segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

LITERATURA POLICIAL GANHA MAIS ESPAÇO NO MERCADO EM 2014.



Dois bons anos para a literatura policial, que atrai uma legião de fãs, é festejada no mundo inteiro e que ainda é considerada por alguns como um gênero menor, de entretenimento: o que está terminando e o que virá

Em 2013, ela chegou às finais de importantes prêmios, ganhou um festival e inspirou um grupo editorial a criar uma editora para se dedicar exclusivamente ao gênero. Para 2014, a lista de lançamentos está repleta de livros de mistério, de tribunal, de detetive, suspenses, thrillers, etc. 

A realização da segunda edição da Pauliceia Literária, criada este ano pela Associação dos Advogados de São Paulo e que trouxe nomes como o advogado e escritor Scott Turow (25 milhões de exemplares vendidos no mundo), ainda é incerta e é mais provável que só ocorra em 2015. Mas há no horizonte de 2014 a realização de um festival de filmes e romances policiais nórdicos, com curadoria do finlandês Pasi Loman, dono da agência literária Vikings of Brazil.
Loman conta que o gênero não chama mais só a atenção de editoras já conhecidas pelo investimento em policiais, como Record, Rocco, Suma das Letras e Companhia das Letras. De acordo com ele, nos últimos 18 meses, editoras de pequeno e médio portes começaram a testar o mercado. “Elas estão conseguindo comprar títulos incríveis de autores de grande sucesso internacional que as grandes editoras também gostariam de publicar, mas que não o fazem porque não têm espaço no catálogo”, conta. E dá alguns exemplos. “A Amarylis publicou o ótimo Queimado, de Thomas Enger; a Nova Alexandria comprou três títulos de Torsten Pettersson, Arnar Ingolfsson e Karin Alvtegen, que eram editados pela Record, e a Autêntica comprou títulos de autores que já venderam milhões de cópias, como Leena Lehtolainen e Gunnar Staalesen.”
O grupo mineiro Autêntica, aliás, fez um grande investimento na área ao inaugurar, em agosto, a Vertigo. De lá para cá, foram lançados sete títulos, todos de autores desconhecidos ou pouco conhecidos do brasileiro, e esse ineditismo é uma das apostas do diretor Arnaud Vin.
Uma curiosidade: em novembro, Pierre Lemaitre, de 67 anos, um desses “novos” autores, era anunciado o vencedor do prestigioso Goncourt por Au Revoir là-haut enquanto outra obra dele, Vestido de Noivo, saía da gráfica aqui. Dele, a editora lançará, em 2014, Cadres Noirs, um livro violento sem nenhuma gota de sangue, na explicação de Vin.
“A Vertigo, hoje, é articulada em torno de três vertentes: o policial histórico, o policial escandinavo, ou scandi crime, e o thriller”, conta o diretor. Entre os lançamentos do próximo ano estão O Assassino e o Profeta, de Guillaume Prévost, ambientado na Jerusalém do século 6; O Enigma da Rua de Blancs-Manteaux, de Nicholas le Floch;Indesejadas, de Kristina Ohlsson; Arrivederci Amore, Ciao, de Massimo Carlotto, entre outros.

O ano de 2013 foi de surpresa para a Rocco, editora do best-seller John Grisham e de Benjamin Black, pseudônimo de John Banville. Ela apostou no romance O Chamado do Cuco, do estreante Robert Galbraith. Antes de lançá-lo, em novembro, a verdadeira identidade do autor foi revelada e a tiragem, que poderia ter sido de 3 mil exemplares, saltou para 125 mil. Pudera, era a estreia de J.K. Rowling, de Harry Potter, no romance policial. Ela, ou Galbraith, prepara um segundo livro, que também está na programação da Rocco para 2014.
Outra aposta da editora é a britânica Sophie Hannah, de 42 ano, considerada a herdeira de Agatha Christie. Sairão pelo menos três obras aqui: Hurting Distance, que deve ser a primeira, Kind of Cruel e Lasting Dammage. Vale dizer que ela foi a escolhida pelo espólio de Agatha Christie para dar continuidade às histórias do detetive Hercule Poirot, e trabalha nisso agora.

Entre os brasileiros com livros a serem lançados em 2014 está Patrícia Melo, também da Rocco, que pela primeira vez terá uma protagonista mulher, e o advogado carioca Raphael Montes, de 23 anos, finalista este ano dos prêmios São Paulo e Machado de Assis por Suicidas (Benvirá), que já vendeu, desde 2012, 5 mil exemplares. Ele não ganhou os prêmios, mas chamou a atenção das grandes editoras e terá seu segundo romance, Dias Perfeitos, lançado pela Companhia das Letras em maio. Que o leitor não se engane com o título da obra. “É um suspense de amor obsessivo sob a visão do psicopata estudante de medicina”, adianta.

Muitos clássicos também estão previstos para o ano. A L&PM lança 30 títulos de Agatha Christie (1890-1976) e a Globo prepara cinco lançamentos e três reedições da Dama do Crime. Já Raymond Chandler (1888-1959) estreia no catálogo da Alfaguara em outubro com The Lady in the Lake e The Long Goodbye.

Fonte: Maria Fernanda Rodrigues (Estadão)


Rubem Fonseca, autor de A Grande Arte e Lucia McCartney, é referência nacional no que tange a Literatura Policial.

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