A trama de A maldição do espelho, de Agatha Christie, tem
como figura central uma atriz de cinema americana chamada Marina Gregg. Quando
Marina vai morar no pacato vilarejo de St. Mary Mead, Miss Marple assiste tudo
de sua janela e fica curiosa em saber porque uma estrela de Hollywood foi parar
ali. A curiosidade aumenta quando, em uma festa na mansão da atriz, uma das
convidadas morre envenenada. Marina tem certeza de que ela era o alvo –
mas quem poderia querer matá-la? Um mistério que só Miss Marple, ao
embrenhar-se no passado dos envolvidos, poderá desvendar.
A maldição do espelho foi lançado originalmente em 12 de dezembro de 1962. E logo depois de
sua chegada às livrarias, a editora Collins recebeu uma carta indignada de um
leitor americano reclamando que Agatha Christie teria se baseado na tragédia
pessoal da famosa atriz Gene Tierney para criar esta novela. Os editores
responderam que Agatha só soube da tragédia pessoal de Tierney muito
depois de ter escrito seu livro. Mas ainda hoje há gente que defende o
contrário.
E realmente as
coincidências entre realidade e ficção são grandes. O drama pessoal que ocorreu
com Gene Tierney e que está descrito em sua autobiografia (Auto-Retrato, New York: Wyden, 1979)
aconteceu em junho de 1943. Ela estava grávida de sua primeira filha quando
contraiu rubéola durante uma única aparição em um nightclub chamado “A Cantina
Hollywood”. Por conta disso, sua bebê, que recebeu o nome de Daria, nasceu
prematura, surda, parcialmente cega e com uma deficiência mental séria, o que
levou a atriz à depressão.
Algum tempo depois, em uma festa, Tierney foi
abordada por uma fã que pediu-lhe um autógrafo e revelou que, em 1943, havia
escapado de sua quarentena de rubéola só para ir à “Cantina Hollywood” ver
Tierney de perto. Ou seja… Estava ali a culpada de tudo.
Agora cabe a
você ler A maldição do espelho, que acaba de chegar à
Coleção L&PM Pocket, investigar e tirar suas próprias conclusões sobre se
Agatha Christie teria ou não usado este fato real para compor sua trama – que,
aliás, é considerado um dos mistérios mais psicologicamente intensos da
Rainha do Crime.
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