quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CRÍTICA DO DISCO 'SEI' DE NANDO REIS


Acompanhado pela banda Os Infernais, seus parceiros inseparáveis, Nando Reis lançou, no final de 2012, seu sétimo disco de estúdio intitulado "Sei". A ideia deste disco é trazer um Nando Reis de volta ao mundo do rock deixando, teoricamente, as baladas que tanto o consagraram nos últimos tempos (especialmente como compositor) de lado. Veja a crítica do Outros 300 ao novo trabalho de Nando:

Um disco de rock, mas com muito pop
Mesmo tentando fugir da estigma de compositor de baladas, Nando faz disco que acaba por misturar os estilos

A ideia era fazer um disco de rock and roll. Principalmente porque nos últimos tempos Nando Reis tem sido mais conhecido por suas composições, impreterivelmente baladas, para artistas como Cássia Eller, Skank e Jota Quest. No que pareceu estar cansado disto, Reis buscou um outro caminho para seu trabalho que vai totalmente para o oposto de 'O Bailão do Ruivão'.

Portanto 'Sei' era pra ser um disco de músicas cruas e diretas com uma pegada nitidamente mais rock 'n' roll. Para tanto ele chamou Jack Endino, produtor de grandes discos de rock de gente muito boa como Soundgarden, Nirvana e o próprio Titãs. Só que a vontade de fazer um disco de rock ficou só na vontade. Por mais que tente se desvencilhar da fama de baladeiro (de fazer baladas), Nando não conseguiu isto em 'Sei', aliás, digo mais, parece até que ele ratificou tal fama.


A julgar pela faixa título "Sei", que é uma das típicas baladinhas românticas do cantor, apesar de que "Coração Vago", e várias outras faixas também não soarem muito diferente. Nando tenta recuperar o objetivo de fazer um álbum de rock em "Pré-Sal". Nela o rock fica mais evidente, e a letra, sem refrão, mais complexa e misteriosa. Depois em "Back in Vânia" Nando faz uma divertida brincadeira parodiando o clássico "Back in Bahia", de Gilberto Gil.

Com uma instrumentalização bem mais poderosa e trabalhada, o romantismo volta em "Pra Quem Não Vem". Em "Eu & a Bispa", vemos um Nando crítico, onde obviamente o cantor dialoga contra os males das igrejas que usam a fé como comércio. Há quem diga que a palavra 
"universal" na segunda estrofe é uma crítica especifica àquela igreja e ao canal de TV Record, mas eu prefiro ficar com a ideia de que a crítica foi a gravadora Universal, que não quis renovar o contrato com o cantor antes de ele optar pela independência. 

Reis surpreende com um momento punk na música no trecho "Nem a punheta fode pelo pau que não fode a buceta" em que, admito, salvou a música. A última música a ser divulgada, "Lamento Realengo", traz um momento raro e brando de negatividade ao trabalho (a começar pelo título), mas é dotada de um trabalho instrumental que não nos deixa esquecer das propriedades roqueiras do disco. Aqui, a banda conseguiu combinar com sabedoria o blues e o reggae, dois estilos que aparentemente resultariam em uma mistura heterogênea. Essa dicotomia entre as baladas e o rock and rollzões segue pelas outras oito faixas restantes que não nos ataremos a falar por serem de menor destaque.


Nando independente

O álbum é independente, e Nando aproveitou para ousar na forma de distribuição. O cantor lançou 'Sei' na íntegra em seu site oficial e pediu para os próprios fãs determinarem um preço para a obra. O valor final será calculado com base no julgamento dos internautas.Legal né?

Ainda porque 'Sei' é um disco que agradará a todos (românticos e roqueiros), onde Nando Reis deixou clara sua maturidade musical, e que tornar-se independente pode trazer certa liberdade ao músico, permitindo a ele lançar mão de recursos impensáveis dentro de uma gravadora, como pedir que os fãs determinem o preço do disco. Fica a dica: Vale a pena ouvir!

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