terça-feira, 30 de outubro de 2012

CLÁSSICO 'MEFISTO' É A GRANDE OPÇÃO DE TEATRO NO ESTADO NESTE FIM DE SEMANA

Jussara Martins/Divulgação

Espetáculo multimídia revisita a antiga lenda de Fausto e o pacto com o Mal, neste final de semana

A peça 'Mefisto', escrita e dirigida por Marcelo Ferreira, une teatro, dança e projeções visuais no palco

Se você ficar pela capital neste fim de semana prolongado a grande opção de teatro é 'Mefisto' super clássico dos palcos que chega até Vitória neste fim de semana. Uma antiga lenda alemã conta a história de um médico chamado Fausto, que teria feito um pacto com o diabo em troca de conhecimento ilimitado e uma vida de prazeres. Essa lenda tornou-se mais conhecida a partir do poema dramático "Fausto", do alemão Johann Wolfgang von Goethe, cuja primeira versão é de 1775 (a definitiva saiu somente em 1808).

O pacto do médico Fausto com o demônio, ou Mefistófeles, foi recontado de diversas maneiras por inúmeros autores. Além de Goethe, destacaram-se os também alemães Thomas Mann e seu filho Klaus Mann, autores de "Doutor Fausto" (1947) e "Mefisto" (1936), respectivamente.

O romance de Klaus serviu de base para o espetáculo "Mefisto", do ator e diretor Marcelo Ferreira, que estreou em 14 de outubro, durante o VIII Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória, e agora será apresentado no Teatro Carlos Gomes, neste final de semana. Além do livro de Mann, a peça faz referência também ao poema de Goethe e à obra homônima de Magno Godoy, coreógrafo capixaba falecido em junho de 2008.

Com ele, Marcelo Ferreira manteve a Companhia Neo-Iaô, responsável pela primeira concepção do espetáculo solo, encenado naquele 1987 pelo próprio Godoy. A nova montagem faz parte de uma série de homenagens ao companheiro de palco, iniciada em outubro do ano passado com a peça "Stultifera Navis – A Nau dos Loucos". "Do 'Mefisto' de Magno, só mantive a cena final, e assim mesmo apresentamos numa projeção em vídeo. Na época, ele fez ao vivo", conta Ferreira.

No romance de Klaus, que foi adaptado para o cinema em 1981, sob direção do húngaro István Szabó, um ator alemão ambicioso passa a interpretar peças de propaganda nazista e, com isso, torna-se popular na Alemanha. Ele então percebe que fez um pacto com o mal, nesse caso o regime totalitário de Adolf Hitler.

Jussara Martins/Divulgação
O ator Vinicius Cavatti participa da peça em uma cena de tortura

Cabeça
 
Na montagem de Marcelo, que assina o roteiro, a direção e atua, o personagem surge em cena como um "bobo da corte", em um ambiente de tortura e medo. Num pacto de sangue com o poder, ele vende sua cabeça. Literalmente. Há, inclusive, espaço para críticas à política local, com o traficante de cabeças perambulando pelo Palácio Anchieta projetado no palco.

"A peça é mais conceitual e está situada numa época de tortura. O ambiente em que a trama se desenrola é totalitário. A peça abre com uma cena de tortura, com participação de Vinicius Cavatti. Na sequência, várias cabeças aparecem em diversas situações, inclusive projetadas sobre a plateia."

O misto de teatro-dança com video mapping (técnica de projeção em terceira dimensão sobre qualquer tipo de superfície) é a novidade do espetáculo. "É a primeira incursão do coletivo PixxFluxx no teatro, e o resultado é interessante. Trabalho com a linguagem do teatro pós-dramático, em que o texto não é o mais importante. Há outros elementos que o compõem. O visual é muito forte, e o que não está no gesto, está nas imagens, na trilha sonora original."

