Uma técnica em informática que decide jogar tudo para o alto e arriscar num ramo totalmente diferente: A literatura. Esta é a estória de Deise Muller, escritora capixaba que conseguiu em seu primeiro romance alcançar o sucesso que muitos não conseguiram em anos. Qual foi o segredo para tamanha façanha? O que a impulsionou a mudar tão radicalmente de ramo? Destino? Ou magia? Veja essa e outras respostas na entrevista abaixo:
1
– Deise como as artes entraram em sua vida? A literatura foi sua primeira
paixão? Quando foi que você teve um “estalo” e decidiu começar a escrever?
Lembra-se da primeira produção que pôs num papel? Sobre o
que era?
Quem
injetou a literatura em minhas veias foi minha mãe, lendo para mim desde bebê.
Ela não foi minha primeira paixão, entretanto. Aos doze anos ganhei meu
primeiro computador e desde então informática tem sido o meu “lance”. Durante a
escola e o curso técnico eu me limitei a livros de tecnologia, mas quando
comecei a faculdade, voltei a variar e então me apaixonei por romance
sobrenatural. Após ler tantas histórias maravilhosas minha imaginação, que
sempre foi muito ativa, simplesmente não me dava paz. Certa vez liguei meu
computador para abrir um e-book de Vampire Academy e simplesmente não tive
vontade de largar os meus personagens, os que inventava durante o dia, no
trabalho, no ônibus, no banco. Ao invés de abrir minha pasta de e-books, abri o
word e comecei a digitar a história de vampiros que vinha me tirando o sono.
Quando dei por mim, um livro de mais de seiscentas páginas estava pronto e eu
soube que queria ser escritora.
2
– Quando mais jovem o que você lia? O que você pode indicar à turminha mais
jovem além de Lilac, claro?
Eu
sempre gostei de terror, Anne Rice e Stephen King. Mas na adolescência eu
descobri a Meg Cabot e indico todos os livros juvenis dela para meus sobrinhos
e filhos de amigos. A coleção O Diário da Princesa é fantástica! É um romance
super divertido e gostoso de ler. Ela borda todos os assuntos importantes para
essa faixa etária como o primeiro amor, primeiro beijo, escola, amigos e
educação sexual. Harry Potter é leitura obrigatória para todos, crianças e
adultos, e não podemos esquecer do Guia do Mochileiro das Galáxias!
3
– Você caminhava por um caminho absolutamente distante da literatura, mas, de
repente, se viu escrevendo um livro de grande sucesso por uma grande editora.
Como se deu essa mudança tão brusca?
Quando
terminei de escrever meu primeiro livro, Predestinados, voltei a focar em
programação e acreditei que escrever seria apenas um hobby. Um ano depois sofri
um acidente de moto que me deixou na cama por vários meses. Foi assim que Lilac
começou. Foi um refúgio para os traumas psicológicos do acidente, mas a
história apaixonou a tantas pessoas que tive coragem de enviá-la para a
editora. Quando a Novo Século me ligou oferecendo o contrato, eu decidi que me
dedicaria a literatura profissionalmente.
4
– Lilac foi seu primeiro livro
lançado. A estória de Megan, Craft e Cia foi sua primeira opção quando da
oportunidade de lançar um livro ou haviam outras ideias/estórias que ficaram em
segundo plano em detrimento a ela?
Predestinados
foi meu primeiro livro escrito, mas havia uma coletânea em andamento, que já
conta com 4 contos. Predestinados não está pronto para ver o mundo, foi minha
primeira experiência e precisa de uma boa revisão, mas pretendo terminar a
coletânea em breve e tentar uma edição. Além desses trabalhos, tenho uma lista
com VÁRIAS ideias, só esperando um tempinho para nascerem. Lilac teve
prioridade pelo impacto que teve em minha vida enquanto o escrevia. Ao
contrário do primeiro livro, que levou seis meses para ficar pronto, Lilac foi
um daqueles trabalhos que você simplesmente não consegue tirar da mente, até
concluí-lo. Eu acordava e dormia na frente do meu notebook e concluí o livro
com menos de dois meses.
5
– Mesmo sendo estreante você conseguiu lançá-lo pela Novo Século uma editora de respeito. Qual foi o pulo do gato para
conseguir tal façanha?
