Hathaway (Mulher-Gato), Tom Hardy (Bane), Marion Cotillard (Miranda Tate), Joseph Gordon-Levitt (John Blake), Gary Oldman (Comissário Gordon), Morgan Freeman (Lucius Fox), Michael Caine (Alfred), Josh Pence (jovem R'as al Ghul), Daniel Sunjata (um oficial de forças especiais), Diego Klattenhoff (um policial), Juno Temple (Holly Robinson), Nestor Carbonell (prefeito de Gotham), Chris Ellis (um padre), Brett Cullen (um juiz), Burn Gorman, Matthew Modine (Nixon), Tom Conti, Josh Stewart e a menina Joey King estão no elenco.

Abaixo, o aguardado trailer do filme:

1982 O ANO DO ROCK NACIONAL - PARTE 4

Semana passada vimos em "1982 o ano do rock nacional" o surgimento dos Paralamas do Sucesso, da Blitz e de Lulu Santos (não viu? Clique abaixo no link do final da matéria). Hoje veremos o surgimento de uma das maiores bandas nacionais de rock de todos os tempos começava a dar os primeiros passos rumo ao sucesso: O Titãs.



Primeiro show dos Titãs

Ainda como “Titãs do ie-ie-ie” os paulistas fizeram seu primeiro show no dia 28 de setembro de 1982, no SESC Pompeia, descrito pelo hoje baixista e vocalista da banda Branco Mello como uma "sessão maldita", pois teria começado muito tarde, sendo esta após a meia-noite.

No ínício, a banda contava com visual extravagante, com penteados estranhos, maquiagens e ternos coloridos, além de gravatas de bolinhas. Além disso, a primeira formação contava com 9 integrantes, sendo eles Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Belloto, Ciro Pessoa e André Jung, dos quais 6 deles eram vocalistas.


Apresentação dos Titãs no Chacrinha em 1985

Arnaldo, Ciro e Branco eram apenas vocalistas. Sérgio Britto cantava e tocava teclado em algumas músicas. Paulo Miklos e Nando Reis se revezavam no baixo e cantavam, Tony e Marcelo tocavam guitarra e violão respectivamente e André Jung tocava bateria.

Veja na próxima segunda. Quem ajudou e agitou o rock em 1982: Chacrinha, Circo Voador e Rádio Fluminense.

Link postagem da semana passada: http://outros300.blogspot.com.br/2012/04/1982-o-ano-do-rock-nacional-parte-3.html

O MÊS DE MAIO É INSPIRAÇÃO PARA MUITAS LETRAS DA MPB. CONFIRA!


Maio tem início na próxima terça-feira, dia 1°, feriado que se comemora o Dia do Trabalho, e o Outros 300 selecionou algumas canções em comum: suas letras falam exatamente deste mês. A temática é o amor romântico e a saudade, mas também houve espaço para uma música com toque religioso.

O trio carioca Kid Abelha, formado por Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato, lançaram a música "Maio", presente no álbum "Autolove", de 1998. A letra fala de um amor que acabou, confira um trecho:

"Maio já está no final
O que somos nós afinal
se já não nos vemos mais
Estamos longe demais
longe demais"

O cantor Guilherme Arantes também prestigiou o mês em uma música. "Todo Mês De Maio Na Maior" está no repertório do álbum "Amanhã", lançado em 1987. O refrão da faixa é o seguinte:

"Meu cavalo pelo vale
vento no canavial sol na pele
avermelhando a nossa cara-pálida da cidade
...eu, você e só todo mês de maio na maior..."

Com conotação religiosa, a canção "Treze de Maio", da cantora Joanna foi lançada em 2002, como parte do disco "Joanna Em Oração". Confira o trecho que cita o mês:

"A treze de maio na cova da íria,
No céu aparece a Virgem Maria.
Ave, ave, ave Maria!
Ave, ave, ave Maria!"

Já a banda de rock paulistana Gloria gravou a música "Lembranças de Maio", que faz parte do CD "O Fim É Uma Certeza" (2005), mas a letra da canção, que também é romântica, não cita o mês.

O cantor e compositor mineiro Lô Borges também já citou o mês em uma da suas canções mais bonitas, “Vento de Maio” (Vídeo abaixo), que já foi gravada por Elis Regina e Milton Nascimento:

“Vento de raio
Rainha de maio
Estrela cadente

Chegou de repente
O fim da viagem
Agora já não dá mais
Pra voltar atrás...”

Almir Sater homenageou Maio na sua canção “Mês de Maio”:

“Azul do céu brilhou
E o mês de maio, enfim chegou
Olhos vão se abrir, pra tanta cor
É mês de maio, a vida tem seu esplendor...”

*Ricardo Salvalaio com base no Texto de Tatiana Pires (Kboing).


QUEM É VOCÊ?

Novo trabalho do ator paulistano Vinícius Piedade questiona algo muito difícil para os dias de hoje: a verdadeira noção de identidade.

