domingo, 28 de outubro de 2012

CAFÉ COM LETRAS. SEU ENCONTRO SEMANAL COM A LITERATURA.




No Shopping Norte Sul, em Jardim Camburi, Vitória-ES, o empresário Leonardo Picinati arrumou uma maneira de aproveitar ainda mais os espaços. É o projeto Café com Letras, que começou neste dia 20/10, sábado, às 17h no segundo piso do Shopping, na companhia de escritores capixabas, seus livros. E, tivemos uma performance poética da Confraria dos Bardos.

Depois desse sábado, o projeto continua todas as quintas-feiras, até dia 06 de dezembro. Retornando em Janeiro de 2013.
Todos os encontros de quintas-feiras serão às 17horas, em algum espaço do Shopping, porque até as letras são itinerantes.
Seja bem-vindo!


Programação de 2012


01/11 – Encontro com o escritor Marcos Tavares (Academia Espiríto-Santense de Letras) e Ricardo Salvalaio (Academia de Letras Humberto de Campos)

08/11 – Encontro com o escritor Antonio Rocha (Academia de Letras Humberto de Campos – Vila Velha – ES)

15/11 – Encontro com o escritor Fabrício Fernandes, com o livro “Nome Nenhum”, abordando a temática LGBT.

22/11 – Encontro com o escritor Anaximandro Amorim (Academia Espiríto-Santense de Letras)

29/11 - Encontro com a escritora Silvana Pinheiro Taetz.

06/12 - Encontro com a escritora Maria Helena Guedes (Guedinha).

O GRANDE DIRETOR BRASILEIRO NELSON PEREIRA DA SANTOS COMPLETA HOJE 84 ANOS!





Nelson Pereira dos Santos, grande diretor brasileiro, completa hoje 84 anos.

Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, turma de 1952.

Considerado um dos mais importantes cineastas do país, seu filme “Vidas Secas”, baseado na obra de Graciliano Ramos, é um dos filmes brasileiros mais premiados em todos os tempos, sendo reconhecido como obra-prima.
Foi um dos precursores do movimento do Cinema Novo.
É o fundador do curso de graduação em Cinema da Universidade Federal Fluminense, sendo professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF.

Abaixo, confira, na íntegra, os filmes “Memórias do Cárcere” e “Vidas secas”:

LICENÇA PARA CONTAR: TATIANA BRIOSCHI



TATIANA BRIOSCHI, poeta e contista, é capixaba de coração e escreve desde os 10 anos. É formada em comunicação pela UFES e representou o Brasil em Tóquio no concurso cultural Miss e Mister Universitários Internacional, ganhando o concurso. Participou do livro da SECUL "Edital de Contos" e lançou os livros "Vila Velha Mundo" e “Se os desse a você - poemas” (virtual), assim como dois concursos de contos pela internet. Tem incursões em várias áreas, como teatro, cinema e dança, além de ter vários poemas seus publicados no DIO-ES. Sua temática tende a observar os fatos do cotidiano, a realidade social.  Confira, abaixo, a segunda parte do conto “A enseada e a vendedora”:  

A ENSEADA E A VENDEDORA (2ª parte)

[...]