Mefisto
Roteiro, direção e performance: Marcelo Ferreira
Quando: sábado (3/11) e domingo (4/11), às 20h30
Onde: Teatro Carlos Gomes, Praça Costa Pereira, Centro de Vitória
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Informações: (27) 3132-8398

Fonte: A Gazeta

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CINEMARK (SHOPPING VITÓRIA) EXIBE SOMENTE AMANHÃ O DOCUMENTÁRIO "CELEBRATION DAY", DO LED ZEPPELIN. CONFIRA!




A Rede Cinemark (Shopping Vitória) exibirá somente amanhã o show ‘Celebration Day’, da banda de rock Led Zeppelin.
Os fãs de Led Zeppelin poderão conferir o espetáculo, gravado em 2007 na Arena 02, de Londres, nos dias 30 de outubro, às 21h. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).

Em 2007, os ingressos para o show do Led Zeppelin foram disputados por 20 milhões de pessoas, mas apenas 18 mil conseguiram garantir um lugar na Arena 02. Os músicos John Paul Jones, Jimmy Page e Robert Plant, fundadores da banda, uniram-se a Jason Bonham, filho do falecido baterista John Bonham, em um espetáculo que durou mais de duas horas e reunião 16 sucessos, como ‘Whole lotta love’, ‘Rock and roll’, ‘Kashmir’ e ‘Stairway to heaven’. O show foi realizado em tributo a Ahmet Ertegun, amigo dos músicos e fundador da Atlantic Records.

Serviço

Cinemark (Shopping Vitória)
Av. Américo Buaiz, 200 - Enseada do Suá, Vitória – ES.

ENTREVISTA COM O ESCRITOR LUIS FERNANDO VERISSIMO


 

Luis Fernando Veríssimo completou 76 anos em setembro passado. Para a Revista Época, o escritor diz que lhe falta pouco para a realização. Talvez apenas uma aventura com Angelina Jolie, nem que seja por telefone

O escritor Luis Fernando Verissimo ainda mora em Porto Alegre, onde nasceu há 76 anos. Ainda viaja pelo mundo, toca saxofone num grupo de jazz e produz crônicas, contos e romances sem parar. Apesar da hiperatividade, não gosta de falar sobre o que faz. Acaba de lançar Diálogos impossíveis (Objetiva, 176 páginas, R$ 32,90), o 25º volume de crônicas em 40 anos de carreira. Desta vez, imagina conversas entre personagens históricos, literários ou mesmo inexistentes, inventados na hora de escrever. Os pintores Picasso e Goya discutem luz. Don Juan dialoga com a Morte, Robespierre com seu verdugo. Tímido incurável, Verissimo preferiu responder por escrito sobre o que espera do mundo, dos homens, da literatura... e de todo o resto.

ÉPOCA – O que o senhor espera da vida ainda?
Luis Fernando Verissimo –
Pois é, com 76 anos o máximo que posso esperar da vida é mais um pouquinho de vida. Uns dez anos, não sou exigente.

ÉPOCA – O que o senhor gostaria de fazer e nunca fez?
Verissimo –
Sexo oral com Angelina Jolie. Pode ser por telefone.

ÉPOCA – Quem o senhor gostaria de ser?
Verissimo –
Um misto de George Clooney e Ariano Suassuna.

ÉPOCA – Se houvesse reencarnação, aceitaria ser recebido pelo pessoal do espiritismo?
Verissimo –
Aceitaria, claro. Principalmente se as encarnações anteriores contassem tempo para o INPS.

ÉPOCA – Caso acreditasse no cristianismo em Dante, o senhor se encaixaria melhor no Inferno, no Paraíso ou no Purgatório?
Verissimo –
No Paraíso, que pergunta. Desde que pudesse passar os fins de semana no Inferno.

ÉPOCA – O senhor mantém um círculo de amigos ou prefere a vida de eremita?
Verissimo –
Sou um antissocial com muitos amigos.

ÉPOCA – Quais são seus passatempos?
Verissimo –
A música. Toco saxofone, embora haja controvérsias sobre se o “termo” é tocar.

ÉPOCA – Como o senhor trabalha? Há um método, uma superstição, uma disciplina?
Verissimo –
Os prazos de entrega da coluna impõem certa rotina, mas normalmente sou bastante desorganizado no trabalho. Disciplina zero.