Responda rápido, caro leitor: quem é você? Um médico, um advogado, um professor? Fulano, cicrano ou beltrano? A pergunta, aparentemente simples, suscita um sem-número de respostas, sobretudo nos dias de hoje, em que o ser anda cada vez mais comprimido pelo consumo. Tantos são os apelos que muitos de nós (senão todos) nos perdemos no frêmito de satisfazer nossos desejos. E é exatamente este o mote da peça “Identidade”, monólogo do jovem ator paulistano Vinícius Piedade, que esteve recentemente em cartaz em Vitória, cidade de estreia da turnê nacional do espetáculo.

A peça gira em torno de Rogério Marques do Oliveira, publicitário. Ele tem 38 anos, é casado com Raquel, tem uma filha de quatro anos chamada Michele. É paulistano, corintiano e sabe de cor o número de seu RG, CPF, senha do banco, do cartão, do e-mail... Tudo isso faria de Rogério um homem “normal”, a não ser por um simples motivo: lá pelas tantas, tentando recuperar a mala da esteira do aeroporto, ele é acometido por uma súbita amnésia, que o faz questionar a sua identidade; mas não aquela estampada na carteira. Trata-se da verdadeira identidade, aquela que vem da essência perdida de cada um de nós; O enredo é, simplesmente, isso: a busca de Rogério pelo seu verdadeiro eu.

Questão antiga essa do ser: permeia dos gregos ao cogito cartesiano, até Sartre, com sua filosofia existencialista; também está nas próprias referências teatrais, como Hamlet, de Shakespeare, que indaga “ser ou não ser”; E é aí que a dramaturgia de Vinícius Piedade foi muito feliz ao eleger, como personagem principal, um publicitário. Navegando pelo simbólico, a peça nos remete a um profissional que tem como objetivo criar desejo, a serviço do mercado; e, se Nietzsche vaticinou “a morte de Deus”, esse foi substituído pelo consumo. Tanto que Rogério Marques, do alto de sua “amnésia existencial” está bolando uma campanha para um sabão em pó, ironicamente chamada “Identidade”, em que os personagens estão sempre se unindo em função do produto, como se fossem comprar felicidade em gôndolas.

É então que, lá pelas tantas, Marques sai em busca de seu passado, como seria de se esperar, atrás de alguns amigos de infância; e, como se não houvesse saída, de decepção em decepção, ele descobre que um se torna um ocupado executivo, outro, um pastor de igreja, outro, um playboy viciado em orgias e o último, falecido. Apenas um amigo não é encontrado, perdido, talvez, na mesma teia que enredou o publicitário. E tudo remete, mais uma vez, a uma metáfora da contemporaneidade: o trabalho, a religião, o sexo, a morte e o vazio. Todas as instâncias que oprimem o homem de hoje à obrigação do sucesso, da felicidade, da família perfeita, tudo up for sale, podendo, aparentemente – e mais uma vez – se adquirido em supermercados.

Engana-se, no entanto, quem achar ser a peça difícil demais, cerebrina demais. Vinícius Piedade entrecorta o texto com falas em que o espectador é convidado a participar, opinando na campanha publicitária, por exemplo. O texto tem piadas aqui e ali e até um jogo de “certo ou errado” textual, numa prova de que nada é o que parece ser – e que faz todos rirmos juntos. A linguagem é simples, comum, sem rebuscamento; e não há cenário, mas um interessante jogo de luzes e apenas uma cândida cadeira, que roda com Vinícius para todos os lados, no afã de preencher os espaços vazios, tudo remetendo ao estilo ao ator, num vigoroso trabalho de corpo que vem desde a peça “Cárcere”, outro sucesso apresentado em terras capixabas.

O espetáculo acaba do mesmo jeito que começou: no aeroporto, como numa espécie de “ciclo de Oroborus”. Estaríamos nós condenados à busca da “Identidade”? Numa era de “modernidade líquida”, como diria Zygmunt Bauman, é impossível não se deixar de ver em Rogério Marques de Oliveira. Ele é a metáfora desse nosso tempo louco, em que todos trocamos os templos pelas academias, o conhecimento pelo consumo, o ser pelo ter. Ele é o espelho do homem desfragmentado, perdido, lutando em tentar colar seus próprios cacos, numa era em que perdemos todos os referenciais. Por fim, fica o pergunta: será que Rogério sonhou tudo aquilo ou sua amnésia nos tapeou? Não dá para saber... é tudo um emaranhado de questões sem respostas. Como as dele, em busca da essência perdida. Peça recomendável, certamente.

(Texto do escritor Anaximandro Amorim)


Anaximandro Amorim (1978) é escritor, advogado, bacharel em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e pós-graduado em Direito pela Escola da Magistratura do Trabalho da 17ª Região (EMATRA - 17ª Região). Membro da Associação dos Professores de Francês do Estado do Espírito Santo (APFES), do Conselho Estadual de Cultura, da Academia Espírito-Santense de Letras e da Academia de Letras Humberto de Campos, de Vila Velha/ES.


domingo, 29 de abril de 2012

ENTREVISTA COM O ESCRITOR LUIZ ALBERTO MANTOVANI, QUE LANÇA O LIVRO "RECOMEÇO" NO DIA 05/05


Luiz Alberto Mantovani é escritor, jornalista, professor de Língua Portuguesa e LIBRAS. É formado em Letras-Português pela UFES. “Recomeço” é seu primeiro livro. Confira, abaixo, a entrevista com o escritor:

1 – Olá, Luiz. Primeiramente, como surgiu sua paixão pelas artes?