Entrei para a primeira aula e encontrei na sala de dez alunos mais dois brasileiros, um rapaz e uma moça dos estados de Mato Grosso e Piauí que foram muito gentis comigo, tanto ao fazermos o trabalho da aula, uma dissertação sobre o sistema brasileiro de criação de abelhas, quanto ao passearmos depois da aula pelas ruas alemãs limpas e bem freqüentadas por apreciadores de chucrute. Herta e Franz, os brasileiros, convidaram-me para ficar hospedada com eles em um alojamento bastante  arejado e limpo na universidade de Berlim, ao que eu aceitei de muita boa  vontade principalmente por ser de graça. A universidade tinha um lindo jardim na frente e um refeitório branco muito simpático com bandejão a preço bem popular. Senti na universidade uma presença latina bem interessante com a  realização de um festival de música e cultura brasileiras organizado pelo  departamento de jornalismo. Franz, Herta e eu fomos convidados para  assistirmos à mostra brasileira, o que fizemos na quarta à noite depois de irmos ao nosso curso, e ao fim de "Deus e o Diabo na Terra do Sol" de Glauber Rocha fomos convidados para a mesa redonda de discussão sobre o filme. Não sei se por timidez ou falta mesmo do que falar, somente eu, dos brasileiros, comentei a fundo as características do filme, causando grande atenção por parte da platéia, o que resultou em uma grande ovação ao final com duração de cinco minutos. No calor da ovação sra Ester, organizadora da mostra, chamou-me a um canto e convidou-me a dirigir um filme alemão produzido pela universidade, ao que eu rapidamente aceitei. Disse então a Franz e Herta que não faria mais a pós e telefonei no dia seguinte à escola adiando meu curso para o ano seguinte. Eles foram muito compreensivos e parabenizaram-me por rodar um filme em sua terra, tarefa que começou já no dia seguinte, porém era um filme alemão rodado não na Alemanha mas sim na África, e fomos toda a equipe para Marrakesh, onde  filmamos a primeira cena na grande praça cheia de vendedores de comida, de água, encantadores de serpente e artistas de circo. Naquela balbúrdia misturada de árabe com francês e espanhol filmamos algumas cenas importantes do filme onde o casal protagonista teve uma briga por causa da religião, onde a moça queria ser muçulmana porém não usar o véu e o marido não a apoiava. Depois da filmagem fomos todos  para o hotel onde comemos cuscuz marroquino e tomamos um delicioso chá de  hortelã para ganhar forças, o que foi muito bem vindo pois dia seguinte viajamos mais ao sul e chegamos até a cadeia de montanhas Atlas, linha demarcatória da  parte mais fértil do país com o começo do deserto do Saara. No Atlas filmamos cenas de camelos, berberes, tendas e oásis para a parte digamos "mil e uma noites" do filme. As cenas ficaram muito boas e na edição mantive várias delas. Após dois meses de filmagens conseguimos finalmente dar o filme por encerrado. Voltamos a Berlim e demos os retoques finais em estúdio e na ilha de edição inserindo inclusive alguns efeitos especiais. Por fim fechamos o título em "Os veios dos véus" e o mostramos em avant première no maior cinema de Berlim, com grande  sucesso. Após uma semana de merecido descanso voltei às aulas da pós e junto com  meus amigos Herta e Franz começamos a fazer uma interessante pesquisa sobre a aceitação histórica de pequenos delitos na formação de uma sociedade altamente corrupta quando recebi um telefonema da sra Ester feliz da vida ao dar-me a notícia que nosso filme foi indicado ao Oscar de melhor filme, melhor figurino e melhor roteiro original. Felicíssimos ficamos toda a equipe e os  produtores da universidade e seguimos todos em comboio para a festa em Hollywood. Após carimbar minhas mãos e assinar meu nome na calçada da fama nos preparamos e seguimos lindamente para o teatro, onde tirei muitas fotos no tapete vermelho, fotógrafos gritavam meu nome e jornalistas acotovelavam-se por uma pequena pose. Ficamos a praticamente três passos do palco e efetivamente nós os atravessamos quando "Os veios dos véus"  foi chamado para receber o Oscar pelo melhor figurino. Toda a equipe exultou e em meu discurso agradeci o trabalho incansável das figurinistas que fizeram um guarda-roupa baseado na história do filme, nos personagens, na estação do ano, na moda do Marrocos, nos tecidos ecológicos e nos signos nos atores, além de gritar o nome do Brasil e do Espírito Santo. Recebi muitos cumprimentos na festa dos ganhadores e ao enfiar uma empada inteira na boca fui apresentada a taicoons chineses e japoneses muito formais em seus ternos azul-petróleo e maneiras orientais. Após alguns salamaleques, ou melhor, após salam ale cum,  os taicoons elogiaram muito o figurino do filme e convidaram-me a visitar sua fábrica de seda na China, convite imediatamente aceito. Após a noitada maravilhosa acordei num banco da praça de Los Angeles próxima de uma estátua viva a olhar-me com curiosidade, coisa que irritou-me deveras, e xinguei-lhe de filho da puta em alemão com o efeito do álcool ainda em meu sangue, o que serviu