ÉPOCA – Descreva como as ideias para as crônicas surgem.
Verissimo –
De onde vêm as ideias, eu não sei. Quando vem uma ideia, confio na memória para me lembrar dela, o que raramente funciona. Pior é a sensação de que as melhores ideias são as que a gente esquece. Já tentei andar com um caderninho para anotar as ideias, mas aí elas começaram a vir no chuveiro.

ÉPOCA – O senhor é daqueles que escrevem à mão?
Verissimo –
Não. Escrevo a dedos. Dois, no computador.

ÉPOCA – Por que viaja tanto?
Verissimo –
Comecei cedo, viajando com meus pais, e gostei. Depois, quis proporcionar a mesma experiência a meus filhos. Gosto tanto de viajar que gosto até de comida de avião. Mas sempre voltando a Porto Alegre, onde tenho minha base emocional.

ÉPOCA – Por que prefere os gêneros “menores”, como a crônica ou o romance humorístico, à epopeia ou ao romance? Nunca pensou em ser um Tolstói? Ou um Erico Verissimo (seu pai)?
Verissimo –
Alguns dos melhores escritores brasileiros só fizeram crônica, como o Rubem Braga, o Paulo Mendes Campos, o Antonio Maria e o Sergio Porto. Não me considero da mesma linhagem, mas não acho a crônica um gênero menor. Na verdade, não tinha a intenção nem de ser escritor, quanto mais ser um Tolstói ou um Erico Verissimo.

ÉPOCA – O que significa escrever?
Verissimo –
É uma atividade que comecei meio tarde e meio por acaso e que tem garantido o uísque das crianças. Mais pretensiosamente, é uma maneira de dar um testemunho sobre meu tempo. Crônicas são anotações nas margens da história. Uma analogia que só se sustentará enquanto o livro não for substituído pelo tablet.

ÉPOCA – Que autores o influenciaram de fato? Quais aqueles de que o senhor gosta, mas nunca alteraram uma vírgula em sua obra?
Verissimo –
Entre os brasileiros, li muito os cronistas. Também Moacyr Scliar, Rubem Fonseca, Clarice Lispector, Erico Verissimo. Tenho lido com muito prazer o Milton Hatoum, o José Roberto Torero, o Tabajara Ruas. Destes, não sei quem me influenciou. Talvez meu pai, que foi um dos primeiros a escrever com a informalidade que também busco.

ÉPOCA – Entre seus livros, qual é seu favorito? Ou o senhor ama igualmente todos os seus rebentos literários?
Verissimo –
O analista de Bagé foi importante, porque foi o primeiro a ter mais repercussão, embora não fosse diferente das outras coleções de crônicas. Entre os romances, acho O clube dos anjos e Borges e os orangotangos eternos os mais bem-acabados.

ÉPOCA – Que conselhos o senhor dá aos jovens autores?
Verissimo –
Leiam.

ÉPOCA – O senhor lê autores estrangeiros da moda, como Philip Roth, Jonathan Franzen ou David Foster Wallace?
Verissimo –
Dos atuais, o Roth. Dos antigos, o (Saul) Bellow, o (F. Scott) Fitzgerald, o (John) Dos Passos, o Graham Greene, o Evelyn Waugh, o (Vladimir) Nabokov.

ÉPOCA – Como vê a ascensão da literatura erótica para moças?
Verissimo –
Acho engraçado que, na era da igualdade entre os sexos e do fim do machismo, exista sexo light para mulheres, como existem suplementos femininos na imprensa, apesar 
de hoje as mulheres serem maioria em muitas redações.

ÉPOCA – O senhor sempre se alinhou com a esquerda. Como analisa a política brasileira hoje?
Verissimo –
O fato de haver eleições livres, debate, liberdade de opinião etc. é um avanço óbvio. Democracia econômica ainda falta, mas em matéria de democracia formal estamos bem. A inesperada rejeição a Celso Russomanno em São Paulo foi uma prova de maturidade política que vem com a prática democrática.

