terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CRÍTICA DO FILME 'INDOMÁVEL SONHADORA'

'Indomável Sonhadora' filme que está cartaz no Cinemark em Vitória e concorreu no último fim de semana ao Oscar de melhor filme é um grande achado! Filme que revelou a talentosa Quvenzhané Wallis, de apenas nove anos, promete ser uma grande diversão. Saiba mais sobre o filme na crítica do Outros 300:

Indomável Sonhadora

Também existe pobreza nos Estados Unidos!
Filme retrata "sobreviventes" do Katrina sem cair nos pieguismos brasileiros

'Indomável Sonhadora' tem tantas virtudes que nem sei por onde começar. Primeiramente o filme fala sobre uma turma, humilde, que mora numa região conhecida como "banheira", um local onde as águas batem nos joelhos e o risco de morte e acidentes são grandes.

Lá vive a pequena Hushpuppy (a tão falada Quvenzhané Wallis), uma menininha órfã de mãe e que vive com o pai alcoólatra e próximo da morte. Senha para um filme piegas e triste? Nada disso! Essa é a primeira gigantesca virtude do filme, toda a trama relata a vida da garotinha e seu pai sem apelar para dramalhões baratos. 'Indomável Sonhadora' não foi filmado pra te fazer chorar. Pelo menos não com apelações banais.

Foto - FILM - Beasts of the Southern Wild : 200333

Outro ponto interessante é que o filme é um dos primeiros que mostra um Estados Unidos diferente do que estamos acostumados a ver, com gente pobre, humilde, doente e com parca assistência, um Estados Unidos de gente pobre como a brasileira, como a mexicana ou, sem exagero, como gente de países pobres da África.

Esse tipo de cinema o "pobre movie" é bem peculiar ao nosso cinema, acostumado às tragédias e mazelas humanas filmadas quase a exaustão e é aí que chegamos ao terceiro grande momento do filme: Esqueçam o foco exagerado na pobreza, esqueçam os grandes choques baratos e quase desnecessários... No filme a pobreza é parte de um todo, e não o todo jogado na sua cara. A pobreza é algo normal, quase natural.

indomável sonhadora

Isso tudo transforma 'Indomável...' em um filme super agradável de se assistir, interpretado em sua grande parte pelo próprio pessoal lá de Nova Orleans (alguns nem atores eram) e filmado por um sensível, talentoso e arrojado diretor (Benh Zeitlin).

O filme, aliás, é narrado, em off, sob a ótica de Hushpuppy, por isso alguns elementos reais são confundidos com elementos da imaginação da cabeça de criança da menina. Logo cenas dramáticas e de forte apelo dividem espaço para situações surreais que só poderiam sair da cabeça de uma garotinha (como nessa foto abaixo em que a pequena enfrenta uma besta gigante). 

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Olha, falando na garotinha, é impossível não se apaixonar perdidamente por ela. Nem sei se Quvenzhané Wallis será uma grande atriz, mas definitivamente este papel só poderia ser feito por ela! Na hora em que ela "enfrenta" o furacão e solta a clásica "hey, me enfrente, eu sou o único homem aqui!" é de arrepiar.

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Quem "sofre" com o talento desenfreado de Quvenzhané é o pai dela na estória o Dwight Henry, pois ele também esteve perfeito em sua atuação - e olha que nem ator profissional é -  (o cara é dono de padaria), mas infelizmente para ele é impossível não ficar ofuscado pela garotinha.

Perdoem a empolgação, mas gostei muito desse filme. Há muito tempo que não via um filme tão honesto e que trate os espectadores, somente como espectadores e não como consumidores.

Foto - FILM - Beasts of the Southern Wild : 200333

Um comentário:

  1. Quando vi o filme, imaginei que se tratava de obra independente de alguma pais latino ou africano. Me surpreendi bastante em ir percebendo onde se passava a história. O título original é muito mais intrigante: Beasts of the southern wild - "Bestas selvagens do sul" - que sem dúvida reflete a atmosfera dos personagens.

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