quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

CRÍTICA DO FILME 'OS PENETRAS'


Quando foi anunciado que 'Os Penetras' (Brasil, 2012) teria como protagonistas a dupla Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch criou-se uma grande expectativa: Que o filme seria um dos mais engraçados do ano e que selaria, definitivamente, os nomes de Adnet e Edu como dois dos melhores artistas de humor do país. A expectativa transformou-se em realidade? Confira agora na crítica do Outros 300.

Ontem fui um em meio à uma abarrotada sala de cinema (sessão das 21:30h de uma quarta-feira), ou seja, 'Os Penetras' realmente atraiu a atenção, e a expectativa, de muitos. A platéia, claro, estava pronta, diria mais, ávida, por gargalhar e se divertir e lhes digo: Saiu decepcionada.

Eduardo Sterblitch. Talento para o humor simplesmente desperdiçado no filme

Não que o filme seja ruim, ou cem porcento decepcionante, mas a verdade é que 'Os Penetras' é um filme para assistir, impávido, e forçar uma ou outra risada bem de vez em quando. Pegar Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, dois caras que nos matam de rir na TV, e colocá-los numa estória onde o humor não é rasgado é um desperdício e (uma das) incoerências do filme.

Críticos especializados acertam em cheio: O roteiro matou o filme!

Aliás, digo mais, não que o roteiro tenha matado o filme, pois a verdade é que parece que nem sequer havia roteiro, isso sim. O esquema inicial do filme era promissor: Um típico malandro carioca (Adnet), um atrapalhado ingenuo (Edu) penetrando nas melhores festas de um Rio de Janeiro pré-Reveillon, pareciam ser um roteiro infalível. Parecia...

Dois malandros... Num Rio pré-Reveillon... Infalível não é? Nem tanto.

O que se viu dali em diante foi uma sucessão de cenas que não haviam ligação uma com a outra, piadas e esquetes forçadas e descoladas da trama original, participações especialíssimas desperdiçadas, e atuações abaixo do que se esperava do elenco. 

Mariana Ximenes. "Segredo" sobre a Laura de Beto seria desvendado até por uma criança de 6 anos. 

A trama começa quando Marco Polo (Adnet) salva Beto (Edu) de uma tentativa de suicídio e este, agradecido, "cola" em Marco que, por fim, devidamente remunerado, claro, decide ajudá-lo a reconquistar Laura (Mariana Ximenes, razoável no papel), seu grande amor que o largou.

Daí em diante Marco, Beto e Nelson (Stephan Nercessian, super canastrão) invadem duas festas, isso mesmo, duas festas! Mote suficiente para batizar o filme de "penetras". Depois da invasão a primeira festa o filme perde o fio da meada. Não se sabe se o foco está na tentativa de Beto reconquistar Laura, em Marco conquistar Laura (previsivelmente ele também se apaixona por ela) ou em alguma outra coisa que a gente não conseguiu compreender.

Stephan Nercessian. Canastrão, como sempre.

Participações especiais (como de Andreia Beltrão, Eduardo Dusek, Miele, Luiz Gustavo e Suzana Vieira) são despejadas sem o menor critério e utilidade. Cenas desnecessárias são extensas (como, por exemplo, a de Beto chorando de tristeza num ônibus. Pra que num filme de humor?) e outras, importantíssimas (como cenas que ligam uma estória a outra), são deixadas de lado. Se você for assistir o filme, a última cena, num avião, expressa tudo o que acabei de lhes escrever: Solta, desnecessária e inverossímil.

Suzana Vieira e Miele. Participações especiais desperdiçadas.

Decepção você tem seu nome: Marcelo Adnet!

Um roteiro terrível e uma direção omissa fizeram sua grande vítima: Marcelo Adnet. Reconhecidamente um excepcional comediante, Adnet mostrou-se um péssimo ator. Tendo de interpretar um personagem sério, sem tiques ou características salientadas, Marcelo fracassou retumbantemente. Nem sequer o fato de ser carioca, conseguiu fazer o ator interpretar... Um carioca. 

Marcelo Adnet. Segunda decepção no cinema neste ano.

É estritamente necessário a Adnet fazer um outro filme para apagar a péssima imagem deste (e do horrível 'Agamenon') e acho que ele deveria sepultar a vontade de fazer um trabalho não humorístico. Pelo menos por enquanto.

Eduardo Sterblitch salva o filme.

Onde Adnet pecou, Edu achou a sua interpretação. Se Marcelo optou por fazer um personagem sério, Sterblitch usou e abusou de suas caretas, caras e bocas, para dar vida ao atrapalhado coprotagonista. As exatas cinco vezes (fiz questão de contar) que o público riu (particularmente acho que forçando umas duas vezes) foram por causa de Edu. Sterblitch tem muito futuro no cinema, principalmente se for em comédias pastelões.

Edu. Poucas risadas foram ocasionadas por piadas ou cenas feitas por ele.

Panorama geral. Filme para passar o tempo.

Paradoxalmente a tudo que escrevi não acho que o filme deva ser execrado nem nada disso. Até o indico para quem quer passar o tempo. Só saliento que o filme não é engraçado e se você for ao cinema esperando gargalhar daí sim irá se decepcionar redondamente.

Agora... Cá entre nós, já vimos - e demos uma puta bilheteria - a coisas gringas bem piores. Então que damos uma chance a um produto nacional (mesmo que meia-boca). Vá ao cinema, tire suas conclusões, mas que o filme não é engraçado, isso definitivamente não é. Uma pena...

4 comentários:

  1. Crítica perfeita, achei exatamente a mesma coisa, notei que muitas vezes as pessoas forçaram a risada por já irem com essa idéia...

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  2. O filme é ruim mesmo, a cena final do avião é ridícula quando vi aquilo pensei "quando que esse martírio vai acabar?", e ainda pensei "não seria ótimo se acabasse sem pé-nem-cabeça, como o filme inteiro", dito e feito.
    Roteiro não existiu, piadas que tem que fazer força pra rir.

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  3. Cenas dos erros e brincadeiras das gravações, apresentadas no final, durante os créditos, foram melhores que o filme

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  4. Um filme realmente não valeu a pena, fiquei muito chateado e pela primeira vez em um filme Nacional, sai durante o filme, sai de casa pra dar umas boas gargalhadas e acabei triste, uma pena, como um diretor pode pegar dois atores tão bons e transformar nisto ai, uma pena mesmo, não vale a pena, assitam em casa.

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