Resposta: Bem, é uma coisa meio de família, sabe... Meu primo foi um diretor de teatro espetacular. Só não foi para a TV por ser arrimo de família. Começaram a carreira com ele, Paulo Betti, Eliane Giardini, Roberto Gil Camargo e outros mais, todos de Sorocaba/SP. Eu fiz teatro amador, leituras dramáticas, etc. Anos depois fui tentar a carreira na TV, fiz dois testes para ser Vj na MTV, foi uma época muito importante na minha vida. Escrevo desde a minha adolescência, já escrevi muitos artigos de opinião para o “Diário de Sorocaba”. Curto também fotografias artísticas, aquelas em que a gente olha e fica parado, estático... Para falar a verdade, tudo que é arte não tem como ficar sem admirar. Agora, escrever é viajar no tempo sem olhar para o relógio, esquecendo o ponteiro e todos os minutos mais que o cerca.

2 – A escrita foi sua primeira paixão? O que você lia quando jovem? Quem lhe inspirou?

Resposta: Sempre foi, sempre... Eu lembro que lia revistas, jornais e livros. Poemas de Carlos Drummond de Andrade, livros de psicologia, livros que falassem de família, amizade e amor. Li muitos livros religiosos também, como a Bíblia, livros de hermenêutica e filosofia. Tenho uma grande paixão por livros sagrados. Embora muitos digam que religião não se discute, eu afirmo que ela é uma prioridade para mim. Deus está sempre em meu primeiro plano.

3 – Sabemos que você é um ser em extrema intimidade com a escrita, mas, nos diga, outros meios de artes o atraem? Quais? Tem alguma aptidão artística além da escrita?

Resposta: Como eu já disse acima. O teatro me fascina, a teledramaturgia, então, nem se fale. Adoro peças humorísticas, assim como novelas também. É uma pena que a televisão esteja tão decaída, antigamente ela dava prazer, hoje dá náuseas. Programas bons e de qualidade vemos na televisão a cabo, grandes documentários que enchem os olhos. Tristeza é saber que tem acesso a ela são as classes com um poder aquisitivo mais significativo. As classes mais baixas têm que se contentar com apresentadores de emissoras abertas medíocres e sensacionalistas. Talvez eu tenha saído um pouco da pergunta, mas creio na importância de termos um povo mais alfabetizado e letrado, que saiba votar e exigir direitos iguais. Sou apaixonado por aviões, fotografias artísticas, músicas de boa qualidade como Blues, jazz e rock. Na verdade, creio que não existe arte que eu não goste de verdade, eu amo tudo que esteja relacionado a ela...

4 – Como e quando surgiu sua aptidão para a escrita? Quando você achou que era um escritor de fato?

Resposta: Foi em uma sala de aula do ensino fundamental, estávamos tendo aula de língua portuguesa com a professora Terezinha. Lá eu escrevi meu pequeno poema:

“Eu gostava tanto dela

Debruçado na janela...

Ela parecia uma criança toda feita de esperança...”

Ele está guardado lá em Sorocaba, as sete chaves... Eu achei que era realmente um escritor quando lancei meu primeiro livro “Recomeço” em São Paulo. Sabe aquele sonho de criança, que você tem, pois então: Eu lancei o meu livro no bairro onde nasci, cresci e trabalhei durante anos. A ficha caiu quando olhei a minha volta e vi toda a minha família ao meu redor, vi os meus amigos e amigas que brincavam comigo, era o lançamento do meu livro. Sinceramente é um momento único, é uma reflexão verdadeira sobre o que vale a pena na vida.



5 – Como é seu processo criativo? Quais são suas fontes de inspiração?

Resposta: Não preciso de inspiração para escrever, nunca tive isso, quero dizer aquelas coisas de escrever somente quando estamos apaixonados. Escrever é colocar as palavras no papel, simplesmente isso... Depois vamos lapidando, concertando-as. Escrever é como um artista plástico que vai moldando aos poucos a sua arte... Minhas fontes de inspiração são as minhas famílias daqui do Espírito Santo e de São Paulo, meus amigos e amigas daqui e de lá também. Grandes escritores como Jorge Luis Borges, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Oscar Wilde estão presentes para sempre em minha biblioteca. Não posso deixar de falar da minha fé, ela foi e para sempre será a maior de todas as fontes da minha inspiração.

6 – Você está lançando o livro “Recomeço”. A história começa no dia em que você muda-se de Sorocaba para o Espírito Santo. Com narração rica em detalhes, você relata o que foi essa mudança ocorrida há cinco anos. Conte-nos um pouco sobre “Recomeço”.