para acordar minha alma sonolenta e impelir-me a tomar um banho no hotel em que estávamos hospedados. Após uma despedida chorosa peguei meu vôo para Pequim onde após um dia inteiro de viagem os taicoons já aguardavam-me para a visita prometida na bonita fábrica, situada a vinte minutos do centro da  cidade em uma área verde muito arejada cheia de árvores chinesas e alguns bambus. A fábrica possuia grande área com amoreiras e panelonas para matar as pobres lagartas e poder desenrolar o fio do casulo, lindo, lustroso, prontinho para receber lindas cores em tecidos enormes. Em meu quarto no hotel Flor de Lótus eu sonhava freqüentemente com a fabricação da seda, com as  lagartas mortas em prol de nossa vestimenta e grande culpa surgia em minha mente, tanto que bati longos papos com a dona do hotel, uma chinesa  simpática de longos cabelos em coque e pequenos pés deformados pela mãe para que não crescessem. Ela contou-me algumas lendas sobre batalhas e  guerreiros e moçoilas vestidas em seda vermelha, e horas ficávamos a papear na cozinha. A senhoria conhecia muito do processo da fábrica e decidiu  ensinar-me alguns segredos muito bem guardados para fabricar bons tecidos,  o que fez-me uma especialista em muito pouco tempo, pelo menos na teoria, e fez-me pensar em ficar seis meses em Pequim para aprender mais e trabalhar na fábrica. Dois dias depois disto decidi ir embora a acompanhar um carregamento de fios no qual participei ativamente em meus olhos e minha mente, carregamento que sairia do país pela rota da seda via trem. Contentes saimos de Pequim em carros até a estação ferroviária a acompanhar o carregamento que foi colocado na parte cargueira sendo que nós seguiríamos de primeira classe, não  sem antes apresentar, carimbar e assinar toda a papelada necessária para seguir viagem. Partimos junto com as nuvens e pegamos muita chuva no caminho para Dunhuang onde fiz questão de saltar e visitar as cavernas Mogao e o Lago da Lua.  Continuamos o trajeto até Turban onde almoçamos no Pagode Sugong e  lanchamos nas ruínas da cidade Jiaohe. Fiquei satisfeita por chegar a Urumuqi pois tinha grande amiga a morar lá, perto do Lago do Céu, onde passeamos, tomamos chá e colocamos a conversa em dia pois fazia anos que não nos víamos. Ela abriu seu coração, contando-me sobre o marido machista, as filhas ausentes devido ao trabalho com os maridos e sogras, e a falta de dinheiro. Trocamos  queixas de nossas vidas mal-arrumadas e eu disse adeus, afinal precisava seguir minha rota cadenciada, rota existente a tantos anos, que entrou para a história.  Às vezes eu olhava pela janela e imaginava tantas doenças, mortes, dificuldades que seguiram os carregadores da seda para levar sua mercadoria até a Europa, mas qual trabalho é fácil, afinal? nunca vi algum. desde plantar alface e esperar pela chuva até escrever milhares de linhas de programas de computador, para tudo precisamos penar, claro que há os momentos de refresco, e eu pensava nesses refrescos do trabalho quando, no Turqueministão, vi uma passeata em Ashgabat e desci na estação seguinte. Era uma passeata por melhores serviços públicos e eu imediatamente troquei meu relógio por uma bandeira nacional e segui os manifestantes por quase duas horas. Terminamos a passeata em frente à sede do governo gritando palavras de incentivo, claro que eu imitava somente a última palavra de cada frase aos berros, sem saber o significado, mas produzi  grande efeito, a julgar pelos cumprimentos que recebi ao final da passeata  dos que pareciam ser os organizadores. Eram muito simpáticos e convidaram-me, em esperanto, para fazer parte da comissão que negociaria com o presidente,  e eu modestamente aceitei juntar-me à força-tarefa, que consistia em um grupo de dois homens e uma mulher prontos a estudarem maneiras melhores de lidar com os serviços públicos, praticamente decadentes. Hospedei-me no melhor hotel da cidade, que possuia um banheiro por cada andar , e reunia-me todos os dias pela manhã com a comissão, trabalhávamos até ao meio-dia e á tarde íamos a campo pesquisar o que a população gostaria de ter em seu governo. E tanto fiz estas pesquisas, em esperanto, que o encarregado da comissão  conversou com o líderes do partido e convidaram-me para ser ministra dos  melhoramentos nacionais, cargo criado especialmente para mim, o que produziu em meu ego, devo admitir, um salto extraordinário. Logo procurei e consegui um gabinete no palácio com mesas, computador e telefone e pus-me a trabalhar em prol do controle da inflação, todos os países a têm, e fim das mordomias administrativas do colarinho branco, um trabalho hercúleo que trouxe-me antipatias compreensíveis dos culpados, embora claro também trouxesse apoio dos honestos, que infelizmente não conseguiram impedir que em dois dias no cargo de ministra eu fosse deposta e deportada para o Quirguistão onde achei-me só e triste pelas vicissitudes da vida, mas sequei as lágrimas com as costas da mão e fui passear pelo mercado de alimentos de Bishkek. Lá entre cereais e ervas fiquei íntima dos vendedores, pessoas sofridas, que perguntavam-me sobre o Brasil à toda hora.