ÉPOCA – O senhor aborda questões existenciais em seus textos. É um cético ou é só um jogo de linguagem nas crônicas?
Verissimo –
Sou um cético total, mas aberto a revelações.

ÉPOCA – Prefere pregadores tradicionais, religiosos, ou a turma dos ateus?
Verissimo –
Não havia literatura ateísta antes do (Richard) Dawkins e do (Christopher) Hitchens. Acho uma boa novidade. Tudo o que se disser sobre os males do monoteísmo é bem-vindo.

ÉPOCA – Em seu novo livro, Danton aparece como frasista na crônica sobre Robespierre. Essa não é uma característica sua?
Verissimo –
Dou a impressão de estar fazendo frases na véspera de ser guilhotinado? Olha, pode ser uma boa descrição de como me sinto...

ÉPOCA – Dizem que o senhor está mais americanizado que nunca. Concorda?
Verissimo –
Morei sete anos nos Estados Unidos, na infância e na adolescência. Tive uma ligação muito forte com a cultura americana. O cinema, a literatura, a música. É natural que isso afetasse a escrita. Já ouvi dizerem que escrevo em inglês traduzido.

ÉPOCA – Sua timidez parece fora de moda. Não é hora de soltar a franga para brilhar ainda mais nos festivais literários?
Verissimo –
Na verdade, o difícil tem sido segurar a franga. Ultimamente, eu mesmo não tenho me reconhecido.

ÉPOCA – O senhor pensa na posteridade de sua obra?
Verissimo
– Não acho que tenha uma obra literariamente importante.



SERRA: MÚSICA E LANÇAMENTO DE LIVRO ENCERRAM SEMANA DO LIVRO.


Boa música, lançamento literário, apresentações teatrais, coral, roda musical e encontro de vários autores. O último dia da Semana Nacional da Biblioteca promete terminar as comemorações com chave de ouro. O encerramento acontece nesta segunda-feira (29), na Biblioteca Municipal, localizada no Centro da Serra.

As atividades começam logo cedo, às 9 e às 15 horas, acontecem apresentações do espetáculo “Sítio do Pica Pau Amarelo”, aos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Hebert de Souza, no Instituto Projures.

Mais tarde, às 19 horas, será realizado um tributo a Luiz Gonzaga, através da apresentação do Coral Mais Educação. Após, haverá recitações do Folclore Brasileiro e, o carro chefe da noite, o lançamento do livro infantojuvenil “Pescando Histórias à Beira-Mar” de Daniel Libardi. O autor, que é formado em psicologia, transferiu anos de pesquisa sobre memorias psicossociais e a reconstrução sócio-histórica do nosso munícipio para sua mais recente obra.
Para encerrar, haverá uma roda literária musical em comemoração aos 45 anos da Biblioteca Pública Municipal da Serra, com a participação de poetas, escritores, compositores, seresteiros, violeiros e músicos para brindar toda à comunidade.

O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer através do Sistema Municipal de Bibliotecas.

DIRETOR MARCOS VERONESE ESCOLHE ELENCO PARA O FILME "O PÁSSARO DE FOGO".




Nesta segunda, 29, e terça-feira, 30, de 8h às 12h, o diretor e roteirista Marcos Veronese estará na Escola Técnica Municipal de Teatro (FAFI) para escolher atores que atuarão no filme “O Pássaro de Fogo”.

A obra audiovisual vai retratar a lenda cariaciquense que envolve os montes Moxuara, em Cariacica, e Mestre Álvaro, na Serra, e fala sobre o amor proibido entre dois jovens índios, que tinham a ajuda de uma ave misteriosa para se encontrarem.

De acordo com Marcos Veronese, todos que estiverem interessados e se acharem aptos para os papéis, podem participar do teste. Quem for ator ou já tiver participado de algum trabalho como ator, pode levar o currículo. O teste será feito para a escolha de todos os personagens que farão parte do filme.

