Uma
das bandas mais emblemáticas do rock nacional, a Legião Urbana pode se gabar de
ser a “Beatles brasileira”, pois é a única que, mesmo após quase 17 anos da
morte de seu cantor, compositor e líder Renato Russo, permanece como uma das
bandas com maior vendagem de discos. Apesar disso porque não temos material
inédito da Legião desde 1997 se os próprios integrantes já assumiram
possuí-los? Como estão Dado e Bonfá após o término da banda? E a família
Manfredini e Giuliano? A família de Renato é brigada com os remanescentes da
banda? Saiba dessa e outras respostas aqui, agora, em ‘A verdade sobre a Legião
Urbana’.
O
início
Mais
velho e com uma personalidade muito forte, Renato Russo, mesmo que sem
intenção, acabava por impor sua visão – e gosto – nos trabalhos do qual fazia
parte. Ao criar o ‘Aborto Elétrico’ (junto aos irmãos Flávio e Fê Lemos e André
Pretorius em 1978), Russo compunha com todo o vigor que o movimento punk a qual
os meninos sofriam influência pedia, mas sempre, a seu próprio estilo já
peculiar desde aquela época.
Galera do Aborto Elétrico
Ao
tentar incorporar outros elementos ao material da banda, Renato se viu batendo
de encontro aos outros integrantes. Sem
concordarem quanto aos rumos que aquele grupo tomaria, optou-se pelo fim deste,
mesmo após os outros integrantes pedirem a volta de Russo que, por sua
personalidade forte, preferiu não aceitar.
Ao
sair da banda Renato lançou-se em carreira solo, intitulando-se como o
‘Trovador Solitário’, época esta que será abordada no filme Somos tão jovens (com previsão de
lançamento para a terceiro trimestre deste ano).
Renato como Trovador Solitário
Contudo
o sonho de Russo era ter uma banda e logo a Legião Urbana surgiu. O grupo, a
rigor, era composto por uma grande cabeça pensante e de decisão, e por outros
três garotos que pouco divergiam sobre as definições do cantor e compositor.
A
Legião se tornou o que se tornou, e teve o maior sucesso do rock nacional em
suas mãos durante 15 anos, até o momento da morte de Renato Russo.
Posteriormente a seu desaparecimento da terra, um último álbum inédito ‘Uma
Outra Estação’ foi lançado (1997), contudo depois disso mais nada inédito surgiu.
Porque?
A
música é minha!
Quando
uma banda é criada seu nome é administrado por alguma empresa. Pode ser por um
empresário específico, pela gravadora, ou por uma empresa terceirizada. O nome
‘Legião Urbana’ está empregado na terceira hipótese. Ela pertence a Legião
Urbana Produções Ltda que pertencia ao próprio Renato Russo, e só a ele. Após
sua morte a administração do nome pertencia a Giuliano Manfredini, filho de
Renato.
Logo
para Dado e Bonfá usarem o nome Legião Urbana em qualquer projeto, havia a
necessidade de pedir autorização à família Manfredini. Erro capital dos dois,
mostrando que lá no início da banda o termo aqui citado “uma grande cabeça
pensante e de decisão, e por outros três garotos que pouco divergiam sobre as
definições do cantor e compositor” era a expressão da verdade.
O inicio da Legião. Uma grande mente pensante e mais três garotos
A
coisa fica mais complicada quando falamos em relação às músicas. Todas as obras de Renato Russo, compostas
sozinho ou com parceiros, e registradas até O
Descobrimento do Brasil (1993), estão administradas pela Editora Tapajós -
do grupo EMI. Quem quiser gravar "Índios", de Dois (1986), por
exemplo, deverá pedir autorização àquela editora.
Nas obras de Russo a partir de As Quatro Estações (1989), o registro
foi feito pela Editora Corações Perfeitos - criada em 1988 e que pertencia aos
três membros da banda. Após a morte de Renato, por força do que estava no
contrato da empresa, seus herdeiros retiraram-se da sociedade, levando consigo
as obras de Renato e sua participação nas obras em parceria com os demais.
As obras de 1988 em diante estão editadas pela
Legião Urbana Produções Ltda., gerida pela família e que é administrada pela
Copyrights. Quem quiser gravar "Monte Castelo" pede autorização à
Copyrights; quem quiser gravar "Meninos e Meninas" pede à Copyrights
e à Corações Perfeitos, que é administrada pela EMI Publishing.
Em
suma, nenhuma das obras é puramente da Legião, todas são fatiadas em várias
partes que divergem quanto a sua utilização.
William Bonner anuncia morte do poeta
Após
a morte de Renato
No
pós período da morte de Russo, Dado e Bonfá descordaram da postura comercial da
família Manfredini e um processo judicial foi instalado (como ainda está em
andamento as partes não falam sobre o assunto), o que explicou a ausência de
materiais da Legião por algum período.
Para
acalmar os fãs uma estapafúrdia coletânea foi lançada em 1998 chamada Mais do Mesmo. Segundo informações de
bastidores esse disco, por ser constituído em mais de 80% do material da antiga
Editora Tapajós foi dividido em três
partes iguais.
Mais do Mesmo. Até a capa representa a pobreza de espírito deste disco.
Apesar do arrolamento do processo prosseguir, um
acordo foi feito entre as partes em 2000 para que materiais não inéditos – e menos
valiosos - da Legião (sim, material inédito existe!) pudessem ser lançados. Daí
o Acústico MTV (1999), e os shows Como é que se diz eu te amo? (2001) e As quatro estações – ao vivo (2004)
foram lançados.