Resposta: Meu “recomeço” foi difícil, complexo e com um árduo processo de adaptação. Não tinha amigos e amigas aqui no Estado do Espírito Santo, fiquei mais de um ano e meio desempregado, encontrei muitas dificuldades, muitas. Deixei em São Paulo 20 anos e quatro meses de vida pública, sem contar a família, pai, mãe, irmãos, amigos e amigas os quais amo de coração, sem eles eu não estaria aqui. Aos poucos a vida vai ensinando e mostrando os caminhos que devemos seguir. Entrei na UFES, e a partir de lá a minha começou a decolar novamente. Estudei muito durante todos esses anos, foi um longo caminho percorrido para chegar até aqui, até hoje não parei de estudar, acho de estudar, nunca paramos, não é mesmo? Bem, foi na universidade e através dos meus grandes amigos Renan de Andrade, Ricardo Salvalaio e José Domingos que comecei a levar a literatura mais a sério, e o resultado foi um livro escrito na universidade e mais dois projetos em andamento que no momento não posso dar detalhes... Finalizo essa minha resposta dizendo a importância da minha esposa e enteada em todo esse meu “Recomeço”. Elas tiveram papel primordial, por isso eu as amo e se hoje sou essa pessoa, devo a elas. A minha sogra Florentina Loss Franzin a quem junto com minha esposa Fátima e enteada Caroline foi me receber de braços abertos no aeroporto, eu a agradeço demais pela confiança e amizade. E os meus mais sinceros agradecimentos a todos as muitas outras pessoas que aqui não caberia espaço para eu falar o nome de cada uma. Muito Obrigado!

7 – Você classifica “Recomeço” como sendo um livro político-filosófico. Fale-nos sobre essa sua opinião.

Resposta: A vida é pura reflexão e eu simplesmente deixei uma vida toda para trás para construir uma família. Por isso é filosófico, muitas pessoas querem voar e não conseguem, suas asas estão presas ao dinheiro, as mulheres, aos homens, as famílias, aos amigos, as viagens e ao trabalho. Considero filosófico por isso, a vida é refletir sobre o que queremos e sonhamos, a vida é feita e construída através de atitudes, os fracassos são conseqüências de alguns tombos, mas faz parte, o sucesso vem logo atrás como um tsunami, engolindo toda depressão, angústia e frustração. Digo político, por vivermos em um país corrupto e corrupção é culpa do povo. Afinal, é ele quem vota e coloca os políticos que temos para administrar os nossos impostos. Enquanto não termos educação de qualidade, não teremos uma nação correta, digna, honesta. E como eu amo máximas, segue uma máxima político filosófica de Oscar Niemayer, umas das frases mais reflexivas que eu já li e ouvi sobra a nossa política: "Projetar Brasília para os Políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores prá vocês usarem como pinico. Hoje eu vejo, tristemente, que Brasília nunca deveria ter sido projetada em forma de avião, mas sim de Camburão”.

8 – O livro “Recomeço” é composto de máximas e mínimas. Por que escrever nesses gêneros? A receptividade é grande?

Resposta: Não sei, foi um projeto que nasceu através do laboratório do Professor de Literatura Portuguesa da UFES, Professor Dr. Paulo Roberto Sodré... Lá nasceu o esboço, gostei do gênero e dei continuidade ao trabalho. No fim, surgiu um livro muito além das minhas expectativas.



9 – É possível viver no Brasil escrevendo livros? Por quê?

Resposta: Nada é impossível para aquele que crê, seja em qualquer lugar e no que for fazer... Não tenho essa intenção, tudo é fruto de um trabalho e como todo trabalho, existe uma conseqüência... No momento, só penso em estudar e criar novos projetos, se um dia for para eu viver somente escrevendo livros, que ótimo, será muito bem vindo, vou fazer o que gosto ganhando dinheiro e, com uma editora cuidando de tudo para mim sem eu ter que esquentar a cabeça com nada...

10 – O que você acha dessa massificação dos livros de autoajuda e de vampiros? Acha que é bom para o mercado de livros? E para a população? O que falta para o povo brasileiro consumir uma boa arte?

Resposta: Eu não me importo muito com o que as pessoas lêem, mas me importo muito, para não falar exageradamente, com aquelas que não tem acesso a leitura nenhuma. Preocupa-me por exemplo, as crianças ribeirinhas do Amazonas que viajam quiilômetros dormindo em barcos e ainda correndo o risco de morrerem afogadas, tudo isso para assistir aula em lugares que sequer saberíamos que existiam se não fossem alguns documentários sérios que temos. Em muitos vilarejos, não existe professor e sim colaborador. Então pergunto? Livro de autoajuda pode ajudar em alguma coisa, existem pessoas doentes que são curadas através deles, os de vampiros podem não trazer nada de bom para muitos, mas vamos pensar pelo lado de quem lê e gosta, a de se concordar que quanto mais lemos, mais adquirimos o hábito de lermos cada dia mais e mais, desenvolvendo a nossa capacidade cognitiva, então, quem somos nós para falarmos o que é bom ou ruim? Vemos pessoas falando para não lermos isso, não lermos aquilo, mas o que essa pessoa está fazendo para ajudar aquelas que não tem um caderno sequer para escrever? Essas críticas para mim não querem dizer nada, não me preocupado com isso... O que falta para o povo brasileiro possuir uma boa arte é ter um governo mais alfabetizado e menos corrupto.

