sexta-feira, 17 de junho de 2011

TEATRO NACIONAL: “LEONOR DE MENDONÇA”, DE GONÇALVES DIAS



“Leonor de Mendonça” é uma das quatro peças que o poeta romântico Gonçalves Dias escreveu, data de 1846 e é considerada um dos primeiros trabalhos teatrais do Brasil. Nela, tem-se o bom e velho triângulo (ou “pseudotriângulo”) amoroso. As personagens principais são Leonor de Mendonça (Duquesa de Bragança), D. Jaime (Duque de Bragança) e Antônio Alcoforado. O Duque era nobre e desgraçado, pois queria tornar-se padre, mas por pressão social acabou casando-se com Leonor. A Duquesa também se casou sem amor e vivia um estreito círculo de relações sociais, vivia numa espécie de jaula. Convivia somente com Paula, camareira que lhe ouvia e dava conselhos. Alcoforado era um mancebo corajoso e dedicado. Vila Viçosa, onde a ação se passa, era um exílio para o Duque e sua esposa. A ação do drama é a morte de Leonor por seu marido, como indica o autor no prólogo da peça. O casamento do Duque era uma farsa. Um tratava o outro do modo mais cortês possível. Leonor era submissa, era quase uma escrava que fazia tudo por D. Jaime. Havia submissão até na fala da Duquesa. Tratava o marido como “vós” e Paula como “tu”, esta, na verdade, era o seu único vínculo social. Nota-se que o importante não é o cenário e sim a vida e o passado dos personagens. D. Jaime não tinha referência paterna, seu pai fora morto inocente. Gonçalves Dias usa várias técnicas de dramaturgia, como pôr a protagonista em companhia de um ser “socialmente inferior”. Além disso, todas as rubricas são curtas, geralmente pegam a cena anterior e acrescentam o personagem que entra na cena seguinte. O falso relacionamento é o centro da trama. Em um dado momento, o cortês Duque convida a esposa a ir a uma calçada e ela o acompanha. Essa é a cena principal. O marido não fica o tempo toda com Leonor, esta quase for morta por um javali. No entanto, Alcoforado, que há muito prestava atenção em Leonor, a salva do terrível animal. D. Jaime pressente uma tragédia, esse pressentimento de morte vai sendo incluído por diversas vezes, como “Édipo Rei”, em que Tirésias informa várias vezes a Édipo a tragédia que iria lhe acontecer. Alcoforado é submisso a Duquesa e por conta de ter a salvo, pede a oportunidade de declarar seu amor. Percebe-se que relação Duque - Alcoforado existe a gratidão mútua, já que ela a salvo e era um mancebo dedicado. Ela também o ama, como irmão, entretanto. Todos os personagens usam máscaras sociais, haja vista que Alcoforado tinha receio de revelar seu amor, e sendo jovem, queria ir à guerra a fim de obter honrarias. Gonçalves Dias questiona os costumes sociais da época em que se passa a obra e da sua própria época. Ao fim do texto, não se sabe ao certo se a Duquesa realmente traiu D. Jaime, pois em certos momentos Leonor dá esperanças a Alcoforado e em outros o reprime. O Duque era cioso, cruel e não podia perder sua honra, mesmo reinando a inocência da Duquesa, visto que ela se casou por causa de âmbitos exteriores e tinha uma “verdade interior”, o autor vai introduzindo “sinais de fatalidade” pelos comportamentos das personagens. Tanto o duque quanto o mancebo tinham “pressentimentos ruins” e sabiam que uma tragédia viria de qualquer forma.

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