[...]

Veja a primeira parte do conto “A enseada e a vendedora” no link: http://outros300.blogspot.com.br/2012/10/licenca-para-contar-tatiana-brioschi.html


sábado, 27 de outubro de 2012

TOP 10 - "AS DEZ MELHORES CANÇÕES DO RED HOT CHILLI PEPPERS"


No próximo dia 1º de novembro Anthony Kiedes vocalista da banda norte americana Red Hot Chilli Peppers completa 50 anos. Para homenagear Kiedes e os fãs de Red Hot o Outros 300 lista agora as dez melhores canções da banda segundo nossa opinião. Que tal começar o fim de semana com rock and roll? Bora com a gente? Segue a lista:

10º Dani Califórnia

9º Soul The Squeeze

8º Aeroplane

7º Fortune Faded

6º All Around The World

5º By The Way

4º Give It Away

3º Love Rollercoaster

2º Under The Bridge

1º Californation

O GRANDE ATOR ITALIANO ROBERTO BENIGNI COMPLETA HOJE 60 ANOS!



O premiado ator e diretor de cinema e televisão italiano Roberto Benigni completa hoje 60 anos

Benigni é provavelmente mais conhecido pela sua tragicomédia A Vida é Bela (La vita è bella), filmado em Cortona e Arezzo, sobre um homem que tenta proteger seu filho durante seu internamento em um campo de concentração nazista, fazendo-o acreditar que o Holocausto é um jogo elaborado e que ele tem que seguir fielmente as regras para vencer. O pai de Benigni perdeu dois anos de sua vida num campo de concentração em Bergen-Belsen, e a "A Vida é Bela" é baseado em parte nas experiências de seu pai. O filme foi nomeado em 1998 para sete prêmios da Academia e ganhou na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Ator (dirigido por ele mesmo) e Melhor Trilha Original, composta e executada por Nicola Piovani. Benigni é um dos dois únicos atores que dirigiram a si mesmo no filme em que ganhou um Oscar de atuação; o outro foi Laurence Olivier, com sua versão de Hamlet.
Dirigiu também os filmes O monstro (Il mostro), O pequeno diabo (Il piccolo diavolo) (com Walter Matthau) e Johnny Stecchino. Com o tão popular ator cômico Massimo Troisi, ele atuou em Non ci resta che piangere, uma fábula em que os protagonistas são, de repente, levados de volta no tempo, no século XV, pouco antes de 1492 (ano do descobrimento da América). Eles começaram a procurar por Cristóvão Colombo para impedi-lo de descobrir as Américas, mas não conseguiram encontrá-lo.