11 – Quando e onde será o lançamento de “Recomeço”?

Resposta: O lançamento do livro “Recomeço” será no dia 05 de maio de 2012 em Vila Velha/ES – Bairro Gaivotas - Salão de festas do Edifício Praia dos Namorados, 105 – Apto 904. Ponto de referência: passando o Supermercado Faé e a Praça das Gaivotas, segue em frente, próximo a Padaria Manos, segunda rua à direita, 3º prédio à esquerda, horário 18:30 às 22:00h.

12 – O que podemos esperar de Luiz Alberto Mantovani para 2012? Teremos projetos novos por aí?

Resposta: Grandes novidades. Dois projetos estão em andamento, enquanto existe carvão, o vapor segue em frente sem olhar para trás. Muito obrigado e um forte abraço para vocês!

MAES: EXPOSIÇÃO "MEDITAÇÕES EXTRAVAGANTES", DO ARTISTA NENNA, TEM ESTRADA GRATUITA. CONFIRA!


Está em cartaz, desde o dia 19, a exposição "Meditações Extravagantes", do artista Nenna, no Museu de Artes do Espírito Santo - Dionísio del Santo (Maes). A mostra segue até o dia 22 de julho, com entrada gratuita.

O artista, considerado pioneiro da arte contemporânea no Estado, propõe, nesta mostra, a aproximação e a interação com o espectador e expandiu a exposição para além do território do Museu.

Cada um dos trabalhos revela, de diferentes maneiras, uma íntima conexão entre arte e vida. Nesse conjunto de instalações mesclam-se referências à interferência do homem na natureza, à extração incontida de recursos vegetais e minerais, à construção caótica e desordenada do espaço urbano, ao sincretismo religioso, à memória e à miscigenação cultural, e à tecnologia de ponta.

Durante a abertura, foi interpretada por Lucas Oliveira a música incidental "Meu Amigo Nenna" de Maurício de Oliveira, adaptação para violoncelo solo por Tião de Oliveira.

O evento contou com a presença de amigos e convidados do artista. Também estiveram presentes o secretário de Estado da Cultura José Paulo Viçosi, o prefeito de Vitória, João Coser, o subsecretário de Cultura, Erlon Paschoal, o secretário Municipal de Cultura, Alcione Alvarenga Pinheiro, e o gerente executivo do Instituto Sincades Dorval de Assis Uliana.

"A direção do museu de Artes do Espírito Santo se sente feliz em poder proporcionar uma exposição de tamanha qualidade que certamente vai encantar o público", disse Maria Inês Loureiro, diretora do Maes.

Serviço:

Nenna Meditações Extravagantes


Local: Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes)
Horários de visitação:
Terças-feiras, quintas-feiras e sextas-feiras, das 10h às 18h
Quartas-feiras, das 10h às 21h
Sábados e domingos, das 10h às 17h
Data: de 20 de abril a 22 de julho
Entrada: Gratuita
Visitas agendadas: http://museudeartes.wordpress.com/

TEATRO CARLOS GOMES DIVULGA PROGRAMAÇÃO CULTURAL DE MAIO. CONFIRA!


O Theatro Carlos Gomes, localizado no Centro de Vitória, divulgou a programação cultural para o mês de maio. Entre as atrações estão o projeto "Quarta Clássica", o "Quartas no Theatro", o "Concertos Internacionais", e o "Janela Capixaba", entre outros.

Nos dias 04, 05 e 06, será apresentado o espetáculo teatral "Velha é a Mãe" com Louise Cardoso. Os horários são diferenciados: na sexta-feira e sábado (04 e 05), a peça começará às 20h30min; no domingo (06), às 19 horas. A entrada custa R$ 60,00 e a meia, R$ 30,00.