O filme será financiado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura de Cariacica “João Bananeira”. A previsão de acordo com Marcos é que as primeiras imagens sejam filmadas já no final do mês de novembro. “As locações ainda estão sendo escolhidas, mas adianto que o filme será gravado em Cariacica”, revela.


Escola Técnica Municipal de Teatro – Fafi
Endereço: Avenida Jerônimo Monteiro, nº 656, Centro de Vitória

Contato
Marcos Veronese
Telefone: (27) 9294-9672


A Lenda do Pássaro de Fogo

"Há muito tempo atrás, uma belíssima princesa indígena e um belo jovem índio guerreiro de tribos inimigas se apaixonaram perdidamente. Aumentou, por isso, a rivalidade entre as tribos.

O cacique pai da princesa ficou muito zangado quando soube do romance de sua filha com o inimigo. Ordenou que o feiticeiro da sua tribo perguntasse aos oráculos se o amor dos dois era sincero. Os oráculos responderam que o amor entre eles era mais do que sincero, era eterno.

Em consequência disso, foram estabelecidas rigorosas divisas entre as terras ocupadas pelas duas tribos, terras dos atuais municípios de Cariacica e Serra. Mas nada impedia o jovem casal apaixonado de se encontrar.

Desesperado, o cacique ordenou que seus melhores guerreiros cercassem a tribo, não deixando o guerreiro inimigo se encontrar com sua filha. No entanto, não há amor sem esperança, e como o jovem índio amava muito a princesa, esperou.

Numa tarde, ele encontrou na floresta, uma ave misteriosa. Ele a seguiu até o alto de uma colina. Logo em seguida, a ave alçou voo para a tribo da princesa, conduzindo-a até outra colina, próxima de sua tribo. Os dois então podiam se ver. A índia cantava e a delícia da sua voz chegava ao eleito do seu coração. Continuaram, assim, se vendo todos os dias.

Até que o malvado cacique ficou sabendo que sua filha continuava se encontrando com o inimigo. Furioso, ele ordenou que o feiticeiro transformasse os dois apaixonados em pedras quando se encontrassem novamente. Além disso, mandou transformar a ave numa bola de fogo. Assim aconteceu. No dia seguinte, a princesa índia e o jovem guerreiro foram transformados em rochas. O jovem guerreiro se tornou o Monte Mochuara, localizado em Cariacica, e a princesa, o Mestre Álvaro, localizado na Serra.

Mas o cacique e o feiticeiro não sabiam que a ave misteriosa era uma fada encantada. A ave amiga, transformada em uma bola de fogo, serve desde então, de mensageira entre os dois apaixonados, e com uma mágica, faz com que uma vez por ano, na noite de São João, os dois tomem forma humana e, de modo invisível, se encontrem."

(Do Manual de Atendimento ao Turista de Cariacica)

LICENÇA PARA CONTAR: TATIANA BRIOSCHI




TATIANA BRIOSCHI, poeta e contista, é capixaba de coração e escreve desde os 10 anos. É formada em comunicação pela UFES e representou o Brasil em Tóquio no concurso cultural Miss e Mister Universitários Internacional, ganhando o concurso. Participou do livro da SECUL "Edital de Contos" e lançou os livros "Vila Velha Mundo" e “Se os desse a você - poemas” (virtual), assim como dois concursos de contos pela internet. Tem incursões em várias áreas, como teatro, cinema e dança, além de ter vários poemas seus publicados no DIO-ES. Sua temática tende a observar os fatos do cotidiano, a realidade social.  Confira, abaixo, a terceira parte do conto “A enseada e a vendedora”:  

A ENSEADA E A VENDEDORA (3ª parte)

[...]