Nicoletta Braschi, a esposa de Benigni, estrelou com ele na maioria dos filmes que ele dirigiu. Ele também atuou em dois filmes do diretor americano Jim Jarmusch. Em Down by Law (1986), ele interpreta Bob, um estrangeiro inocente acusado de assassinato, onde seu grande humor e otimismo o ajuda a escapar e encontrar seu amor (co-estrelado mais uma vez por Nicoletta Braschi, como sua amada). Em Night on Earth (1991), ele interpreta um taxista em Roma, causando em seu passageiro - um padre - um grande desconforto ao contar suas experiências sexuais. Ele também estrelou o primeiro curta das série de Jarmusch, Coffee and Cigarettes (1986). Também foi um dos principais personagens em Astérix e Obélix contra César como Detritus, um coletor de impostos corrupto que tenta matar César e reivindica o trono do Império Romano. Apreciado também como poeta de improvisação, e também pelos seus recitais de A Divina Comédia, de Dante Alighieri de memória.
Muito popular na Itália, se tornou famoso na naquele país na década de 1970 por uma série de TV chocante chamada Televacca, por Renzo Arbore, que foi um grande escândalo para seu tempo, e foi suspensa pela censura. Depois, ele apareceu durante uma demonstração política pública do Partido Comunista Italiano (do qual foi simpatizante), e nessa ocasião, utiliza da figura de Enrico Berlinguer, uma figura muito séria, fazendo humor a partir dele. Esse fato imprescedente se deu num momento em que os políticos italianos eram extremamente sérios e formais, e Berlinguer provavelmente foi o mais sério deles todos. Isso representou uma quebra de costumes, a partir de onde os políticos passaram a experimentar novos hábitos e maneiras públicas, sendo menos formais e modificando seu discurso e estilo de vida para se mostrarem mais populares.

Na década de 1980, ao insultar o papa João Paulo II durante um importante show de TV ao vivo, foi censurado novamente. Benigni dirigiu o filme sobre a Guerra do Iraque chamado La tigre e la neve, com tomadas em Roma, Tunísia e na região italiana da Úmbria. Em 15 de Outubro de 2005, ele tirou parte de sua roupa no telejornal mais assistido nos fins de tarde da Itália. Antes de fazer isso, ele "sequestrou" os créditos iniciais do telejornal, e pulou em frente a câmera anunciando: "Berlusconi renunciou!". Ele é um duro crítico do ex- primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Abaixo, confira, na íntegra, o filme “O pequeno diabo”, que foi dirigido e protagonizado por Roberto Benigni:


LICENÇA PARA CONTAR: TATIANA BRIOSCHI


TATIANA BRIOSCHI, poeta e contista, é capixaba de coração e escreve desde os 10 anos. É formada em comunicação pela UFES e representou o Brasil em Tóquio no concurso cultural Miss e Mister Universitários Internacional, ganhando o concurso. Participou do livro da SECUL "Edital de Contos" e lançou os livros "Vila Velha Mundo" e “Se os desse a você - poemas” (virtual), assim como dois concursos de contos pela internet. Tem incursões em várias áreas, como teatro, cinema e dança, além de ter vários poemas seus publicados no DIO-ES. Sua temática tende a observar os fatos do cotidiano, a realidade social.  Confira, abaixo, a primeira parte do conto “A enseada e a vendedora” (o conto será dividido em três, dado seu tamanho e proposta do blog. As outras partes serão publicadas no domingo e na segunda):  

