Mais um fenômeno popular atinge as paradas musicais do país, trata-se agora da turma do funk ostentação. Originado em São Paulo o estilo já atingiu o país e tem feito muito sucesso entre os jovens nos dias de hoje. Saiba mais sobre essa nova febre musical do país acompanhando a matéria especial do Outros 300.
Dinheiro, mulheres e um assassinato
Como a morte de um MC e um programa de TV impulsionaram o fenômeno funk ostentação para todo o país
Uma primeira coisa precisa ser dita, o funk ostentação, fenômeno musical iniciado em São Paulo já era um sucesso pelas periferias do estado paulista, mas a morte, em cima do palco, do MC Daleste e o programa da TV Bandeirantes 'A Liga' acerca da temática logo em seguida, alanvacaram de vez o estilo, tornando-o famoso no país inteiro.
O que é o funk ostentação?
Esqueçam os problemas, vamos falar do que não somos e do que não temos
A trilha sonora das periferias do estado de São Paulo mudou nas
últimas décadas. Antes dominadas pelo hip-hop de forte temática social,
do engajamento "rap é compromisso", agora o som que faz a cabeça de quem
frequenta os lotados bailes é a batida do funk.
Mas é um funk diferente. Influenciado pelo estilo gerado no Rio e
famoso internacionalmente, o pancadão paulista tem a sua personalidade, e
reflete o clima otimista do Brasil da última década. Os temas como
preocupação social (ou o "proibidão", crônica da vida no crime) dão
lugar às marcas de roupa, carros, bebidas, joias e mulheres. Tudo de
forma direta, na letra e na música.
O detalhe é que o funk ostentação é a primeira vertente do funk pop (a batida que nos é famosa aqui no Brasil) que é originado fora do Rio de Janeiro e preza por ser exatamente oposto aos funks melody, do consciente, do pornográfico e do proibidão. Apesar de ser para "todas as idades", esse funk não é nada melody, mas passa longe de ser pornográfico. Não há preocupações sociais, logo esqueçam letras conscientes e também oposições a autoridades como ocorriam nos proibidões.
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Até o ano de 2011, o Funk ostentação praticamente se limitava aos funkeiros da Baixada Santista. A principal inspiração eram os cariocas MC Frank e Menor do Chapa, astros do funk proibidão, gênero que fazia apologia das armas e do crime. Em junho de 2011, Depois do MC paulistano Boy do Charmes lançar no YouTube a canção “Mégane”, referência à marca de um carro.
Os 3 milhões de acessos no YouTube repentino, chamaram a atenção de outros funkeiros de São Paulo, e a ostentação converteu-se em regra.
Além dos carros de luxo, chamados pelos MCs de “naves”, é importante
ostentar o “kit”, expressão que define os acessórios do vestuário:
tênis, bermuda, camisa, anéis e colares, óculos escuros e boné. O visual dos funkeiros é inspirado nas estrelas do rap americano, mas nunca foi tema das letras no funk carioca, afirma o jornalista Silvio Essinger, autor do livro "Batidão", sobre a história do funk no Brasil.
MC Daleste
Fenômeno na internet
E este talvez seja um fenômeno estranho de se entender. Apesar de ser um movimento abraçado, a princípio, pela molecada da periferia paulista, uma das maiores marcas do funk ostentação é ser um fenômeno de viewes na internet. Os hits dos MCs mais famosos invariavelmente atingem a casa de um milhão de visualizações em pouquíssimo tempo.
Mc Guimé, um desses que tem milhões de visualizações no YouTube, por exemplo, faz cerca de 50 shows por mês com média de R$ 10 mil de cachê, segundo
sua produção. Os R$ 500 mil mensais vêm de trabalho intenso, uma
"corrida do ouro" com até nove shows em uma noite e pouco glamour nos
bastidores. Não falta nos shows "Plaquê de 100", música que teve o quinto clipe
mais visto no YouTube no Brasil em 2012, com 25 milhões de visualizações
até hoje.
Cara de figura nada convencional, Guimé (o da fotinha aí de cima e da capa da matéria) é só um dos grandes nomes do funk ostentação. Daleste (aquele morto em cima do palco e que deu o start para a "nacionalização" do funk ostentação), Lon, Ludmila, Pocahontas, Bola e MC Gui (o da foto aí de baixo), um garoto de apenas 15 anos que já consegue ocupar o lugar de astro teens como Justin Bieber e Jonas Brothers no coração das jovens fãs, sejam elas da periferia ou da classe média alta, são alguns dos outros nomes conhecidos.
Este é outro ponto a ser apontado. O funk ostentação tem chegado com grande força às classes mais altas da sociedade e, paradoxalmente, tem apresentado a eles sua "realidade real" de condição social, enquanto a riqueza é somente sonho para a turma mais pobre.
Crítica do Outros 300
Nem é preciso dizer que o fink ostentação é de uma pobreza criativa sem fim. Letras pobres, rimas simplórias e zero de conteúdo. Seguindo a linha do que tem feito sucesso no país, este estilo de música também tem prazo de validade e os "astros" deste funk devem durar no conhecimento de fãs por uns dois ou três anos no máximo.
Se apresenta aos jovens pobres uma realidade que nunca será deles (ter carrão importado, colares de ouro e transar com panicats), pelo menos este estilo de funk é menos promíscuo e nada tem a ver com os proibidões que tanto incentivavam a criminalidade. Os palavrões estão em menor escala e há preocupação em também aglutinar crianças ao número de fãs, logo há o intuito, nem sempre cumprido é verdade, de se pegar mais leve nas letras.
Anitta (foto acima), que tanto tem enchido nosso saco aparecendo em programa sim, outro também ultimamente, é fruto do funk ostentação e me parece que será a única a ter uma vida mais longa na mídia, principalmente porque, olha que paradoxo, ela está se desvencilhando deste estilo. Essa menina é menos boba do que parece...
Fontes
Wikipedia, G1, R7, MTV
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