Há quarenta anos, a banda inglesa Pink Floyd lançava
“The Dark Side of The Moon”. Um dos mais ousados discos da música mundial, foi
o álbum que promoveu a drástica transformação do Pink Floyd de músicos
alternativos para astros internacionais, ficando mais de vinte anos nas
paradas. Antes de 1973, o Floyd mantinha uma intensa rotina de shows e, quando
precisou gravar um novo disco, o grupo já possuía uma base criada para tal. “Ansiosa
para se desprender dos grilhões psicodélicos, a banda se reuniu na cozinha do
baterista Nick Mason para fazer a lista das coisas que a incomodavam. Essas
preocupações foram combinadas com músicas no estilo meio funk rock de ‘Obscured
Clouds’”, pondera Bruno MacDonald no livro “1001 discos para ouvir antes de
morrer”.
Esta seria a primeira vez que o baixista Roger
Waters seria o responsável por todas as letras e também pelo conceito básico de
um álbum do grupo. Ambição, ganância, morte, guerra, tempo, loucura são algumas
temáticas abordadas por Waters. O guitarrista David Gilmour afirmou: “Roger
tinha muito a dizer. Foi a primeira vez que tivemos grandes letras”.
Com o forte conceito das letras, poderia se esperar
que o álbum fosse chato e pretensioso. Ao contrário, ele é uma coleção de grandes
músicas. Devido a uma produção impecável e uma musicalidade atemporal, obtidas
em muito pela união da banda ao brilhante engenheiro de som Alan Parsons, “The
Dark Side of The Moon” se tornou um disco que marcou os anos 1970 e 1980.
Quarenta anos se passaram, mas a obra continua atraindo uma nova geração de
fãs.
Em 2005, a capa de “The Dark Side of The
Moon” foi eleita uma das 100 melhores capas de discos de todos os tempos pela
revista brasileira “Bizz”. O prisma na capa do álbum talvez seja a imagem mais
associada à banda em toda sua história. Um ícone na própria história das capas
de rock. O prisma limpo representava a força conceitual das letras e a clareza
do som. Da mesma maneira, traduzia a gama de luzes que a banda utilizava em
seus shows.
Outro fato interessante em torno de “Dark Side”,
como revelam muitas pessoas, é sua correspondência com o filme “O Mágico de Oz”,
quando ambos são tocados simultaneamente. Porém, os membros dos Pink Floyd
desmentiram qualquer relação entre o álbum e o filme num MTV especial sobre o
grupo, exibido em 2002.
Eles afirmaram que não poderia esta relação ser
planejada por não poderem reproduzir o filme no estúdio, haja vista que não
existia o videocassete.
Canções
Um dos grandes destaques do álbum é a canção
“Money”, que a gravadora Capitol transformou num raro hit do Pink Floyd em single. Sons de moedas e caixa registradora dão início à canção, que tem um poderoso riff e uma
ótima linha de baixo. A letra versa sobre as vantagens e conseqüências de se
ter muito dinheiro. Já “Time”, a única música creditada aos quatro membros da
banda, tem uma longa introdução, em que há uma passagem de relógios tocando e
alarmes ecoando. A canção reflete sobre o tempo: “Indo embora os momentos que
formam um dia monótono. Você
desperdiça e perde as horas de uma maneira descontrolada”.
“The Great Gig In The Sky”, por seu turno, foi
composta pelo tecladista Richard Wright, e é um instrumental vocal da
cantora Clare Torry. Torry gritou o mais alto que podia. No
documentário “Classic Albums: The Dark Side of the Moon” (2003), Wright revela:
“Começou comigo sozinho tocando
alguma coisa no estúdio, e Roger disse ‘hum, legal, acho que dá pra usar isso
no álbum’. Daí eu trabalhei um pouco mais, escrevi a música e ainda estava
trabalhando nela. Clare Torry chegou e cantou com uma voz fantástica, era o que
nós queríamos, e ela chegou e cantou”.
Por fim, “Us and
them”, é uma canção muito suave e conta com grandes solos de saxofone. Aqui, temos
a temática de guerra, tão presente na obra do Pink Floyd: ““Nós e eles, e afinal
somos todos homens comuns. Adiante! Gritou ele de costas. E morreram os homens
da linha de frente”. A seqüência de notas que
deu origem à música, veio de uma gravação chamada "Violent Sequence",
criada por Wright como parte da trilha sonora do filme “Zabriskie Point”, de Michelangelo Antonioni, que acabou a rejeitando por achá-la "bonita,
mas muito triste".
Por tudo isso, “The Dark Side of The Moon”, com sua
combinação de grandes canções, efeitos criativos e uma das melhores capas de
todos os tempos, penetrou no inconsciente coletivo mundial e se tornou um marco
na história do rock.
(Texto de Ricardo Salvalaio publicado no Caderno
Pensar, do Jornal A Gazeta, no dia 16/02/2013)
Se tivesse a opção "Perfeito" na lista de Reações acima com certeza ela estaria marcada agora. Texto foda, banda mais ainda.
ResponderExcluirBacana, Ricardo Salvalaio. Belo texto. Parabéns. Aguardo sua visita e mensagem lá nos comentários de minhas anotações sobre o mesmo assunto, lá no blog Semióticas. Forte abraço!
ResponderExcluirSemióticas: Pink Floyd na lua...
http://semioticas1.blogspot.com.br/2013/03/pink-floyd-na-lua.html