Não
há segredo. Escrevi, registrei na Biblioteca Nacional (MUITO IMPORTANTE) e
enviei para o e-mail do editor da Novo Século. Alguns dias depois recebi o
telefonema do Cleber. Algumas pessoas acreditam em regrinhas para deixar o
livro mais comercial, mas acredito que o caminho para o sucesso é ter um
público alvo já definido e escrever para ele. Pesquisando o seu público,
sabendo o que eles gostam de ler e o que vai lhes chamar a atenção, as chances
de sucesso aumentam muito.
6
– Aliás, tanto já falamos de Lilac...
Faça um resumo de seu livro para quem não o leu ainda. Venda seu peixe.
Convença-os a também entrarem nesta aventura.
Vender
meu peixe nunca foi meu forte (rsrsrs). Tudo o que posso dizer é que Lilac é um
romance sobrenatural com o melhor da paixão e magia mesclados, envolto em
comédia e drama. Doses iguais de cada gênero impedem que o livro seja
repetitivo ou apelativo e acredito, segundo meus leitores, que acertei na dose
de terror e romance. As várias resenhas podem esclarecer melhor os futuros
leitores. Há vários links na FanPage do livro: http://www.facebook.com/serielilac
7
– Percebo que apesar de ter uma linguagem da moda Lilac não está espalhado aos quatro cantos para quem quer
adquiri-lo. Você tem algum site ou local específico onde podemos comprá-lo?
Quem
quiser adquirir o livro autografado e com marcadores, pode enviar e-mail para deisewmuller@hotmail.com. O pagamento é feito por depósito bancário. Quem
preferir comprar no cartão, pode adquirir na Livraria Saraiva, no Submarino, na
Livraria Cultura e na maioria das grandes livrarias de shoppings e centros
comerciais.
8
– Você foi muito corajosa ao entrar num campo (de literatura fantástica
juvenil) que é totalmente dominado pelos britânicos e norte americanos. Por
quê? Não temeu ter concorrência de tamanho gabarito?
De
forma alguma. Não existe concorrência na literatura. Quando gostamos de um
gênero, compramos quantos livros encontramos desse. Na verdade, não escrevi
pensando em publicação. Escrevi para superar uma fase difícil da minha vida.
Portanto, não pensei no mercado editorial. Mas não temo a preferência pela
literatura importada. Nosso mercado está mudando e a cada dia mais e mais
escritores brasileiros lançam livros desse gênero e nosso público tem nos
honrado.
9
– Outro escritor brasileiro de literatura fantástica bem sucedido é o André
Vianco. Ele opta efetivamente pelo Brasil como cenário. Você, contudo, ao
contrário de Vianco, construiu Lilac
num cenário e com personagens norte americanos. Por quê?
Questão
de preferência. Não consegui visualizar meus cenários de batalhas entre
demônios e feiticeiros acontecendo na Av. Paulista. Um romance normal, sem o
sobrenatural, eu conseguiria ambientar em qualquer lugar. Até no meu estado, o
Espírito Santo. Entretanto para o sobrenatural o Brasil não tem o clima certo,
para mim.
10
– Apesar de ser um livro do qual o público mais jovem (adolescentes, por
exemplo) goste, você inseriu muitas cenas de sexo e violência explicita. Por
quê? Foi para deixar Lilac mais
adulto? Não temeu ser tão, digamos, direta, intensa e detalhista demais e
chocar seu público?
Meu
público alvo são adultos. São os leitores da Irmandade da Adaga Negra, Night
Huntress, Anita Blake, Meredith Gentry e etc. Essas pessoas não apenas estão
acostumadas como gostam e preferem livros com esses elementos. Sou apaixonada
pelo sobrenatural pesado, obscuro e sensual, iluminado com amor e amizade. São
todos os elementos de Lilac, é quem eu sou, portanto não temi ser direta ou intensa
demais.
11
– Mesmo sendo estreante você escreveu um livro muito bom. Logo suponho que o
hábito da escrita e da criação lhe era constante, acertei? Dê uma dica aos
novos escritores: Quais são os passos que têm de adotar para também se tornarem
bons autores?