Dia 09 de maio é a vez da "Quarta Clássica". A Orquestra Sinfônica traz o espetáculo Rapsódia Oriental, com obras de Glazunov. O Maestro Helder Trefzger é o regente da noite e o convidado especial como solista é o violinista Nicolas Koeckert. O espetáculo começa às 20 horas. Os ingressos custam R$ 2,00.
No sábado (12), o projeto "Espírito Mundo ES" traz shows de artistas do Reino Unido, como Honeyffet e Mendi Singh, além de Wanderson Lopes, do Brasil. O evento tem início às 20 horas e os ingressos custam R$ 30,00. No dia 13, a Série "Concertos Especiais" traz, diretamente da Alemanha, a Orquestra de Câmara de Stuttgart. O evento começará às 19h30min e os ingressos custam R$ 20,00.
Dia 17, o projeto "Janela Capixaba" terá apresentação da cantora Dorkas Nunes e convidados às 20 horas. Os ingressos custam R$ 5,00. Na sexta-feira (18), é a vez da Banda Sol na Garganta do Futuro ocupar os palcos do Theatro Carlos Gomes com o espetáculo "No meio de tudo: Espaço". O evento é gratuito e terá início às 20h30min.
No sábado (19), a cantora Kátia Rocha anima o palco do Theatro Carlos Gomes com o show "Hoje o Samba Saiu" que começa às 20h30min. Os ingressos custam R$ 20,00.
Dia 24, o Quarteto "Você" se apresenta às 20 horas para o projeto Concertos Internacionais e os ingressos custam R$ 20,00. No sábado (26), é a vez do pianista Hughes Lèclere se apresentar em seu recital, no projeto "Concertos Internacionais", com início às 20 horas.
Domingo (27), é dia de lançamento do CD "Açorianidade". A apresentação começa às 20 horas e os ingressos custam R$ 20,00.
Dia 31, a série "Concertos Sinfônicos" apresentará obras de Debussy, Ravel, e Villa Lobos. O regente da noite é Roberto Duarte e conta com a participação especial do Coro Sinfônico da Fames e do Coro Camerata do Ifes. O espetáculo terá início às 20h e os ingressos custam R$ 10,00.
TODA QUARTA

No dia 02, o projeto Quartas no Teatro recebe, às 19 horas, o espetáculo "Lá se Vai", da Cia de Dança Homem. Os ingressos custam R$ 2,00.
Dia 16, o espetáculo teatral Matuto Urbano, de Sandro Sam e Pedro Fornaciari, começa às 19 horas. O valor do ingresso popular é de R$ 2,00.
No dia 23, o Grupo de Teatro "Gota, pó e poeira" traz para o projeto Quartas no Teatro o espetáculo "Estórias de um povo de lá", também às 19 horas.
Na última quarta-feira (30), o projeto recebe Kamale e Leandro Solosanto, às 19 horas, com ingressos a R$ 2,00.

Serviço
Theatro Carlos Gomes
Endereço: Praça Costa Pereira - Centro Vitória
Telefone: 3132-8398


EXPOSIÇÃO "MESTRES FRANCESES" TRAZ GRANDES NOMES DA ARTE MODERNA PARA O ES. CONFIRA!


Os capixabas já podem visitar a exposição "Mestres Franceses" no Palácio Anchieta, em Vitória. A mostra, inédita no Brasil, reúne pinturas e gravuras originais dos artistas Edouard Manet, Pierre-Auguste Renoir, Fernand Léger e Marc Chagall. As obras estarão colorindo o Salão Afonso Brás até o dia 10 de junho, e a entrada é franca. A exposição foi lançada oficialmente, na noite desta quinta-feira (26).

A exposição, realizada pelo Governo do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura em parceria com o Instituto Sincades, é uma oportunidade única para o público capixaba conhecer, gratuitamente, os traçados de desenhos dos artistas que contribuíram para o desenvolvimento de movimentos vanguardistas em nível internacional.

Durante o lançamento da exposição, o governador Renato Casagrande destacou a importância da realização da mostra para o Espírito Santo, e principalmente para os estudantes capixabas. "É uma alegria trazer obras deste porte, como os "Mestres Franceses" para os capixabas. Faremos uma conexão da mostra com as escolas. A exposição é um estímulo para a nossa rede de ensino, já que promove aprendizado cognitivo sobre a arte", ressaltou.

O governador também destacou o fato de o Espírito Santo ter recebido várias exposições internacionais nos últimos anos, como as mostras dedicadas a Leonardo da Vinci, Michelangelo, Mestres Espanhóis e Modigliani, e neste ano, o Estado tem o privilégio de receber os precursores da arte moderna mundial. "É uma honra trazer exposições tão importantes, para que os capixabas desfrutem de forma gratuita desta cultura. Em lugar nenhum do mundo isso acontece".

Das gravuras, 25 são de Chagall, 63 obras em serigrafia são de Fernand Léger - pertencentes à coleção "O Circo" -, 11 obras litográficas foram produzidas por Renoir e 32 desenhos de águas-fortes e águas-tintas são de Edouard Manet.

As gravuras mais antigas são de Renoir, datadas de 1841, e representam o recorte das distintas vivências do artista. As cenas demonstram memórias dos vilarejos franceses de Limoges e Cagnes-sur-Mer.
Já Manet é representado por uma série de obras dedicadas a personagens do cotidiano. Chagall, por sua vez, demonstra sua busca espiritual nas 24 litografias da exposição, enquanto Léger poderá ser apreciado pela alegria do circo.

Além da variada temática das gravuras, a mostra tem um frontispício da coleção "Êxodo", de Marc Chagall. O frontispício é a primeira página de um livro que traz o título em referência à obra do mestre francês presente na mostra.