Decidi então ensinar português a um grupo de cinco pessoas utilizando uma salinha ao lado do depósito, que fora o cheiro de podre deu um bom lugar para as aulas, e assim fiquei por vários meses mas ao chegar no adjunto adverbial já estava entediada e então comprei passagem ferroviária só de ida para Constantinopla (que na estação descobri havia mudado de nome para Istambul) e pus-me a caminho. Havia comprado assento de segunda classe e lá pude observar as inúmeras brigas de casais por motivos banais, o que  causou-me pena, pedi licença e intrometi-me nas brigas tomando partido hora de um, outra de outro, até que os casais já vinham naturalmente a mim antes de brigarem efetivamente para pedir-me conselhos. Estes aconselhamentos matrimoniais continuaram por toda a viagem e combinei com o bilheteiro para trazer outros casais da primeira classe para aconselhamentos também. 

O  bilheteiro, embora meio lento, era simpático, e começamos a flertar involuntariamente até que nosso romance tornou-se inevitável e terminei a viagem entre beijos e abraços. Em Istambul vivi com o bilheteiro, que trocou de emprego para  ficarmos juntos, por felizes quatro meses e meio, tempo suficiente para descobrir nossa incompatibilidade de gênios e nos separamos amigavelmente, tão amigavelmente que ele comprou-me um bilhete até Veneza. Parti acenando um lenço branco entre a fumaça da estação e deixei-o lá em pé com o boné no peito o que causou-me tamanho impacto que tomei doses cavalares de tranqüilizante para morrer. Acordei e fui para a Piaza San Marco dar milho e posar como suporte de pombos - e cocô de pombo - para os turistas.  Porém os excrementos eram tão ácidos que afetaram minha saúde e acabaram com minha fonte de renda e forçou-me a buscar outra saída. Ofereci-me em uma papelaria chique como revisora da carta fiorentina, meu portfólio corroborou muito devo dizer, no que fui aceita como trabalhadora autônoma por tempo provisório. Sentei-me na prancheta exposta para venda e trabalhei arduamente na carta e transformei as florzinhas azuis sem graça em orquídeas amarelas que combinaram perfeitamente com os delicados traços e os dourados, além de acrescentar alguns toques de bromélias laranja bem alegres só que em tamanho reduzido para ficar proporcional, o que na minha opinião ficou perfeito, na minha, porque o casal dono da papelaria achou horrível e exótico demais, o que obviamente discordo com todas as minhas forças, mas como eu era a parte fraca no acordo reuni meu portfólio e fui-me embora não sem antes reclamar na secretaria italiana do trabalho e exigir indenização por assédio moral. Como fiquei na rua da amargura não tive outra alternativa a não ser ficar nela e tentar sobreviver, o que foi possível vendendo balas de hortelã nos pontos de travestis brasileiros. 

Quando juntei algumas liras comprei uma passagem no expresso do oriente e embarquei na primeira classe, sendo recebida por um funcionário uniformizado e cheio de botões dourados, muito simpático por sinal, que durante toda a viagem serviu-me lautas refeições e deliciosas bebidas de frutas, se bem que gostaria de ter bebido umas caipirinhas mas desisti ao não encontrar cachaça mineira e açúcar de cana. Entre paisagens, refeições à luz de velas e passeios interessantes cheguei a Londres em um lindo dia de sol. Após correr um pouco no Hyde Park procurei emprego numa loja de chapéus e luvas no centro da cidade e comecei imediatamente. Parecia que nasci para a coisa pois nunca a loja vendeu tantos chapéus e luvas em sua vida de duzentos e dez anos o que
resultou em um quadro com minha foto como funcionária do mês, enchendo-me de orgulho. Porém eu não parava de espirrar e fui ao médico, que diagnosticou alergia ao feltro usado nas mercadorias, obrigando-me a pedir demissão  contrariada. Pelo menos recebi um bom dinheiro pela rescisão do contrato de trabalho e adquiri via internet um bilhete eletrônico para o Suriname, onde cheguei animada, hospedando-me no spa das especiarias que fazia tratamentos à base de pimenta, noz moscada, açafrão, erva-doce, cravo, tomilho, além de mel, chocolate e aveia. Minha pele ficou maravilhosa e comi do bom e do  melhor com poucas calorias e pouca gordura. Com os cabelos cortados e tratados, as unhas manicuradas, a pele macia e roupas de algodão cru saímos o pessoal do spa em grupo para o bar mais quente da cidade a fim de vermos e sermos vistos. Saboreando uma espiga de milho quase engasguei ao ver atrás de nossa mesa um homem perfeito, charmoso, bonito, e inteligente, como pude averiguar quando o pessoal da nossa mesa chamou-o para juntar-se a nós. Após conversarmos umas três horas ininterruptas estava cada vez mais admirada com aquele cara que tinha gostos tão familiares, jeito tão confortável. E quando olhei nos seus óculos escuros, que ele mesmo vendia, vi meu reflexo e com ele hasteei a bandeira da escola onde trabalho, uma acadêmica em Vila Velha como sempre quis.