Escrever
não é um daqueles dons que ou você nasce com ele ou não, como a música ou
pintura, mas é necessária certa afinidade com a literatura. A mente de um
escritor é um lugar inquieto, com cenários que mudam a todo momento e diálogos
sem fim. Para ser um bom escritor é necessário exercitar a imaginação e estar
atento ao mundo. Uma inspiração pode surgir até de uma propaganda de pasta de
dente. Analisar a interação das pessoas também é fundamental. O autor é uma
única pessoa, com uma única personalidade. Para ter sucesso em criar
personagens únicos, é preciso observar as pessoas ao seu redor.
Por
último, é preciso praticar. Escrever sempre que puder e não ter medo de
selecionar tudo e deletar, se a história fugir ao controle ou algo nela estiver
te incomodando.
12
– O que você acha dessa nova geração de escritores? O Brasil pode entrar de
cabeça nessa concorrida onda de livros sobrenaturais românticos?
Totalmente!
Nossos novos autores são destemidos, talentosos e estão mais que prontos para
conquistar o mundo. É uma pena ainda não termos apoio das nossas editoras e
agentes literários, mas as coisas estão mudando…
13
– Mesmo em Curitiba você acompanha como anda a vida cultural aqui do estado? Vê
algo de promissor, seja na escrita ou em qualquer outro âmbito, a que possa
apostar suas fichas?
Eu
estou de volta ao Espírito Santo há alguns meses. Aqui no ES a cultura é um
barco furado, infelizmente. Sou escritora capixaba e se você for até a Saraiva
do Praia da Costa, não vai encontrar meu livro lá. Na verdade, se procurar
qualquer livro de novos autores, vai ter uma grande decepção…
14
– Percebi que o site oficial de Lilac
anda meio murchinho, ao contrário da página no Facebook. Acha que as redes
sociais são o caminho mais rápido, amplo e extenso de se conseguir público?
Você vislumbra a possibilidade de termos público quase que tão somente virtual
ou esse ainda é um pensamento muito futurista?
Eu
estava pensando em investir num site de Lilac, mas fiquei ocupada com outros
projetos, portanto me concentrei na página do Facebook. As redes sociais são
certamente o caminho mais rápido e melhor para o público. Quanto ao público ser
unicamente virtual, eu acredito que seja uma possibilidade, no futuro. O que é
uma pena. É maravilhoso preparar um evento numa livraria e vê-la cheia de
leitores te prestigiando.
15
– Você que está “no olho do furacão” me esclareça uma dúvida: Porque livros de
romance sobrenaturais (seja de feiticeiros, vampiros ou anjos) tem feito tanto
sucesso?
Porque
são mais legais! (rsrsr) Romance não-fantástico é ótimo, claro. Mas o “normal”
já é algo que vivemos todos os dias. Quando chegamos em casa, cansados do cotidiano,
é tão maravilhoso relaxar no sofá lendo sobre seres fantásticos que vão nos
fazer esquecer do chefe exigente e da dívida do cartão de crédito, que quando
acabamos um livro já queremos outro.
16
– Além de romance você também se aventura no mundo das poesias, crônicas e
contos?
Somente
contos. Certas vezes tenho inspirações de histórias com um único clímax.
Cenários pequenos e histórias curtinhas. Quando isso acontece, o conto é a
melhor opção.
17
– Lilac é uma série e sua continuação
está prometida por você. Já tem data de lançamento? Estória pronta?
O
conto entre Lilac e Silver (continuação de Lilac) será lançado na coletânea Em
Contos de Amor, que será lançado pela editora Subtitulo em junho deste ano. Eu
pretendo lançar Silver logo após. A história está quase pronta.
18
– Além da continuação de Lilac há algum outro projeto futuro que possa nos
revelar? O que Deise Muller está preparando para o futuro?
Estou fazendo a versão de Lilac para o inglês e vou enviar para editoras americanas. Além de Lilac, estou sendo possuída por outra história que pretendo publicar em paralelo com Lilac.
Eu adorei a entrevista!
ResponderExcluirSim, concordo totalmente com você! Nada como esquecer do chefe e da dívida do cartão de crédito em um mundo fantástico, pensando o quanto o Dunstan é fofo!
Predestinados vai entrar para minha lista de natal! Quero saber mais sobre ele Deise!