Renato os perdoem! Eles não sabem o que fazem!
A família Manfredini, por sua vez, também decidiu
lançar cd’s com parcos materiais inéditos exclusivos de Renato como os toscos Para sempre (2001), Presente (2003) e Duetos
(2010). Tais trabalhos obviamente seriam abolidos pelo cantor caso tivesse
vivo.
Contudo se um pré acordo havia sido tratado em
2000 quanto ao aproveitamento de que material não inédito da banda pudesse ser
utilizado, outras questões ainda eram tratadas com cautela. Como a ideia do
filme sobre a canção Faroeste Caboclo,
originalmente pensada em 2002. Como um novo acordo não foi bem sucedido, a
ideia foi então postergada.
Até a famosa entrevista de Renato à Zeca Camargo entrou no disco Presente
Os fãs mais atentos à vida de Russo devem se recordar
de que ter essa canção retratada em filme era sonho do cantor. Segundo pessoas
ligadas intimamente a Renato, o compositor já até havia escolhido o ator que
viveria Jeremias: Marcos Palmeira. Portanto terem cerceado esse sonho do
artista (mesmo que postumamente) mostrou que a sensibilidade perdeu para a
ganância naquela ocasião.
Giuliano Manfredini. Jovem buscou acordos e liberou bom material da Legião
Uma luz no fim do túnel
No fim do túnel não tinha tiroteio e sim um jovem
com vontade de botar as coisas no lugar. Quando completou 21 anos Giuliano
Manfredini efetivamente assumiu toda a parte burocrática do espólio da banda e
decidiu que já era hora de expor o belo trabalho de seu pai, deixando brigas
judiciais em segundo plano.
Foi sob a “gestão” de Giuliano que acordos extra
oficiais foram alinhavados e bons momentos como a homenagem a Legião no Rock in
Rio e outros nem tão bons quanto a propaganda da Vivo com Eduardo e Mônica de tema, e o tributo a Legião com o desafinado
Wagner Moura nos vocais na MTV aconteceram.
Pablo e João de Santo Cristo. Míticos personagens de Faroeste Caboclo
Contudo o melhor momento foi finalmente os filmes
sobre Renato saírem do papel. Este ano teremos Somos tão jovens (já citado acima na matéria) e finalmente Faroeste Caboclo. Se não é Marcos
Palmeira que interpretará Jeremias, Russo, lá do céu dos gênios, deve estar
feliz com o bom elenco que foi escalado.
Por
enquanto nada de material inédito
Giuliano
prometeu que somente trabalhos relevantes e que condiziam ao talento de seu pai
deveriam ser expostos, logo cd’s improvisados com matérias de segunda linha não
serão mais utilizados.
Contudo
uma coisa que Giuliano não conseguiu resolver é a antiga briga judicial entre a
família de Renato e os remanescentes da banda. Logo o bem mais valioso da
Legião, um material inédito guardado a sete chaves, continua intacto, imóvel,
sem previsão de lançamento.
Material inédito da Legião é aguardado pelos fãs "há tempos"
Pelo
menos ao assumir efetivamente os negócios da Legião Urbana Produções Ltda. Giuliano parece finalmente ter encerado
a briga entre sua família e Dado e Bonfá. Atualmente a relação é de respeito e
cooperação mútua.
Aliás Dado e Bonfá seguem suas vidas. Villa Lobos
é produtor musical e, às vezes, também se aventura gravando seus próprios
materiais como em ‘O Passo do Colapso’ trabalho seu lançado no fim do ano
passado. Já Marcelo, mais “experiente” em trabalhos solo, se juntou a galera da
Corações Perfeitos e saiu em mini turnê por São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Lá
ele toca músicas de seus três primeiros cd’s, música inéditas gravadas com a
próprias galera da Corações e alguns sucessos da Legião, como Andréa Dória.
Dado e Paula Toller juntos em projeto da MTV
Link para
ouvir ‘Jardim de Cactus’ de Dado Villa Lobos
Galera da Corações Perfeitos. Pai e filho tocando juntos.
Link para
ouvir ‘Depois da chuva’ de Marcelo Bonfá
Este foi um artigo de um fã e estará
constantemente em aberto para ratificações, retificações, modificações e
adições. Logo se algo faltou ou sobrou você, caro leitor, pode nos acionar que
faremos as alterações necessárias. Esse post é feito por nós todos.
Leia no “volume” no máximo!
A Legião Urbana vence sempre!
Fontes:
Site da revista Rolling Stones
Site da revita Bizz
Site e acervo de vídeo da MTV
Site Terra
Site Folha de São Paulo
Documentário sobre Renato Russo
Documentário Rock Brasília
Youtube
E a memória, estudo e lembranças deste insignificante fã.
Parabéns Sandro Bahiense, ótima matéria.
ResponderExcluir.:Força Sempre:.
Felizmente uns vem ao mundo parar serem diferentes, irreverentes, transcederem, mudar, fazer o amor sair do papel e ir para o coração, para a alma e para o corpo. O romantismo de RENATO, de DADO e BONFA está vivo. Espero que este garoto seja forte e corajoso para continuar a luta para que futuras gerações conheça tudo que a LEGIÃO URBANA representou e representa. Que a ganância que tanto RENATO repuldiava seja deixada de lado em nome da música e do talento desta banda MARAVILHORSA. Essa briga judicial não faz juz a esses garotos que um dia foram contra a toda essa hipocresia...ALESSANDRA - DOURADOS - MS fã hoje e sempre~!!!
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