A ENSEADA E A VENDEDORA

Pisquei os olhos e acordei nesta enseada, eu, que ontem era professora de uma importante escola canela-verde, hoje estou aqui, nesta enseada vendendo óculos de sol. Ainda bem que esta enseada é procurada por turistas de todo o mundo por suas qualidades excepcionais de revelar o futuro através de visões que visitam os banhistas quando eles menos esperam, quando estão bem quietos perto do mar, esticados na canga tomando sol e lá vem ela, a visão ataca, mostrando o futuro do felizardo se ele tivesse tomado outro rumo na vida. E não são poucos os que procuram a praia para tentar ter a sorte de serem  premiados com a visão. Meus óculos escuros são perfeitos para estas pessoas porque possuem lentes duráveis e que não prejudicam a vista, diferentes desses que existem na praça cheios de defeitos, que quebram à toa e que não protegem as retinas.

No meu tabuleiro de óculos tenho sempre vinte peças à exposição para meus clientes e na minha bolsa tenho mais dez de reserva, todos oferecidos para mim pelo grande exportador de mercadorias visconde de São Torquato, amigo meu de longa data, tão longa que ele ainda era marquês e fabricava bolas de madeira para os jogadores da elite jogarem bocha. Ele e eu sempre fomos apoiadores do esporte, afinal, para que serve a aristocracia? ser mantenedor das artes e dos esportes, ser um mecenas já é tradição e não poderíamos fugir à  regra. O visconde é muito simpático e toda semana vem até aqui trazer suas mercadorias para nós, eu e minha amiga Alice, vendermos. Alice teve inclusive uma caída pelo visconde mas eu chamei-a perto da castanheira e tive uma  conversa muito séria com ela e disse que não seria possível misturar amor com negócios, poderia atrapalhar, e ela pareceu entender pois nunca mais falou no assunto. Eu achei ótimo e dei um jeito de apresentá-la ao sr. Ângelo, também da aristocracia vilavelhense, conhecido como o rei da tapioca. Ele e seu irmão têm uma barraca de tapiocas recheadas num ótimo lugar no calçadão, lugar  privilegiado perto da parte mais larga e embaixo de uma castanheira. Na verdade eu conheço mais o irmão dele , o príncipe Anderson, que já comprou comigo um par de óculos dos mais caros, o que mostrou-me de pronto suas posses.  Claro que comentei isto com Alice para preparar terreno antes de apresentá-la ao rei, e ela ficou logo muito animada, tão animada que marcou sair com sr. Ângelo, disse que iria comer um churrasquinho de camarão na barraca do Edu. Eu a preveni que se o rei passasse dos limites, se quisesse passar a mão no colo dela ou a língua no ouvido, sinais claros de abuso, ela deveria correr e tomar o primeiro ônibus para casa.

Depois contou-me que tudo correu às mil maravilhas e ele foi muito cavalheiro o que me deixou muito feliz, e pessoas felizes vendem mais, o que provei ser verdade vendendo dois pares de óculos para dois  turistas que vieram pela primeira vez à Enseada. Estavam perdidos mas depois expliquei-lhes que não era em todos os pontos da Praia da Costa que as  pessoas tinham visões, que somente a parte entre a pedra da sereia e o clube Libanês oferecia propriedades mágicas, que a melhor hora do dia era entre as dez e as onze horas da manhã. Eles ficaram tão satisfeitos com minha ajuda que  pagaram-me dez reais pelas dicas. Claro que minha consultoria valia muito mais mas fiquei quieta para não ofendê-los, perguntando depois solicitamente se haviam tido sorte, ao que a mulher disse que não, que não havia tido nenhuma visão de futuro, o que foi partilhado pelo homem ao seu lado. Paciência, nem todos são premiados, é como achar uma pérola, nem todas as ostras a têm  mas a procura continua, a persistência é o mais importante, como sempre falo para meus alunos, não os que tive no passado mas os que tenho agora. Futuramente voltarei para meu antigo posto de acadêmica mas por enquanto ensino ao ar livre, inspirada nos filósofos gregos. Todos os dias, ao chegar com minha mercadoria já sei que aos poucos virão os alunos, espontaneamente, livres, como deve ser o ensino de qualidade e adulto.

