sábado, 14 de setembro de 2013

A BELEZA OCULTA NO NATURISMO


“EIS O MEU SEGREDO. É MUITO SIMPLES: SÓ SE VÊ BEM COM O CORAÇÃO. O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS. (Antoine de Saint-Exupéry em “O Pequeno Príncipe”)

A famosa frase de Vinícius de Moraes “As feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”, que até hoje causa controvérsias e críticas, pode ter lá suas razões bem fundamentadas, desde que possamos definir e esclarecer o que é beleza.

No campo da filosofia não há um consenso sobre a questão do que é beleza, os filósofos nunca concordam entre si a respeito de um possível conceito do belo. E mesmo entre os que acha ser possível concebê-lo, o modo de elaboração conceitual é muito divergente. (Evando Nascimento, formado em Letras e Filosofia, pós-doutorado na Universidade Livre de Berlim).

As indústrias da moda e cosmética aproveitaram o gancho do nosso famoso poeta para fazerem suas propagandas que dizem a verdade, mas nem toda a verdade. É passado para o público algo incontestável, no entanto, mais uma vez o sistema faz das pessoas umas marionetes que podem ser manipuladas. O resultado disso se chama “frustração”. Por quê? A frustração é a sombra da expectativa. Quanto mais se cria expectativa de algo não realizado, maior é a frustração do indivíduo. É o mesmo que viver no futuro, ele nunca chega, é uma ilusão.

Se não bastasse essa indefinição, existe ainda o sentido muito pessoal. A arte que vejo como bela pode não ser para o outro. Só isso já seria o suficiente para percebermos que vivemos num mundo totalmente ilusório e a própria ciência atesta isso. A nossa sociedade criou a ilusão do corpo perfeito e as pessoas se sentem ofendidas quando são colocadas como velhas. Alguns países orientais a velhice é sinônimo de sabedoria e belo, se as julgarem novas é que será uma ofensa.

Fica muito nítido que quando os valores são trocados distorções acontecem. O Laércio Júlio da Silva em seu artigo “A Beleza que Ameaça a Juventude”, publicado no Jornal “Diário da Manhã” em 01/08/2009 já chamava atenção sobre esse assunto dizendo: “O fato é que não podemos deixar crescer uma geração apegada a valores fúteis vitimada por uma paranóia que não é inerente à da vontade de viver do jovem”.

 A natureza adora se ocultar, esse é o jogo. A natureza é como as raízes das árvores, ela fica na profundidade do solo – o mais essencial está oculto. Nunca considere que a árvore é o mais essencial. Ela é apenas a periferia de onde vêm as flores, folhas e frutos. A árvore verdadeira existe no subsolo, no escuro, se cortar as raízes tudo desaparece. Caminhe em direção ao ser, ao centro, à própria base. Procure sempre as raízes, e não se deixe enganar pelas folhagens – Se uma pessoa é bonita na superfície, você se apaixona; você se apaixonou pela folhagem. Mas a pessoa pode não ser bonita por dentro, ela pode ser absolutamente feia – e você caiu na armadilha (Osho – A Harmonia oculta).

Algumas pessoas entendem que o Naturismo é tirar as roupas, não é nada disso, nem mesmo uma negação da sexualidade. É, na verdade, um modo sutil de expor o que está oculto, de expor a Divindade existente em cada um de nós. “Deus está se ocultando na flor. Se você simplesmente perceber a flor, errará o alvo”.

A beleza do Naturismo está oculta, a natureza não é exibicionista. Isso deve ser bem compreendido para que possamos desenvolver a percepção e assim encontrar o real sentido de que a beleza é realmente fundamental porque é algo que parte do nosso íntimo. Só podemos ver o mundo bonito quando nosso interior consegue ver a beleza de toda a existência, que não fala e diz tudo, não julga nem condena, simplesmente mostra, e é assim que vivemos o sentido do Naturismo, só pode ser visto com o coração.

(Texto de Evandro Telles)

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Evandro Telles (evandro.telles@terra.com.br) é escritor e lançou os livros: “Verdades que as roupas escondem” (2009), “Naturismo – Um Estilo de Vida Transformador” (2013) e “Naturismo – Um Corpo Não Fragmentado” (2013).

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