terça-feira, 30 de outubro de 2012

CLÁSSICO 'MEFISTO' É A GRANDE OPÇÃO DE TEATRO NO ESTADO NESTE FIM DE SEMANA

Jussara Martins/Divulgação

Espetáculo multimídia revisita a antiga lenda de Fausto e o pacto com o Mal, neste final de semana

A peça 'Mefisto', escrita e dirigida por Marcelo Ferreira, une teatro, dança e projeções visuais no palco

Se você ficar pela capital neste fim de semana prolongado a grande opção de teatro é 'Mefisto' super clássico dos palcos que chega até Vitória neste fim de semana. Uma antiga lenda alemã conta a história de um médico chamado Fausto, que teria feito um pacto com o diabo em troca de conhecimento ilimitado e uma vida de prazeres. Essa lenda tornou-se mais conhecida a partir do poema dramático "Fausto", do alemão Johann Wolfgang von Goethe, cuja primeira versão é de 1775 (a definitiva saiu somente em 1808).

O pacto do médico Fausto com o demônio, ou Mefistófeles, foi recontado de diversas maneiras por inúmeros autores. Além de Goethe, destacaram-se os também alemães Thomas Mann e seu filho Klaus Mann, autores de "Doutor Fausto" (1947) e "Mefisto" (1936), respectivamente.

O romance de Klaus serviu de base para o espetáculo "Mefisto", do ator e diretor Marcelo Ferreira, que estreou em 14 de outubro, durante o VIII Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória, e agora será apresentado no Teatro Carlos Gomes, neste final de semana. Além do livro de Mann, a peça faz referência também ao poema de Goethe e à obra homônima de Magno Godoy, coreógrafo capixaba falecido em junho de 2008.

Com ele, Marcelo Ferreira manteve a Companhia Neo-Iaô, responsável pela primeira concepção do espetáculo solo, encenado naquele 1987 pelo próprio Godoy. A nova montagem faz parte de uma série de homenagens ao companheiro de palco, iniciada em outubro do ano passado com a peça "Stultifera Navis – A Nau dos Loucos". "Do 'Mefisto' de Magno, só mantive a cena final, e assim mesmo apresentamos numa projeção em vídeo. Na época, ele fez ao vivo", conta Ferreira.

No romance de Klaus, que foi adaptado para o cinema em 1981, sob direção do húngaro István Szabó, um ator alemão ambicioso passa a interpretar peças de propaganda nazista e, com isso, torna-se popular na Alemanha. Ele então percebe que fez um pacto com o mal, nesse caso o regime totalitário de Adolf Hitler.

Jussara Martins/Divulgação
O ator Vinicius Cavatti participa da peça em uma cena de tortura

Cabeça
 
Na montagem de Marcelo, que assina o roteiro, a direção e atua, o personagem surge em cena como um "bobo da corte", em um ambiente de tortura e medo. Num pacto de sangue com o poder, ele vende sua cabeça. Literalmente. Há, inclusive, espaço para críticas à política local, com o traficante de cabeças perambulando pelo Palácio Anchieta projetado no palco.

"A peça é mais conceitual e está situada numa época de tortura. O ambiente em que a trama se desenrola é totalitário. A peça abre com uma cena de tortura, com participação de Vinicius Cavatti. Na sequência, várias cabeças aparecem em diversas situações, inclusive projetadas sobre a plateia."

O misto de teatro-dança com video mapping (técnica de projeção em terceira dimensão sobre qualquer tipo de superfície) é a novidade do espetáculo. "É a primeira incursão do coletivo PixxFluxx no teatro, e o resultado é interessante. Trabalho com a linguagem do teatro pós-dramático, em que o texto não é o mais importante. Há outros elementos que o compõem. O visual é muito forte, e o que não está no gesto, está nas imagens, na trilha sonora original."

Mefisto
Roteiro, direção e performance: Marcelo Ferreira
Quando: sábado (3/11) e domingo (4/11), às 20h30
Onde: Teatro Carlos Gomes, Praça Costa Pereira, Centro de Vitória
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Informações: (27) 3132-8398

Fonte: A Gazeta

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