segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PORQUE 2013 NÃO FOI O ANO DO ROCK NO BRASIL?

Lista com as 50 músicas mais tocadas no país e o rock, antes um dos ritmos favoritos dos brasileiros, aparece somente em 40º lugar com uma música do Charlie Brown Jr. provavelmente impulsionada pelas tragédias que acometeram a banda. O que aconteceu com o rock no Brasil? Porque o ritmo anda tanto em baixo? Confira uma matéria a respeito.

Por Leandro Reis

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Por que o rock está em baixa nas rádios?

Segundo pesquisa, o gênero teve a pior colocação entre mais tocadas em 14 anos


A notícia de que o rock teve o pior desempenho em 2013 nas rádios brasileiras, nos últimos 14 anos, não chega a estarrecer. Afinal, há tempos o gênero fica escondido frente aos hits do pop, do funk e do sertanejo, transmitidos em enxurradas pelas programações diárias. Mas a pesquisa divulgada pela multinacional especializada em monitoração eletrônica de rádio Crowley, que de melhor resultado para o rock trouxe um 40º lugar – com “Meu Novo Mundo”, da já extinta Charlie Brown Jr. –, levanta algumas questões sobre o acesso do estilo às emissoras e a sobrevivência das bandas que ainda apostam nele.

Não faz tanto tempo assim que as guitarras conseguiam um bom lugar ao sol no ranking das rádios. De 2000 a 2009, de acordo com a Crowley, todos os anos tiveram representantes roqueiros na lista das 10 mais tocadas. Em 2001, “Malandragem”, cantada por Cássia Eller, ficou em 3º. Seis anos depois, o NX Zero alcançou a mesma posição com “Razões e Emoções”. No ano passado, o Coldplay pescou a 8ª colocação. 

De lá para cá, o que houve? Por que o rock sumiu das rádios? Segundo Artur Roman, vocalista dos roqueiros do Esperanza, banda independente de certo destaque neste ano, a explicação, quase óbvia, vem da internet. “Hoje a internet tem uma força muito grande, principalmente com as bandas mais novas. Você pode divulgar o seu trabalho sem ajuda da rádio”, diz. “Antes, você tinha uma fórmula, que era fazer a música e lançar na rádio. Agora, os medidores são vários.”

Muitas dessas bandas, então, não passam necessariamente pela rádio para angariar público. O rock, ainda sob essência transgressora, consegue espalhar o som pela internet sem ajuda de gravadoras. Por isso, predominam artistas ligados a empresas na lista das mais tocadas.

Divulgação
Charlie Brown Jr., do cantor Chorão, morto em março deste ano, foi a banda de rock que teve melhor desempenho entre as músicas mais tocadas: o 40º lugar

Diversidade

O baterista Bacalhau, do Autoramas – banda há mais 15 anos no cenário roqueiro independente – reclama da dificuldade do acesso de seus pares às ondas da rádio. “Tem a ver com jabá: se pagar, toca. Gosto mais de rádio do que de internet, mas a programação não reflete a diversidade que a gente tem no país. Não gosto dessa monocultura que tentam nos empurrar goela abaixo. Por que tem que ser sempre mais do mesmo?”

Na mesma via do baterista, Artur Roman conta que o Esperanza, mesmo conhecendo programadores de algumas rádios de Curitiba, terra natal da banda, tem acesso limitado por lá. “Por ser independente, conseguimos chegar só até certo ponto na rádio. Não é o mesmo acesso de quem tem gravadora por trás.” 

Mais pedidas

Em seu blog no site “Yahoo”, Regis Tadeu, produtor musical e apresentador de dois programas de rádio, comentou o desempenho pífio do rock nas emissoras brasileiras. Segundo ele, o famoso ranking das “mais pedidas”, quando ouvintes decidem a programação, não existe. “Tudo cascata. As rádios não têm plataformas e tabulações para contabilizar sugestões dos ouvintes”, escreveu.

Com opinião diferente, Luciene Calegari, programadora musical da rádio Antena 1 de São Paulo, afirma que o ranking das preferidas do público existe. Inclusive, a lista das 100 mais pedidas deve ser divulgada pela emissora na próxima quarta-feira. No primeiro lugar, ficou “Just Give Me a Reason”, da artista pop Pink. 

“Este ano não tivemos muitos lançamentos expressivos de rock”, justifica Luciene. Segundo ela, o que predomina na programação de sua rádio é o topo das paradas internacionais, a exemplo da norte-americana “Billboard”. Mas, com a volta da roqueira 89 FM, ela diz que o rock deve retornar a posições mais dignas.

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