"É um privilégio para o Espírito Santo receber uma exposição deste nível. Nossa intenção é aproximar cada vez mais a arte dos capixabas, além de levar os alunos da rede estadual a apreciar uma arte privilegiada. Isso é democratizar o acesso à cultura. Em lugar nenhum do mundo existe este acesso de forma gratuita", disse o secretário estadual de Cultura José Paulo Viçosi, o Frei Paulão.

O presidente do Instituto Sincades, Idalberto Moro, enfatizou o momento importante que a cultura vem passando no Estado. "O Espírito Santo está definitivamente no circuito de exposições nacionais e internacionais. Podemos afirmar que os capixabas são multiplicadores de conhecimento sobre arte, os números de visitantes comprovam isto". No ano passado, 70 mil pessoas prestigiaram as exposições do Palácio Anchieta.

Também estiveram presentes a presidente da Comissão de Cultura, Luzia Toledo, o subsecretário estadual de de Cultura, Erlon Paschoal, a subsecretária de Patrimônio Cultural, Joelma Consuelo Fonseca e a diretora da Rede Gazeta, Maria Alice Lindenberg.

Agendamento para grupos

Os grupos terão acesso a um atendimento personalizado. Durante a visita serão orientados por monitores, preparados para passar todas as informações sobre as obras e os artistas.

Para garantir a visita guiada é necessário agendar pelo telefone (27) 3636-1032, ou e-mail agendamento@palacioanchieta.es.gov.br. O horário de atendimento é das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas.

Serviço:

Exposição "Mestres Franceses"
Período: 27 de abril a 10 de junho.
Horário e dias de funcionamento:
De terça a sexta-feira - das 09h às 17 horas;
Sábado - das 10 às 17 horas;
Domingo das 10 às 16 horas.
Local: Salão Afonso Brás, no Palácio Anchieta - Centro de Vitória
Entrada gratuita

Agendamento para grupos:
Pelo telefone: (27) 3636-1032 - (27) 3636-1048
Email: agendamento@palacioanchieta.es.gov.br
Mais informações: 3315-7071

ENTREVISTA COM HELDER TREFZGER, MAESTRO TITULAR DA OFES.

Helder Trefzger é maestro Titular da Orquestra Filarmônica do Estado do Espírito Santo desde 1992, é Bacharel em Música-Regência, tendo iniciado seu curso na UnB – Universidade de Brasília – e concluído na UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Teve como principais professores o maestro e compositor Cláudio Santoro, além dos maestros David Machado e Roberto Duarte. Já dirigiu como convidado algumas das principais orquestras brasileiras, como a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, dentre outras, além da Orquestra Artave (Portugal), New World Young Orchestra (Brasil, Itália e Bulgária) e a Orquestra Sinfônica de Bourgas (Bulgária). Confira, abaixo, a entrevista com o maestro:

1 – Olá, Helder. Maestro, como começou a sua paixão pelas artes – e em especial para a música – foi uma coisa sua, de estalo, ou teve influência familiar?

Resposta: A paixão pela música começou de forma natural, despertada pela vontade de aprender a tocar um instrumento e, posteriormente, pela audição de obras-primas da música clássica.

2 – Quando que essa sua paixão pela música iniciou? Foi ouvindo algo em especial? Sua “primeira namorada” foi diretamente a música clássica ou outros nichos musicais o atraiam?

Resposta: Essa paixão começou na adolescência e a primeira obra a me atrair foi a Sinfonia n.º 6, de Beethoven – a Sinfonia Pastoral.

3 – Você conseguiu bolsas para estudar música nos Estados Unidos. Conte-nos como foi essa experiência.

Resposta: Nos Estados Unidos participei de um curso com professores trazidos diretamente do renomado Conservatório de Moscou. Convivia com nomes como Lazar Berman, Nicolai Petrov, Oleg Krysa, Igor Bezsrodny – verdadeiras lendas do mundo da música.

4 - Como foi estudar com o Maestro Francesco La Vecchia lá na Itália?

Resposta: Foi uma experiência muito gratificante, pois, além dele, estudei com o búlgaro Ivan Kojuharov e tive a oportunidade de dirigir importantes obras da literatura orquestral com a Orquestra Sinfônica de Bourgas.

5 – Aliás, a música já te levou a várias partes do país e do mundo (EUA, Portugal, Itália...). Como foi conhecer esses vários lugares? Quais são as principais semelhanças e diferenças musicais entre o Brasil e o exterior?

Resposta: A música é a linguagem comum que une as diferentes culturas. Conhecer outros lugares, trocar informações, aprender novas técnicas é sempre enriquecedor. No Brasil, temos muitos talentos, assim como nos demais países. Por isso acredito que, com organização e investimentos, poderemos nos tornar uma referência também no campo da música clássica. É o que já acontece em São Paulo, com a OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

6 – Você já dirigiu como convidado algumas das principais orquestras brasileiras, como a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, dentre outras. Quais são as grandes diferenças destas para a Orquestra Filarmônica do Estado do Espírito Santo?