Veja a primeira parte do conto “A enseada e a vendedora” no link: http://outros300.blogspot.com.br/2012/10/licenca-para-contar-tatiana-brioschi.html

E a segunda parte no link: http://outros300.blogspot.com.br/2012/10/licenca-para-contar-tatiana-brioschi_28.html

domingo, 28 de outubro de 2012

CRÍTICA DO SHOW 'KID ABELHA 30 ANOS'


Sábado passado a banda Kid Abelha esteve em Vitória fazendo seu show 'Kid Abelha 30 Anos Multishow' na Arena do Álvares Cabral e a equipe do Outros 300 esteve lá para conferir.  

Público maduro, porém animado!

O que se viu no Álvares foi uma união entre a turma da casa dos 30 com a molecada. A maturidade do público fez com que o ambiente do show transcorresse na maior paz, contudo na maior empolgação.

O bacana foi ver a molecada cantando os sucessos antigos da banda, enquanto os maduros também estavam com os novos sucessos do Kid na ponta da língua. Realmente o ambiente era muito agradável e propício a um grande show!


Inicio com músicas lado B deixa show morno

Engana-se quem pensa que quando uma banda faz estes show tributos a 10, 20 ou 30 anos de carreira que só super sucessos comporão o set list dela. Normalmente raridades (os famosos lados B), músicas que a banda gostou de cantar e não fizeram sucesso e músicas inéditas também fazem parte do pacote. E foram com essas músicas que a banda que iniciou seu show que, claro, ficou o mais morno possível. 'Amanhã é 23', 'Grand Hotel' e 'Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda' foram as excessões e o público respondeu cantando de forma uníssona os hits.


Paula mandou "soltar as frangas" e o show esquentou, e muito!  

Já tinhamos mais de 30 minutos de show quando Paula Toller deu o sinal: "Podem soltar as frangas" disse ela, mas quem soltou as frangas, ou melhor, os hits, foi o Kid Abelha. Logo de cara sucessos como 'Lágrimas e Chuva', 'Eu Só Penso Em Você', 'Alice' e 'Fixação' botaram a galera pra ferver. 'Eu Tive Um Sonho', a excelente 'Nada Sei', e 'Te Amo Pra Sempre' fecharam o show.

Bis pra quebrar geral

Logo após a banda sair do palco para voltar ao tradicional bis, o público proporcionou um belo momento cantando o refrão de 'Pintura Íntima' criando assim uma situação inusitada: A banda, já pronta pra voltar ao palco, teve de ficar ao lado dele para não quebrar o bonito momento. Quando finalmente voltaram eles tocaram os super sucessos 'Como Eu Quero' e 'Pintura Íntima' e fecharam com chave de ouro a noite.


Paula Toller e seu 'Gangnam Style'

Sem dúvida quem roubou a noite foi Paula Toller. Comunicativa, falou com a platéia diversas vezes, lembrando de shows e passagens anteriores pelo estado. Linda, vestida em uma blusinha e um short curto, ela mostrou estar com tudo em cima, principalmente a animação ao imitar o sul coreano Psy e sua inconfundível coreografia de 'Gangnam Style' durante a música 'Fixação'. Só ela valeu o ingresso! A banda volta ao estado em janeiro para shows em Guarapari. O Outros 300 indica sua ida a eles, pois será diversão na certa.