O aluno que chega mais cedo é o médico, usa sempre calções brancos para andar no calçadão com  bastante pressa, tem um relógio que conta o tempo percorrido e as batidas do coração. Ele é muito simpático e seria até bonito se não fosse a grande barriga, que não some apesar da caminhada diária. Sempre tem perguntas a fazer-me com relação ao mundo, aos acontecimentos, as curiosidades, isso presumo é devido a sua vida fechada no hospital, sempre em salas de cirurgia com pessoas doentes a sua volta, pressão para atendimento e tudo o mais. Ensino-o pacientemente as leis do marketing, como atingir o público certo, a influência do signo na compra do dia, quem prefere óculos redondos, quadrados, ovais, os tipos de temperamento, como receber o pagamento, como reagir às pechinchas...ele ouve-me sempre atentamente enquanto toma sua água de  coco, a testa a suar horrores, e depois eu o dispenso para continuar seus  exercícios, claro que sem cobrar pois todos os meus alunos não pagam pelas aulas, sejam eles ricos ou pobres, pobres como sra Geraldina que  tem grande dificuldade em acompanhar meu raciocínio, afinal tem pouca instrução.

Ela vem para as aulas por volta das oito e meia da manhã e vem sempre calma, varrendo o meio fio, naquele ritmo cadenciado de juntar a  areia junto às folhas e depois recolhê-las com a pá, jogando no carrinho.  Nossas aulas são sempre sobre filosofia européia, mais tarde passarei para a filosofia chinesa, e ela parece gostar muito. Discutimos sempre sobre os conceitos metafísicos, a origem do Homem e suas fraquezas, as virtudes os sonhos, as diferenças, o que significa a felicidade, e seus olhos sempre têm um brilho de interesse ao ouvir-me em meus discursos. Somente gostaria que ela participasse mais, que desse mais contribuições às idéias de Aristóteles, Spinoza, São Tomás de Aquino, mas seu raciocínio não é tão rápido, temo admitir, e contento-me a falar sozinha, não tem problema. Ao final sei que minha aluna irá para casa com grandes conceitos e ao cozinhar seu arroz, seu feijão, olhará com outros olhos para seus alimentos e seu casamento, o que já será significativo pois pensar o casamento não é tarefa para fracos. Já dei consultoria sentimental para dois alunos que  passam pelo calçadão lá pelo meio da manhã, dois altos servidores do governo, que há dois meses brigaram feio, todos perceberam, inclusive os pescadores. Eu os chamei reservadamente e com muito tato perguntei o que se passava e compreendi que o marido havia traído a mulher com  uma amiga do casal. Aconselhei-os a serem pacientes com esta fase de transição e senti que o divórcio era iminente, então eu mostrei a eles a importância de serem amigos, de não estafarem os familiares por causa do problema, que cuidassem dos filhos com atenção e eles ficaram agradecidos pelo meu interesse, se bem que não pareceram muito dispostos a efetivamente fazerem o que eu havia aconselhado, mas isto faz parte do ofício.

O ensino é dos ofícios mais nobres e percebi que não poderia voltar a ser acadêmica sem uma merecida especialização então munida da certeza de que só se filosofa em alemão fui fazer uma pós-graduação em Berlim. Cheguei bronzeada pelo sol da Praia da Costa e contrastei-me com todos os berlinenses já de sopetão, principalmente com a estátua viva toda pintada de branco em um pedestal na praça, pronta para ganhar umas moedinhas num chapéu virado de cabeça para baixo perto dela. Dei-lhe uma moeda de real e a estátua viva virou-se em minha direção agradecendo, ao que eu refiz seu gesto polidamente e continuei meu caminho até a escola de estudos avançados a dois blocos dali.  Quando cheguei fui muito bem recebida e na minha pasta fui corretamente identificada como acadêmica, o que me agradou deveras.

