Premonição 5 = A Warner Bros. tem em Premonição uma franquia que, entre o primeiro e o quarto filme, lucrava mais a cada continuação. É compreensível que pequenos ajustes na fórmula sejam feitos para não perder esse público, e Premonição 5 toma duas medidas nesse sentido. Uma delas o espectador só vai entender na última cena, embora pistas sejam largadas ao longo do filme (como o modelo de celular usado pelo personagem de P.J. Byrne). É uma reviravolta interessante dentro da mitologia da série, que pode, em eventuais continuações, ser trabalhada para definir melhor onde começa e termina essa mitologia.A segunda medida é mais discutível. A morte continua perseguindo os personagens que sobrevivem ao enorme acidente que abre o filme - desta vez é a queda de uma ponte suspensa - mas aos condenados agora é permitida uma decisão moral: se eles conseguirem uma pessoa para morrer em seu lugar, livram-se da maldição. Isso aproxima o filme da falsa complexidade de Jogos Mortais, mas seria mesmo o melhor caminho para Premonição? O grande prazer de Premonição - especialmente nos filmes dirigidos com tom cômico por David R. Ellis - sempre foi tentar adivinhar de onde a morte virá, dentro de uma cena. Assim como sadismo puro, é também suspense puro, descomplicado: a faísca do fio desencapado que ninguém percebe, ou o caco de vidro cada vez mais próximo de um rosto. Em suma, apesar de alguns complexos, estima-se ser o melhor da série.
Missão madrinha de casamento = Kristen Wiig interpreta Annie, a madrinha do casamento de sua melhor amiga, Lilian (Maya Rudolph). Annie perdeu para a recessão seu pequeno negócio, não consegue manter relações estáveis com homens - e não tem o menor talento para despedidas de solteira ou chás-de-cozinha. Helen (Rose Byrne), a nova amiga de Lilian, por outro lado, é magra, linda, bem casada - e nasceu pra organizar casamentos.A rivalidade entre Annie e Helen desponta desde o começo de Bridesmaids e já mostra que aquelas relações de brodagem de Seth Rogen, Paul Rudd e Cia. são inviáveis no universo feminino. Os losers de Apatow são um poço de sinceridade ingênua, com suas declarações de amor entre si, enquanto as mulheres de Bridesmaids falam em códigos - quando mais doce a entonação de voz, maior o veneno. Obviamente, há companheirismo no decorrer do filme, mas o que move a trama adiante - e que gera o humor - são os arroubos de inveja. O roteiro escrito por Kristen Wiig e Annie Mumolo entende esse lado negro das mulheres - e ao final de Bridesmaids é impossível não pensar que a verdadeira "autora" do filme é Wiig. Ela é colocada em algumas situações masculinas típicas das comédias de Apatow - brincando de polícia na estrada, barbarizando com o carro - mas o que fica na memória, mesmo, é a cena em que ela enche a boca com um cupcake recém-assado, comido com um semblante sem culpa mas também sem muito enlevo (ao contrário das comédias românticas padrão, que sempre fazem as mulheres gemerem quando comem doces).
Sem saída = A saga Crepúsculo (Twilight) trouxe para o mercado um trio de protagonistas com potencial de estourar nas telas. Porém, enquanto o purpurinado Robert Pattinson e a deprimida Kristen Stewart preferem se jogar nos filmes menores, com temática mais dramáticas ou independentes, o descamisado Taylor Lautner tenta abrir seu caminho para os filmes de ação. Nem que seja na marra.Ele é a estrela principal de Sem Saída. Ele interpreta o adolescente esquentadinho que quer curtir a vida, mas não tem sequer coragem de falar com a sua vizinha (Lily Collins). O filme é um thriller de ação que envolve ainda um agente da CIA interpretado por Alfred Molina (Homem-Aranha 2) e, do outro lado, o ex-agente soviético, papel de Michael Nyqvist (Os Homens que Não Amavam as Mulheres).Mas rostos e nomes conhecidos não salvam um filme, como todos já sabem. E nas mãos de um diretor limitado como John Singleton ( + Velozes + Furiosos, Quatro Irmãos, Shaft), a tendência é só piorar. Como já é de costume nos filmes do cineasta, a ação é bem coreografada e emocionante, mas a história fica em segundo plano, com situações esperadas e saídas manjadas.Igualmente previsível é a atuação de Lautner, que aparece duas vezes sem camisa e limita toda a carga dramática de sua atuação nos atos de erguer e abaixar suas sobrancelhas. Mas nesta sua trilha para se tornar o próximo astro dos filmes de ação, Lautner copia quem dominou o gênero por quase 20 anos, Tom Cruise. Tal qual o astro de Top Gun, o adolescente dispensa os dublês na maior parte de suas cenas de ação, pulando, correndo e caindo enquanto mostra para quem quiser ver que é ele mesmo que está ali. É um diferencial, sem dúvida, mas não parece ser o suficiente para segurar um filme, muito menos uma franquia.Singleton obviamente discorda e já vem dizendo nas entrevistas recentes de divulgação do longa que uma sequência foi pensada durante as próprias filmagens. Apesar da temática do protagonista em busca do seu verdadeiro eu, Sem Saída não é um Bourne. Pode fazer dinheiro (muito dinheiro!) por causa das fãs de Crepúsculo, que vão se derreter no cinema a cada close, beijo mais forte ou jura de amor feita pelo adolescente, que já foi Shark Boy, mas está longe de ser um legítimo leading man de Hollywood. Quem sabe com um diretor mais competente ao seu lado... Bryan Singer já falou que gostaria de tê-lo escalado em X-Men: Primeira Classe...
Elvis e Madonna = Era uma vez um travesti chamado Madona e uma lésbica chamada Elvis. Madona (Ígor Cotrim) trabalha como cabeleireira no salão Divas, faz shows na noite e sonha em entrar em cartaz com um espetáculo fixo de drag queens. Elvis (Simone Spoladore) sonha em ser fotógrafa em tempo integral mas, por enquanto, trabalha como entregadora de pizza. Sua primeira tarefa como motogirl é uma entrega para Madona. Ela encontra a travesti chorando no chão da sala, logo após ter todo o dinheiro que economizou na vida roubado por João Tripé (Sérgio Bezerra), bandido com quem tinha um conturbado caso amoroso. Depois desse primeiro contato, não demora para que se apaixonem uma pela outra. O mais interessante da comédia romântica transviada Elvis e Madona (2010) é que, apesar do casal que foge ao normal (mas o que é o normal mesmo?), vemos expostos na tela os problemas universais de qualquer relacionamento, como o medo de entregar ao outro e amar, simplesmente. E, por baixo de toda a construção social trocada de gênero, Elvis e Madona nada mais é que uma história de amor entre um homem e uma mulher.No entanto, o diretor Marcelo Laffitte pesa a mão nas situações cômicas, cruzando a linha do escracho. E, enquanto isso funciona para os personagens de Maitê Proença e José Wilker, que fazem participação especial no longa, prejudica os personagens protagonistas em algumas cenas, que pedem mais seriedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário