Quem disse que a época de carnaval é destinada somente aos sambas-enredo? Nada disso. Pode haver espaço na sua cdeteca para Segunda pele novo trabalho de Roberta Sá que chega as discotecas do estado.
O samba entranhou em Roberta Sá (que bom). Até mesmo quando ela percorre outras sonoridades, vasculha novos territórios para fincar raízes, lá está ele mostrando que da essência não há como fugir. Ainda que Roberta escape do rótulo de cantora de um gênero só. Em “Segunda Pele”, Roberta apenas se permitiu caminhar por outras esquinas além de nosso ritmo-mor.
Roberta desbrava novas territorialidades, sem perder o destino. “O Nego e Eu”, de João Cavalcanti, é prova disso. Música da melhor estirpe, povoada por imagens e sensualidade. “Gosto de ser vista pelas festas/Ser guiada pelas frestas/Protagonista do sonho alheio/Gosto de deixar pelos lugares/Um punhado de olhares/Incendiados do fogo que ateio”.
Roberta manda bem em Segunda pele. Bom disco de samba.
A composição carrega ainda a verdadeira tradução do amor. “O nego/O nego/ O nego e eu/Ele é o grande amigo/Que o destino concedeu/Só tem sentido o nego e eu”. Enfim, é o samba sempre ali, guiando os caminhos.
Com 12 músicas, “Segunda Pele” tem sete músicas inéditas e cinco regravações. A escolha do repertório por Roberta teve como guia dois pontos especialmente. “Sem dúvida nenhuma, os compositores. Gravar o Rubinho Jacobina, João Cavalcanti, Moreno Veloso, Domenico Lancellotti , Quito Ribeiro, Pedro Luís, Lula Queiroga e fazer esse panorama do que, para mim, representa o melhor da música contemporânea, me interessava muito. Claro que alguns ficaram de fora. Mas tem sempre o próximo disco”.
Não sou muito fã de Roberta Sá, mas tenho de admitir que o disco é muito bom, fica a dica.
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