[...]

LICENÇA CRÔNICA: ANAXIMANDRO AMORIM


Anaximandro Amorim (1978) é escritor, advogado, bacharel em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e pós-graduado em Direito pela Escola da Magistratura do Trabalho da 17ª Região (EMATRA - 17ª Região). Membro da Associação dos Professores de Francês do Estado do Espírito Santo (APFES), do Conselho Estadual de Cultura, da Academia Espírito-Santense de Letras e da Academia de Letras Humberto de Campos, de Vila Velha/ES. Confira, abaixo, a crônica “O teatro e o mundo corporativo”:

O TEATRO E O MUNDO CORPORATIVO

Olá, leitor, quanto tempo, né? Confesso que ando meio sumido daqui do blog, mesmo, mas hoje resolvi retornar com um assunto muito interessante: teatro. Quer dizer, na verdade, do que está por trás do teatro, do que ninguém vê. Dos exercícios. Estranhou? Pois é, leitor, até pra fazer teatro tem de se suar a camisa (literalmente!). E o negócio não é fácil, não. Mas, acredite, os exercícios teatrais podem (e muito!) ser uma valiosa ferramenta para o mundo corporativo. Duvida? Então, veja só.

O teatro é, antes de mais nada, um trabalho de equipe, tal como acontece nas empresas. Mesmo sozinho em cena, o ator precisa do grupo, tal como o colaborador. Um exercício interessante para estimular esse aspecto é o do cardume: põem-se os participantes para andarem em bloco, um ao lado do outro, o mais próximo possível, como se todos formassem uma coisa só, de tal arte que um participante propõe uma ação, que deve ser seguida por todos. Por exemplo, um assovio. Se um assoviar, todos devem fazê-lo também. Esse tipo de exercício faz com que o ator tenha a consciência do grupo e que o colaborador estimule o trabalho de equipe, alinhando sua participação com a dos demais.

Outro exercício interessante é o do eixo. Põe-se, ereto, um membro do grupo, rodeado pelos demais, todos com as mãos espalmadas. O participante que se encontra no meio deve, assim, deixar o corpo, hirto, cair em qualquer direção, sendo amparado pelos demais que, ao mesmo tempo, jogam o corpo do colega para uma outra, como em uma brincadeira de “joão-bobo”. Tal exercício trabalha a confiança de um membro do grupo nos demais e a responsabilidade desses para com os participantes. No mundo cênico, tal é importante para criar uma unidade de corpo nos atores; no mundo corporativo, para que o colaborador aprenda a respeitar o colega e a medir a extensão dos seus atos.

O exercício dos bastões também pode ser muito útil. Consiste em dispor os participantes em roda, colocando outro, mais uma vez, no meio. Um bastão circula dentre os que estão dispostos em roda, enquanto outro é lançado, verticalmente, para um colega qualquer, pelo membro de dentro, após estabelecimento de contato visual. Em teatro, o exercício serve para aguçar a atenção do ator para com o colega de cena e para com o que está acontecendo a seu redor. No mundo corporativo, tal pode ser interessante para trabalhar a concentração do colaborador no trabalho e também “antená-lo” no que está acontecendo a sua volta. 

Enfim: alguém disse que vida de artista não é fácil. A vida nas empresas também não. Para ser ator é necessária muita disciplina, chegar cedo aos ensaios e muito estudo ao longo da vida. Nas grandes empresas e escritórios, também. Um profissional bemsucedido, de qualquer formação, também precisa de muita disciplina, afinal, se o ator possui direção, o colaborador de uma empresa possui coordenação, gerência e mesmo direção. Além de sempre precisar se atualizar, claro. No entanto, com boas ideias e um pouco de ludicidade, pode-se ganhar muito no mundo dos negócios e, em satisfação pessoal. É aí que o teatro pode ser uma excelente ferramenta.