Resposta: Essas orquestras tradicionais do Brasil sempre foram referências. O que está acontecendo agora é que a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo está crescendo e também se tornando uma referência. A cada ano conquistamos um pouco mais de espaço e de reconhecimento, o que é muito positivo, pois isso é fruto de muito trabalho.

7 – Devemos alguma coisa em relação às grandes orquestras de outros estados?

Resposta: Estamos crescendo e encurtando as distâncias. A nossa meta é a qualidade, a excelência e o nosso referencial no Brasil é a OSESP. Mas queremos uma orquestra presente e atuante na nossa comunidade, no nosso Estado, fazendo parte do cotidiano das pessoas, tanto da Grande Vitória como dos demais municípios. Queremos a orquestra nas escolas, ajudando na construção da cidadania. Por isso devemos trabalhar com afinco para alcançarmos esses objetivos.

8 – Como é que você explicaria, para um leigo, o que é uma orquestra sinfônica e uma filarmônica? Aliás, é possível atrair a grande massa para a música clássica?

Resposta: Sim, é possível. É claro que a música clássica, por sua elaboração e multiplicidade de estilos, dificilmente será tão popular como outros estilos, mas é possível torná-la mais presente na vida das pessoas. Para isso é preciso torná-la acessível, e isso já vem acontecendo no País. Os termos “sinfônica” e “filarmônica” diferenciam basicamente a forma de gestão. Na sua origem, uma orquestra sinfônica é uma orquestra pública e uma orquestra filarmônica é uma orquestra ligada a uma associação ou a um grupo de pessoas, os filarmônicos, ou amigos da música. Mas, hoje em dia, com o surgimento de novas modalidades de gestão, nem sempre essa nomenclatura é seguida à risca.

9 – Maestro, suponho que ouças outros tipos de música além da clássica. O que um Maestro Titular de uma Orquestra Filarmônica Estadual ouve quando está em casa?

Resposta: Como sou bem eclético, ouço um pouco de tudo, principalmente mpb, música internacional, jazz etc.

10 – Quais são as grandes semelhanças e diferenças entre a música que toca nos rádios em nosso dia-a-dia e a música clássica? Elas se encontram em algum momento?

Resposta: Acho que a grande diferença é que a música clássica quase não toca nas rádios abertas. Se tocasse, certamente seria mais difundida e apreciada. Os estilos são diferentes, mas no fundo tudo é música. É claro que há muita coisa mal feita por aí - e de gosto duvidoso. Mas também há muita música boa e criativa.

11 – Inclusive tem sido cada vez mais comum bandas de rock dividirem o palco com orquestras, o que você acha dessa união?

Resposta: Acho esse diálogo é fantástico – inclusive grandes orquestras, como a Filarmônica de Berlim têm feito isso.

12 – O que falta para o brasileiro gostar e ter o hábito de ouvir música clássica?

Resposta: Divulgação e incentivo. Mas falta também, em minha opinião, um pouco de bom senso na elaboração dos programas e na escolha do repertório, principalmente quando você está querendo conquistar um público, trazê-lo de novo ao teatro. A pessoa tem que querer retornar, mas já vi muita gente saindo de concertos pra nunca mais voltar!

13 – Apesar do (infelizmente) desconhecimento de grande parte da população, as apresentações da Orquestra Filarmônica do Estado do Espírito Santo são um grande sucesso de público, como se explica isso?

Resposta: A OFES visita regularmente os municípios do interior, se apresenta nas escolas, com um repertório diferenciado, traz grandes solistas e maestros e interage com a comunidade. Além disso, a programação é elaborada com antecedência e seguida à risca, sem surpresas. Os concertos começam pontualmente e não são longos. Acho que tudo isso ajuda no sucesso das nossas apresentações. Mas é claro que o apoio da imprensa capixaba na divulgação dos eventos tem sido fundamental. Particularmente importante tem sido a parceria com a Rede Gazeta, que divulga os nossos concertos nas TVs, nas rádios e no jornal A Gazeta, contribuindo de forma inequívoca para o nosso sucesso. Importantíssimo também é a abertura de novos espaços de divulgação, como o boletim semanal “Clássicos CBN”, no qual posso apresentar diversos temas da música clássica além de divulgar os concertos da OFES.

14 – O que podemos esperar da OFES para o ano de 2012?

Resposta: Muita música boa, solistas de alto nível, maestros consagrados. Enfim, uma temporada muito agradável para o nosso público.

15 –Maestro Helder Trefzger, quais seus projetos futuros?

Resposta: Meu grande projeto é alavancar o crescimento da OFES, tornando-a uma referência no País, ajudando a divulgar as potencialidades desse Estado maravilhoso, que é o Espírito Santo, do qual tenho tanto orgulho.


Abaixo, a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo (OFES) apresenta, sob a regência do maestro Helder Trefzger, uma das mais emblemáticas obras do repertório sinfônico-coral, a "Sinfonia n.º 9", do compositor alemão Ludwig Van Beethoven.